Capítulo 23

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VEGAS


POR MAIS QUE EU ESTIVESSE ANSIOSO para passar as festas de fim de ano com Pete, tínhamos mais um motivo para comemorar antes do Natal. Ele insistiu que juntássemos as duas coisas em uma só, mas eu não achava certo.


– É seu aniversário. Deve ser comemorado separadamente.


Passei os braços por sua cintura e apoiei o queixo na curva de seu pescoço com o ombro. Estávamos sentados na minha cama, as costas dele pressionadas contra o meu peito, nossos corpos relaxados e lânguidos depois da festa de aniversário que havia acontecido mais cedo naquela noite.

– Já comemoramos – disse ele com um bocejo. - Seus amigos tinham reservado um salão particular em um restaurante italiano exclusivo, seguido de uma experiência VIP em uma boate próxima.

– Não precisamos comemorar duas vezes.

– Esta noite foi ideia dos seus amigos. Não é a mesma coisa.

Porsche havia me convidado por educação, mas os amigos dele não sabiam de nós, o que significa que passamos a noite inteira agindo como meros conhecidos. Eu não podia beijá-lo, nem dançar ou falar com ele como queria. Mas Pete estava feliz, e era isso que importava.

– Faça um pedido – falei, fazendo um carinho preguiçoso em sua pele. Ele era tão quente e macio que eu era capaz de ficar para sempre ali, abraçado com ele. – Qualquer coisa. - Pete virou a cabeça para me olhar.

– Sério? Qualquer coisa?

– Café da manhã em Paris e jantar em Barcelona? Posso pedir que preparem meu jatinho para daqui a uma hora. - A risada roçou meu peito.

– Vegas, nós não vamos para a Europa amanhã.

– Eu sei. Iríamos hoje à noite. - Ele se afastou para me encarar de frente.

– Pare com isso. Também não vamos para Paris esta noite. - Minha boca se curvou com a descrença estampada no rosto dele.

– Por que não? É final de semana.

Era egoísta da minha parte, mas eu queria todos os seus sorrisos e risadas só para mim. Como isso não era possível, me contentaria em fazê-lo sorrir o máximo que pudesse. Seus amigos tiveram sua vez, agora, era a minha.

– Chegaríamos lá a tempo de comer croissants no café da manhã e dar um passeio em Montmartre. Poderíamos ficar olhando as pessoas, folhear livros da Shakespeare and Company, fazer compras nos brechós de Le Marais...

Fiz uma descrição sedutora de Paris, minha expectativa já aumentando com a ideia de escapar um fim de semana. Sem olhares indiscretos, sem regras inquebráveis. Apenas nós dois, curtindo a cidade juntos. A expressão de Pete vacilou por uma fração de segundo antes de se consolidar em recusa.

– Tentador, mas quero outra coisa. Uma coisa mais normal.

– Tipo uma apresentação privada no Lincoln Center? Isso era ainda mais fácil do que ir para a Europa.

Não. – Os olhos de Pete brilharam com malícia e foi então que eu soube, sem sombra de dúvida, que havia cometido um erro terrível. – Eu quero ir para Coney Island.




PETE


LOCALIZADA NO EXTREMO SUL do Brooklyn, entre Sea Gate e Brighton Beach, Coney Island era conhecida por seu parque de diversões, suas praias e seu calçadão. Durante o verão, fervilhava de gente, mas no inverno os brinquedos não funcionavam e a região se transformava em uma cidade fantasma.

Um Rei Teimoso - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora