Capítulo 9

170 29 18
                                    

Na manhã seguinte, Neil estava exausto. Ele não tinha dormido nada na noite passada e sentia isso. Ele se arrastou até a cozinha quando alguns dos outros se levantaram e mal conseguiam enxergar através de olhos cansados e embaçados.

— Café… – Neil murmurou, encostando-se no balcão.

Nicky riu dele.
— Está no balcão.

Neil piscou algumas vezes para o balcão ao lado dele e eventualmente conseguiu ver uma cafeteira. Ele pegou uma caneca do armário e agarrou a cafeteira, mas então ela foi subitamente tirada de suas mãos.

Ele olhou para a esquerda e encontrou a cafeteira agora nas mãos de Andrew. Ele esfregou os olhos e colocou a caneca no balcão.
— Hm?

Andrew revirou os olhos.
— Não confio em você para servir isso nesse estado.q

Neil apenas deu de ombros e esperou Andrew servir para ele. Então ele pegou a caneca e tomou um gole agradecido. Ele olhou ao redor da sala para ver que eram apenas Nicky e Andrew até agora. — Como vocês conseguiram dormir? Eu estava muito nervoso…

— Andrew não dormiu – respondeu Nicky. – Ele não fez isso, para que nós pudéssemos.

Neil franziu as sobrancelhas, confuso.

Nicky se explicou:
— Faz parte do trabalho do alfa proteger sua matilha, especialmente depois de uma noite como a de ontem. A matilha inteira não pode ficar sem dormir se quiser sobreviver, então o alfa geralmente fica acordado para que a matilha possa descansar.

Neil virou-se para Andrew.
— Como é que você não parece morto então?

Andrew deu de ombros.
— Acostumado. Além disso, já tomei cafeína.

— Mas isso não pode ser saudável – Neil franziu a testa.

— É só parte da descrição do trabalho –  Nicky sorriu, obviamente achando fofo o quanto Neil estava preocupado.

Neil não achou fofo.
— Da próxima vez que você for ficar acordado, me diga e podemos nos revezar para ficar acordados. Eu não dormi de qualquer jeito, então é melhor fazer com que nós dois não fiquemos privados de sono de manhã.

Andrew olhou para ele por alguns segundos. Então ele desviou o olhar.
— Ótimo.

Nicky pareceu surpreso com seu acordo, mas Neil ignorou. Ele tinha conseguido o que queria  se algo assim acontecesse novamente.

– –

Neil encontrou Andrew mais tarde naquele dia, quando ele estava se sentindo mais acordado. Ele o encontrou na varanda, sentado nos degraus, fumando um cigarro. Neil sentou-se ao lado dele e olhou para as árvores ao redor deles. Ele respirou fundo, o cheiro de fumaça era mais pronunciado do que o normal, mas os tons de café caramelizado e menta ainda estavam lá.

— Você gosta tanto assim do cheiro de fumaça? –  Andrew olhou para ele.

Neil deu de ombros.
— Isso e seu cheiro.

Andrew desviou o olhar ao ouvir isso.

— A fumaça me lembra minha mãe – disse Neil por fim.

— A mulher que fugiu com você – disse Andrew, não exatamente uma pergunta.

Neil assentiu.

Eles ficaram em silêncio por um tempo.

Então:
— Eu fui passado de bando em bando durante toda a minha infância. Ninguém nunca quis ficar comigo. Eu era muito quieto, muito bravo, muito violento, não me conectava bem com os outros. Havia apenas um bando com o qual eu queria ficar, mas não era seguro para mim fazer isso.

Os seus aromas - All for the gameOnde histórias criam vida. Descubra agora