Elas seguiram para um dos restaurantes favoritos da jogadora, um lugar aconchegante e discreto, com uma decoração rústica que misturava madeira escura e detalhes em verde, criando um ambiente acolhedor. O espaço era iluminado por luzes suaves, que pendiam de luminárias de ferro forjado, e deixava tudo mais íntimo e confortável.
O almoço foi recheado de risadas e fofocas. Entre uma garfada e outra, elas relembravam histórias engraçadas e comentavam sobre fofocas recentes. O clima era leve e descontraído, e as risadas fluíam naturalmente, misturadas ao som suave da música de fundo que preenchia o restaurante. As expressões de ambas se alternavam entre sorrisos largos e olhares cúmplices.
A comida era deliciosa, serviu como o acompanhamento perfeito para uma conversa que se estendeu sem pressa. As amigas aproveitaram cada momento, como se o tempo estivesse suspenso. Quando finalmente terminaram, saíram do restaurante com sorrisos satisfeitos, sentindo-se mais próximas do que nunca. A ginasta sentiu um pico de alegria após o almoço, com o estômago cheio e a companhia da pessoa que tanto ocupava seus pensamentos. Rebeca digitou o endereço do hotel onde ficaria durante sua estadia em Belo Horizonte. A mais alta até havia oferecido a própria casa como opção, mas a reserva já estava feita.
Ao chegar à rua do edifício, Gabriela deu uma volta no quarteirão procurando por um lugar para estacionar, mas todas as vagas estavam ocupadas. Frustrada com a falta de espaço, decidiu deixar a ginasta na porta do hotel enquanto continuava a busca por uma vaga.
A mais alta demorou poucos minutos até encontrar um lugar não muito longe do edifício. Estacionou o carro, tirou as bagagens de Rebeca do porta-malas e começou a caminhar em direção ao hotel. A entrada do hotel era elegante e moderna, com portas automáticas de vidro que davam acesso ao lobby espaçoso. O piso de mármore refletia as luzes suaves que iluminavam o ambiente, enquanto uma escadaria curta levava até a recepção.
Subindo os degraus que levavam ao lobby, a jogadora logo avistou a menor de braços cruzados, o pé batendo levemente no chão em um ritmo que traía seu nervosismo. Um vinco se formou entre as sobrancelhas de Gabriela, que acelerou os passos para entender o que estava acontecendo.
— Eu irei repetir para que fique claro para a senhorita – disse o recepcionista, um homem na faixa dos 45 anos, com expressão impaciente e claramente pouco feliz de estar ali. — Não é porque é "famosa" que vai ter qualquer tratamento especial. – fez as aspas com os dedos.
Rebeca soltou um som nasal de descrença.
— E onde eu tô pedindo algum tratamento especial? Eu tenho certeza que fiz essa reserva dois dias atrás. – pontuou.
Nesse momento, a maior se aproximou em passos cautelosos, notando que o clima estava longe de ser agradável. Seus lábios estavam pressionados, e ela podia sentir a tensão no ar.
O recepcionista, com um toque de deboche, virou o monitor na direção da ginasta, apontando para um espaço em branco na tela.
— Nenhuma reserva no nome de Rebeca Rodrigues de Andrade – declarou ele, com um certo sarcasmo na voz. — Sinto muito.
— O que tá acontecendo? – questionou a jogadora, hesitante, ao perceber que algo estava errado. Dois pares de olhos se voltaram para ela.
— Ele tá falando que eu não tenho reserva aqui, sendo que... – a ginasta se aproximou de Gabriela, mostrando o comprovante de compra na tela do celular. — Tá aqui o comprovante da reserva. – o homem suspirou impaciente.
— Pra mim, esse comprovante não significa nada, só posso liberar com o seu nome no sistema – respondeu o recepcionista, firme em sua posição.
A mais alta pegou o celular da mão de Rebeca, lendo atentamente as informações exibidas.
— Deixa eu ver, o endereço e a data estão certos... – começou a dizer, com feição concentrada, mas então sua leitura se interrompeu, os lábios tremendo ao segurar o riso. — Calma... 16 de agosto a 18 de agosto de 2025...? – deu ênfase.
A ginasta imediatamente colocou a mão no rosto, grunhindo levemente de vergonha ao perceber o erro. Seu rosto esquentou, e ela fechou os olhos por um instante, desejando que o chão a engolisse naquele momento. A jogadora não conseguiu mais segurar a risada, que escapou em uma explosão suave, enquanto o recepcionista apenas suspirava, visivelmente aliviado por não precisar mais discutir.
— Eu não acredito! Ai, que droga. Para de rir, Gabriela – tentou sussurrar discretamente, mas a mais alta continuou rindo, tentando cobrir a boca para abafar o som. A situação a divertia mais do que deveria, e isso só fez o rosto de Rebeca esquentar ainda mais.
Sem pensar duas vezes, a ginasta agarrou o braço da jogadora e começou a puxá-la para fora do saguão. Gabriela quase perdeu o equilíbrio enquanto carregava a mochila em apenas uma alça, a bolsa balançando em suas costas, e a mala no mesmo lado do corpo, pesando contra sua perna. Ela tentou se ajustar, mudando o peso de um pé para o outro, e soltou um riso abafado diante da situação desajeitada. Antes de sair, a menor virou-se para o recepcionista e agradeceu timidamente pela atenção, sem conseguir esconder o constrangimento.
— Eu... preciso... contar isso... pras meninas – disse a jogadora entre risos, tentando se estabilizar enquanto era arrastada.
— Precisa nada! Cadê o carro?! Não quero nunca mais ver aquele cara. Que vergonha! – murmurou a menor, ainda agitada.
— 2025, Beca? – a mais alta perguntou, recuperando o fôlego enquanto o momento absurdo voltava à sua mente. A ginasta respondeu com um pequeno tapa no braço, que não pareceu afetar a mais alta. — Como você conseguiu colocar 2025...? – Gabriela perguntou, ainda divertida.
— Não sei, me deixa! – grunhiu. — E agora? – a menor tateou a calça em busca do celular. — Eu preciso achar um hotel com reserva ainda pra hoje...
A jogadora parou por um segundo, soltando um suspiro longo, se recompondo.
— Ai... Você sabe que pode ficar lá em casa, né? Aí nem precisa se preocupar com hotel – sugeriu a mais alta. Rebeca hesitou por um breve momento, mas a ideia de passar mais tempo com a amiga parecia convidativa – mesmo que ela fosse chata e a fizesse passar vergonha em público. Um sorriso tímido apareceu em seus lábios.
— Tem certeza? Não vai te atrapalhar? – perguntou a ginasta, ainda com uma pontada de dúvida.
— Até parece. E é até melhor que você não vai depender de Uber, é mais seguro – respondeu a jogadora, tranquilamente.
Mesmo com a vontade de matar Gabriela, a menor sentiu borboletas no estômago ao ouvir o tom de preocupação na voz dela. Era um cuidado genuíno, algo que a fazia se sentir bem, quase aquecida por dentro. Enquanto Rebeca divagava sobre as sensações que a mais alta lhe proporcionava, um misto de confusão e conforto, a jogadora pressionou os lábios para não rir de novo. Ela notou o olhar distraído da amiga e, com um toque de diversão, apontou para o celular na mão da ginasta.
— Só não esquece de cancelar isso.
— Cala a boca, idiota.
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la vie en rose - rebi
ФанфикUm convite inesperado leva a bicampeã olímpica à capital mineira, onde ela descobre que a pessoa que tem ocupado seus pensamentos mais do que deveria pode, enfim, mostrar-lhe o significado de ver a vida em cor-de-rosa.