O coração de Gabriela batia tão rápido que ela sentia cada pulsação reverberar em sua garganta. Sua respiração estava descompassada, quase ofegante, como se não conseguisse mais controlar a quantidade de ar que entrava em seus pulmões. Cada vez que ela se movia um pouco mais perto, o calor da proximidade da ginasta irradiava sobre sua pele, provocando uma sensação quase sufocante. As unhas de Rebeca deslizavam suavemente pela extensão da nuca da jogadora, um toque suave, mas suficiente para enviar um arrepio intenso, fazendo com que todos os seus nervos ficassem em alerta máximo.
Os beijos molhados que a ginasta distribuía no ponto exato de seu pulso, bem no pescoço, onde Gabriela era mais sensível, espalharam uma corrente elétrica por seu corpo. O toque da menor era ao mesmo tempo delicado e cheio de propósito, despertando uma série de reações em cascata dentro da mais alta. E quando Rebeca pressionava o corpo desnudo contra o dela, o calor e a pressão causavam um turbilhão de sensações que Gabriela mal conseguia processar. Estava completamente dominada.
As mãos da mais alta, que estavam imóveis, hesitaram. Quando ela finalmente fez a menção de tocá-la de volta, buscando qualquer forma de aliviar a tensão que sentia, algo mudou. As sensações começaram a se esvair. O calor, que antes envolvia seu corpo de maneira quase sufocante, começou a diminuir. Os arrepios, que antes tomavam conta de sua pele, começaram a desaparecer como fumaça ao vento.
Quando Gabriela piscou, as sensações se dissiparam, a realidade voltou como um choque frio. O calor que envolvia seu corpo havia desaparecido por completo, substituído por uma estranha sensação de vazio e confusão. O peito ainda arfava, os batimentos continuavam rápidos, mas agora o que preenchia sua mente não era mais desejo — era pânico. A visão à sua frente não correspondia à intensidade que acabava de experimentar.
Rebeca estava a uma distância segura, longe de qualquer proximidade que pudesse justificar o turbilhão de emoções e toques que Gabriela havia sentido segundos atrás. O vinco entre as sobrancelhas da ginasta indicava preocupação genuína, e seus olhos a observavam com uma mistura de confusão e cuidado.
Que porra foi essa?
A mente da jogadora girava. Os toques, a pressão do corpo de Rebeca contra o seu, o calor... nada daquilo havia sido real?
— Gabriela? Você tá bem? – a voz dela soou preocupada, ecoando na mente da jogadora e trazendo consigo um pânico silencioso.
Gabriela tentou disfarçar, controlar a expressão para não deixar transparecer o caos que a consumia por dentro. Um leve tremor percorreu suas mãos, e ela cruzou os braços talvez para impedir que sua mente escapasse novamente para aquele lugar perigoso.
A ginasta, ainda com o olhar preocupado, deu um passo à frente, mas não se aproximou demais, respeitando o espaço.
— Gabriela? – insistiu, sua voz suave, mas firme o suficiente para puxar a mais alta de volta ao momento presente.
A jogadora forçou um sorriso tenso, tentando convencer a si mesma de que tudo estava bem, de que não havia perdido completamente o controle.
— Tô bem sim... Acho que caiu a minha pressão. – justificou, tentando transmitir o máximo de verdade possível, Rebeca ainda parecia desconfiada. — Tô bem, é s-sério. Só preciso... comer alguma coisa, vou continuar a janta. – sinalizou se direcionando para porta, e desviando do corpo dela, e saindo com uma certa pressa.
A vergonha tomou conta de Gabriela, lenta e corrosiva, como um veneno que se espalhava por dentro. O choque de ter fantasiado com sua amiga, de ter permitido que sua mente escapasse para um lugar tão íntimo, era insuportável. E o pior: tinha certeza de que ela havia percebido. A ginasta tinha notado algo, estava claro no olhar que lhe lançou. A jogadora sentia o pavor crescer ao imaginar o que Rebeca estaria pensando naquele momento.
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la vie en rose - rebi
FanfictionUm convite inesperado leva a bicampeã olímpica à capital mineira, onde ela descobre que a pessoa que tem ocupado seus pensamentos mais do que deveria pode, enfim, mostrar-lhe o significado de ver a vida em cor-de-rosa.