Capítulo 40

68 13 4
                                    


PETE

O BARULHO QUE VINHA do restante do bar se transformou em um rugido abafado.

Vegas e Tawan. Tawan e Vegas. Aqui. Juntos.

O pensamento se repetia enquanto eu tentava processar a visão diante de mim. Eles ainda não tinham me visto – minha mesa ficava em um canto ao lado da entrada, e eles tinham ido direto para o bar sem olhar ao redor.

A tequila se revirou em meu estômago quando Vegas inclinou a cabeça e disse algo para Tawan. Eles estavam de costas para mim, então não pude ver a reação dele, mas os dois formavam um belo casal. A mesma elegância, o mesmo refinamento, o porte esbelto dela complementando perfeitamente o dele.

Uma ferida profunda reabriu, causando uma dor intensa em meu peito. Eu estava congelando, apesar do álcool e do calor humano no bar, e arrepios percorreram meu corpo em ondas minúsculas e incômodas. Tentei pegar meu casaco, mas meus braços estavam tão pesados e sem vida quanto blocos de concreto.

Porchay foi o primeiro a perceber meu silêncio e franziu a testa.

– O que houve?

A náusea prendeu minha resposta no fundo da garganta, deixando-me mudo, mas meus amigos foram espertos o suficiente para seguir meu olhar até o bar. O cabelo, a constituição física e as roupas de Vegas eram inconfundíveis mesmo de costas.

Um silêncio de perplexidade apagou nossa alegria.

– Podemos ir embora – disse Porsche após uma pausa longa e tensa. – Tem outro bar a algumas ruas daqui que parece legal, ou podemos voltar para Man...

– Não. – Finalmente recuperei o controle sobre minhas faculdades mentais. – Vamos ficar. Chegamos aqui primeiro e não tem... não tem motivo para a gente não ficar no mesmo ambiente ao mesmo tempo.

Nenhum motivo além da sensação de que alguém está golpeando meu coração com uma marreta. A cada movimento do corpo dele. Cada virada de cabeça. Um golpe certeiro após o outro.

Forcei o oxigênio a passar pelos meus pulmões contraídos. Vegas e eu tínhamos terminado. Quando terminamos, eu disse a ele que deveríamos sair com outras pessoas e que ele ficaria melhor com Tawan. Não tinha o direito de ficar bravo.

Ainda assim, vê-los juntos logo após nosso rompimento doía. Doía pra caralho. Thankhun fez sinal para o garçom.

– Mais uma rodada de margaritas, por favor – disse ele. – Extraforte. - Os olhos de Porchay estavam cheios de compaixão.

– É a primeira vez que você...?

Assenti, engolindo o nó na garganta. De todos os bares do mundo, ele tinha que entrar naquele.

Houve um tempo em que eu teria achado absurdamente romântica a maneira como o universo ficava nos aproximando. No momento, queria torcer seu pescocinho cósmico.

Tawan riu de novo de algo que Vegas disse, e eu não aguentei mais. Levantei-me abruptamente.

– Eu já volto.

Meus amigos não me impediram nem me seguiram enquanto eu caminhava depressa até o banheiro. Por sorte, ficava ao lado da nossa mesa, então não tive que passar pelo casal feliz no caminho até lá.

Meu coração batia forte, em um ritmo intenso e doloroso.

O que eles estavam fazendo no Brooklyn? Não fazia o tipo de nenhum dos dois. Eles estavam em um encontro ou tinham saído como amigos? Será que era a primeira vez que saíam ou mais uma de muitas?

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora