- 𝕍𝕚𝕒𝕛𝕒𝕟𝕥𝕖𝕤 𝕕𝕠 𝕔é𝕦 -

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Capítulo XV

_No'ak_

Com o festival da primavera chegando era o dever do meu clã organizar os preparativos para os quatro dias de comemoração esse ano. Os demais clãs iriam aparecer e a presença deles transformava tudo em um misto de boas risadas, histórias compartilhadas, dança, música e orações.

A Yacy da tribo era minha mãe, Tarya e como líder espiritual, ela tinham que preparar o altar e decorar a árvore sagrada para o grande dia. Minha mãe tinha temperamento forte, era uma fêmea que não sorria muito, dedicada a família, rígida em alguns momentos e conselheira nas horas vagas. E em dias assim, ela retira o capuz de mãe do lar e se transforma em uma fera raivosa que apenas meu pai ,Bayfoor, pode domar.

- No'ak, onde está sua irmã? - quis saber Tarya.

Uma veia cresceu em seu pescoço enquanto ela se seguia com uma cesta de flores e engoli a seco temendo pela vida da caçula.

- Não faço ideia - falei, dando de ombro.

Tarya suspirou profundamente e fechou os olhos na esperança de se acalmar e naquele momento percebi que ela estava orando a grande mãe por paciência - pois se ela encontrasse a pequena R'nary, iria enterrá- la viva e deixar seu pescoço para fora da terra no quintal de casa e o pior, é que ela ficaria sem jantar.

- Se encontrá-la, diga que preciso de sua ajuda - avisou Tarya, com um sorriso cansado.

Concordei e me afastei. Estávamos no pátio central da tribo, onde costumávamos se reunir cedo para compartilhar o que era mais produtivo em seus lares, desde frutas e legumes, a tecidos, tinta, artesanato e ferramentas.

Em toda tribo na juventude, para se tornar um adulto responsável no clã e fazer parte da tribo, é dever passar pelo rito de passagem, o Iknimaya, são testes que vai medir o nível de habilidade, capacidade, força e inteligência e se tivesse algum talento, era enviado para fazer parte da divisão. A divisão era separada por grupos que juntos, formavam a base de todo clã em Zyra.

Os arrakis, eram responsáveis pela segurança, eram os guerreiros da tribo e trabalhavam junto com os rastreadores, uma dupla essencial. Eles protegiam o território de bestas, mantinham as plantações seguras, afastavam intrusos e neutralizavam ameaças.

Os Warrak, eram os marinheiros, excelentes pescadores que passavam meses fora da tribo e compartilhavam o melhor que os mares violentos de Bardor tinham a oferecer.

Os Zirath eram os habilidosos artesãos, aqueles que possuíam criatividade; com arte, invenções, bordados, bijuterias com pedras e ossos e técnicas de criação em massa.

Os Durin era aqueles que criavam armas a partir do ferro e da madeira, eram os criadores de tudo o que ajudava a matar e eram excelentes mineiros e ferreiros, mas possuíam uma habilidade única de enxergar luz nos túneis das montanhas e na escuridão.

Os Orelis eram os sábios, um grupo seleto de pensadores e escritores, responsáveis pela educação na tribo e por ditar as regras e as leis aos pequeninos.

E o chefe. O escolhido Moi'at, como era chamado, liderava de forma justa, compreensiva e em alguns momentos, poderia usar a força bruta se fosse desafiado, ele costuma governar sobre o clã junto com sua parceira a Yacy, a líder espiritual.

Ninguém quebrava as regras ou as leis, vivíamos assim desde as antigas canções e sobrevivemos dessa maneira, de geração em geração. Quando pequeno não entendia as regras, mas à medida que fui crescendo, pude perceber que não sair da trilha, garantia a sobrevivência da tribo e como filho do chefe da tribo, sempre me viam como exemplo.

Planeta dos bárbaros -Vol1Onde histórias criam vida. Descubra agora