la vie en rose - rebi

provocações

flashback – paris

pov gabriela

Ajoelhei no chão, focada em apertar cada laço dos cadarços. Depois de amarrar os dois tênis, me ajeitei na posição de alongamento, esticando as pernas para frente e inclinando o tronco, tentando segurar meus pés. Senti os músculos das pernas alongando e, por alguns segundos, me concentrei apenas nessa sensação de esticar e relaxar.

Estávamos voltando para a segunda bateria de treinos do dia, logo após o almoço. E que almoço... A informação de que Rebeca tinha me procurado para tirar uma foto me deixou sorrindo igual uma otária. Nesses momentos, me sinto uma adolescente que acabou de ser notada pelo seu amor platônico inalcançável, mas pelo menos me sinto feliz sabendo que ela também me admira de certa forma.

E o mais engraçado é que nem sei exatamente o que ela fez que, no meio de tudo isso, fisgou a minha atenção dessa forma. Não dá pra dizer que seja apenas a aparência dela, por mais que isso definitivamente some muitos pontos. Claro, ela é linda — única, até. Mas há algo mais profundo. Talvez seja a personalidade dela... Tão obstinada, resiliente, com uma força mental quase inabalável, como se nada no mundo fosse capaz de afetá-la. Isso me intriga. Essa mistura de uma beleza tão singular com uma força interna tão impressionante faz com que ela seja... diferente.

Fui despertada dos pensamentos quando senti algo gelado escorrer pela minha nuca, e o arrepio foi instantâneo, tanto pela surpresa quanto pela temperatura da água que escorria por dentro da minha camiseta de treino. Pulei, completamente assustada, e levei a mão para a nuca, sentindo o tecido úmido colar na pele. Uma risada espalhafatosa que eu reconheceria em qualquer lugar ecoou atrás de mim.

— Que susto, desgraçada! — me virei e me deparei com Thaísa, com um sorriso travesso no rosto.

— Isso foi por ontem. Achou que eu ia esquecer? — disse ela, e naquele instante me lembrei do susto que dei nela no vestiário. As luzes estavam começando a apagar e eu me escondi atrás de uma das paredes esperando ela vir, o susto foi tão forte que ela apertou com força a garrafinha de água que segurava e espirrou água para todos os lados. Nem preciso comentar que tive que correr pelo ginásio inteiro enquanto ela me perseguia feito um serial killer.

Quase morri.

Revirei os olhos, já sabendo que não adiantava argumentar.

— Que rancorosa... — murmurei, balançando a cabeça mas não consegui evitar o sorriso travesso.

— Nem um pouco, meu amor. — o sarcasmo escorria de sua voz enquanto ela me lançava um sorriso provocador. — Ficou feliz hoje? – me perguntou enquanto olhava algo atrás de mim, olhei por cima do ombro e notei que ela estava fazendo contato visual com Rosamaria, que se aproximava, e aquilo me deixou ainda mais confusa. Franzi o cenho, tentando entender.

— Uai, pelo o que? — perguntei, genuinamente perdida, ficando de pé.

— A sua fã número um, ein? — provocou, e dessa vez senti o sangue subir rapidamente para as bochechas. Lá vem. — Ela tava te procurando desde ontem pra tirar uma foto... Ui... Tá podendo, Gabi! – disse com o objetivo claro de me provocar, inconscientemente comecei a ficar envergonhada com as insinuações.

Revirei os olhos de novo, tentando disfarçar o constrangimento que já se manifestava no meu rosto. Rosa, claro, não perdeu a oportunidade de continuar a provocação.

— Teve uma hora que eu até pensei em pegar um guardanapo e limpar a baba que escorria enquanto ela ouvia a Rebeca falar do Mundial.

— Por que eu falo com vocês mesmo? — retruquei, tentando me desvencilhar das provocações.