Capítulo XX
🚨 Contém gatilhos e descrições de abuso, se você for sensível, pule para a segunda parte onde possui o símbolo ( ***) no capítulo.
Corri o mais rápido que pudia, sabendo que tinha poucas horas de vida — forçando o capacete quebrado a trabalhar dobrado para filtrar o ar mais depressa enquanto corria para me esconder e encontrar o esconderijo e minha arma.
No'ak havia ficado para trás e não me importei em deixá-lo, pois sabia que ele daria conta de derrubar dois Kal'el adultos — em menos de vinte quatro horas No'ak havia mostrado ser habilidoso com facas e um péssimo negociante — o que resultou em minha fuga quase nua no meio de uma floresta e alienígenas excitados a minha caça.
— Se eu voltar viva para sede, vou querer uma passagem só de ida para terra — resmunguei, sentindo a terra molhada e as plantas chicotear meus peitos em meio a corrida — Ah Liz, se seu sobreviver a isso eu juro por Deus que te mato .
Ouvi um rosnado e olhei para trás — uma silhueta azul e gigante chegou ao meu campo de visão, um dos Kal'el estava a minha procura— arregalei os olhos e entrei em desespero.
— Por Deus — resmunguei procurando um esconderijo — esse planeta é um completo inferno!
Em meio ao medo e à frustração, me escondi entre plantas altas e cipós e esperei que ele fosse embora. Fiquei em silêncio e tentei controla minha respiração, abraçando minhas pernas com força tentando ao máximo me manter camuflada e quieta.
— Cadê você, pequeno botão? — perguntou meu perseguidor, mancando de uma perna.
Meu sangue gelou. Por entre as brechas de meu esconderijo pude observar seu movimento lento do lado de fora, parando ao farejando o ar como um predador. Lágrimas silenciosas escorriam por minhas bochechas.
— Não vou te machucar — prosseguiu ele, com um sorriso cansado— vou guardar você só pra mim.
Quis gritar. Quis pedir por socorro. Mas as únicas palavras que gritavam na minha cabeça com persistência era: Vou morrer! Vou morrer!— Apareça — pediu ele, se aproximando do lugar em que eu estava— se você vier comigo, farei de você minha parceira.
Engoli a seco e minha pele se arrepiou, observei o desgraçado sair do meu campo de visão e um silêncio perturbador chegou aos meus ouvidos. Segundos de tensão e medo se passou como um flash.
— Será que ele já foi? — susurrei para mim mesma.
Um erro fatal. Arregalei os olhos e meu coração errou uma batida quando observei lentamente, dedos gigantes e azuis adentrar no meu esconderijo, apalpando a grama, os musgos e acaricio as pontas dos meus dedos dos pés. Olhei para cima e vi com descrente pavor um belo par de olhos grandes e brilhantes me encarando com desejo e vitória.
— Achei você — disse ele, baixinho e animado.
Gritei. E gritei alto, horrorizada. O Kal'el o, mais jovem do grupo que havia me sequestrado da segurança de No'ak, havia me encontrado e para minha infelicidade, ele estava ferido e com raiva. Gritei e me debati o máximo que podia —quando senti suas mãos agarrarem meu tornozelo com força, me arrastando.
— Me solta, me solta por favor! — pedi com os lábios trêmulos.
Ele me manteve firme no chão e se deitou por cima, cheirando meu cabelo e pescoço, gravando cada nota de perfume como um maluco —comecei a chorar em desespero.
— Quieta — pediu ele — se você falar ou gritar, eu te mato.
Contrai os lábios e deixei as lágrimas rolarem enquanto ele me tocava. Suas mãos grandes e fortes roçaram meu sutiã e ele apertou de leve um dos bicos e me encarou.
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Planeta dos bárbaros -Vol1
Science-FictionCom o passar dos anos a terra veio se transformando em um lar inabitável para os humanos, no entanto, com a descoberta do planeta alienígena ZYRA, vive o primitivo povo Kal'el com o seu ambiente tóxico, se tornou a salvação para nossa espécie. Ameli...