la vie en rose - rebi

expectativas

O sol já estava naquela fase dourada do dia, começando a se pôr lentamente no horizonte, pintando o céu com tons quentes e suaves. O clima havia esfriado um pouco, tornando-se mais agradável, o que só contribuía para a atmosfera daquele fim de tarde. O passeio no parque com Nadal já tinha virado uma rotina sagrada para Gabriela, era sempre feito religiosamente no final da tarde, a não ser que estivesse chovendo.

O parque, localizado em um bairro de alta classe, era bem arborizado, com árvores grandes e imponentes que projetavam sombras confortáveis sobre os caminhos. Havia uma abundância de flores coloridas em canteiros espalhados, que adicionavam uma fragrância leve ao ar, enquanto as folhas dançavam suavemente com a brisa. O parque estava bem populado naquela tarde, pessoas corriam, conversavam sentados nos bancos e outras também passeavam com seus cachorros.

As duas atletas caminhavam lado a lado, com Nadal na frente, guiando o caminho com a energia incansável. Seu pequeno nariz estava constantemente no chão, farejando tudo ao redor, enquanto o rabinho balançava freneticamente, denunciando sua alegria por estar em um passeio.

Durante o trajeto, Gabriela e Rebeca mantinham uma conversa leve. A menor comentou sobre o quão "low profile" a jogadora conseguia ser. A ginasta riu ao lembrar de como via pouquíssimos stories dela desde que começou a segui-la. Gabriela apenas deu um sorriso de canto e, com um leve encolher de ombros, respondeu que preferia se manter mais discreta nas redes sociais. A resposta foi vaga, e Rebeca percebeu isso, mas escolheu não insistir.

A conversa logo tomou outro rumo e, quando o tópico "pets" surgiu, as duas se engajaram em uma troca animada sobre seus cachorros. Rebeca foi a primeira a discorrer sobre seus "filhos", ilustrando a conversa com fotos no celular enquanto descrevia a personalidade de cada um. Com um sorriso no rosto, ela explicou que seus cães frequentavam uma creche canina quando estava ocupada, recebendo toda a atenção e carinho de que precisavam, além de contarem com um adestrador particular para garantir que fossem bem treinados. Gabriela não pôde deixar de sentir o coração aquecido ao ouvir sobre o amor e o cuidado que Rebeca dedicava aos seus cães.

Quando chegou a vez de Gabriela, seus olhos brilharam de entusiasmo, como se estivesse falando de um filho. Ela começou a contar sobre Nadal, relembrando o dia em que o adotou, suas principais travessuras e momentos divertidos. O relato ia desde os passeios no parque até as peripécias que o pequeno aprontava dentro de casa. Rebeca ouvia atentamente, rindo das histórias, e notou como Gabriela se iluminava ao falar de Nadal, o carinho e orgulho transparecendo em cada palavra.

— Mas ele é muito tinhoso, tô te falando — disse a jogadora, indignada com a descrença da amiga.

— Ai, eu duvido muito! — respondeu a ginasta, desviando o olhar para Nadal, que andava animado à frente, com um rebolar natural que era impossível não achar cômico. — Olha a bundinha dele, que gracinha.

— Vai indo nessa, foi assim que ele me conquistou também! — alertou a mais alta, arrancando uma gargalhada de Rebeca.

— Ai, Gabriela! Você é muito idiota — disse a menor, tocando o braço direito da jogadora e mantendo o toque por uns segundos. — Olha, até ele aprontar uma na minha frente, eu não vou acreditar.

— Vamo ver se vai pensar assim quando ele roer seu chinelo de madrugada. – retrucou provocativa. — Mas... eu amo esse pitoco, é o amor da minha vida. – disse deixando a brincadeira de lado, com a voz doce.

— Ele é uma graça mesmo. – sorriu.

As duas continuaram caminhando pelo parque, cortando alguns caminhos para evitar passar ao lado de muitas pessoas, em parte para evitar serem reconhecidas, em parte para aproveitar mais tranquilamente o momento. Quando chegaram a uma área mais aberta, com um banco disponível, Gabriela decidiu que era hora de soltar Nadal. Ela tirou a guia e, com um sorriso, puxou uma bolinha de tênis do bolso. Assim que o cãozinho viu o brinquedo favorito, começou a latir e a abanar o rabo com euforia, pulando de um lado para o outro, esperando ansioso.