Capítulo 17

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VEGAS



UMA ONDA DE CALOR, álcool e barulho me atingiu no segundo em que entrei na Verve.

Em minha defesa, eu realmente não tinha planejado ir à boate naquela noite. Não gostava de espaços lotados, de bêbados chatos nem de remixes que provocavam enxaquecas, coisas que casas noturnas tinham de sobra.

No entanto, enquanto executivo da Theerapanyakul Corporation e editor da Mode de Vie, a revista de moda e estilo de vida mais importante do mundo, era meu trabalho ficar por dentro dos locais mais badalados da cidade. Eu não estaria cumprindo meu dever à altura se não fosse conhecer a Verve, concorda?

O baixo grave do hit mais recente sacudia meus ossos enquanto eu abria caminho pela multidão. Para onde quer que olhasse, era confrontado por ruído e gente – mulheres com vestidos justos, homens com jeans ainda mais justos, casais dançando que mais pareciam estar fornicando. Nenhum sinal de Pet... de qualquer pessoa conhecida.

Não que eu estivesse procurando alguém em particular. Estava na metade do caminho para o lounge VIP quando uma moça esbarrou em mim e quase derramou sua bebida em meus sapatos.

– Opa! Desculpe! – disse ela com voz aguda, seus olhos brilhando de uma maneira que só poderia ser atribuída a drogas, álcool ou ambos. Ela agarrou meu braço com a mão livre e me encarou. – Nossa, você é bonitinho. Tem namorada?

– Que tal a gente procurar as suas amigas? – sugeri. Eu me libertei gentilmente de sua mão e a conduzi em direção às amigas que estavam no bar (facilmente identificáveis, já que todas usavam as mesmas faixas de despedida de solteira que minha admiradora). Chamei o barman.

– Uma garrafa de água para a senhorita, por favor.

Quando ele voltou, ela já estava ocupada tomando shots com um sujeito vestindo um terno Armani de péssimo caimento.

Duvidei que ela fosse beber a água, mas deixei-a lá mesmo assim. Ser a única pessoa sóbria em uma boate era como ser babá de uma sala cheia de estranhos.

Pedi um uísque para mim, já arrependido da decisão de ir até lá, quando uma voz familiar cortou o barulho.

– Vegas? É você? - Eu me virei, meu olhar encontrando o homem de cabelos castanho- claros brilhantes e olhos acinzentados. Meu rosto relaxou em um sorriso.

– Porchay, que surpresa boa. Não imaginava que você fosse do tipo que gosta de balada.

O esposo de KIM retribuiu meu sorriso. Objetivamente, ele era um dos homens mais bonitos que eu já havia conhecido. Parecia uma versão mais jovem da mãe, que fora uma das supermodelos brasileiras mais famosas dos anos 1990. Porém, apesar de ter aquela aparência – ou talvez por isso mesmo – e de ser casado com um dos homens mais ricos de Wall Street, um ar de melancolia sempre pairava ao seu redor. KIM era meu amigo, mas eu não ignorava seus defeitos. Ele era tão romântico quanto uma pedra.

– Não sou, mas o KIM está ocupado com o trabalho, e já fazia muito tempo que eu não tinha uma noite dos garotos... – Ele deu de ombros, um breve lampejo de tristeza cruzando seus olhos. – Achei que seria bom sair de casa. Deus sabe que já passo muito tempo lá dentro. Noite dos garotos. Uma semente de suspeita brotou em meu estômago, mas mantive o tom o mais casual possível.

– Você não precisa explicar nada. Eu entendo. – Fiz uma pausa e então perguntei: – Com quem você veio?

– Com o Porsche e os amigos dele. Nós nos conhecemos no baile de outono do ano passado e mantivemos contato. Quando ele ficou sabendo que eu não tinha planos para esta noite, me convidou para sair com eles. – Porchay inclinou a cabeça em direção ao elevador. – Quer se juntar a nós? Estamos com uma mesa no lounge VIP.

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora