Capítulo XVIII
Ainda tinha cinco horas restantes de vida e para minha sorte, No'ak acredita que pode ter baterias que possam continuar fazendo meu capacete funcionar - entre os destroços de uma nave que caiu meses atrás, um pouco mais abaixo do rio. Não contestei seu plano de me guiar a um lugar que "talvez" possa prolongar minhas horas, mas aquela altura, tive que tentar de tudo.
Estávamos andando à margem do rio ,um pouco mais abaixo da cabana que nós conhecemos e de acordo com ele, não era muito longe. Mas tudo se complica quando se tem pernas curtas e um guia com o dobro do tamanho, pernas musculosas e habilidosas para caminhar na floresta - o que não era meu caso.
- Pode ir mais devagar? - falei exausta, suspirando com dificuldade.
No'ak estava a cinco passos a frente, ele parou, olhou sob o ombro e franziu a testa.
- Pode acelerar os passos? - retrucou ele, com outra pergunta.
Estava cansada demais para discutir ou jogar algo no alienígena insensível, então caminhei lentamente e me encostei na árvore mais próxima, recuperando o fôlego. No'ak cruzou os braços e se aproximou com um sorriso convencido.
- Todas as fêmeas da sua espécie sempre são assim? Preguiçosas ? - ele quis saber.
- Vai a merda No'ak - falei cansada.
Ele riu.
- Você é lenta e se cansa muito fácil - ele disse, soltando um suspiro desapontado- sua ferida não cicatrizou ainda, você demora demais a se curar e estamos perdendo tempo.
Fiquei pasma, nunca foi ridicularizada na minha vida e agora estava ouvindo isso de um idiota azul.
- Primeira regra de convivência com uma humana, No'ak - falei tentando manter a calma- Jamais irrite uma mulher e vai por mim, não vai querer me ver brava.
Ele segurou um riso e me olhou de cima abaixo.
- Vou tentar me lembrar disso - disse ele, com um sorriso de lado.
Suspirei e fiz uma careta ao passar a mão na perna, ainda estava muito dolorido.
- Como se sente? Está com dor ainda ? - perguntou ele, se sentando na grama para ficar na minha altura.
- Tem uma pontada de preocupação na sua voz ? - perguntei.
Ele arqueou uma sobrancelha.
- Não, apenas curiosidade - disse ele, como se meu ferimento fosse um pequeno arranhão.
Tentei não ficar chocada com sua falta de sensibilidade com meu estado, por isso fiquei quieta e irritada, se estivéssemos perdendo tempo - eu faria questão de transformar minhas últimas horas de vida e minha irritante companhia, em um completo inferno para esse brutamonte e isso sim, era um fato.
- Não me olha assim - disse No'ak, claramente incomodado pela forma como eu o encarava - está me olhando como se quisesse me ver morto.
Sorri de lado pra ele e disse:
-É um dom.
Ele meneou a cabeça e examinou minha perna antes de continuarmos a viagem e então se levantou, provavelmente se arrependendo em ter se comprometido em me ajudar.
- Sei que não gosta de mim e eu muito menos de você, - começou ele - mas se quiser sobreviver a isso, vai ter que colaborar. Não quero continuar vivendo tendo sua morte em minha consciência.
Bufei de raiva.
- Não preciso de pena, No'ak - falei com sinceridade - não é que eu não gostei de você, apenas não confio, a uma diferença.
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Planeta dos bárbaros -Vol1
Ciencia FicciónCom o passar dos anos a terra veio se transformando em um lar inabitável para os humanos, no entanto, com a descoberta do planeta alienígena ZYRA, vive o primitivo povo Kal'el com o seu ambiente tóxico, se tornou a salvação para nossa espécie. Ameli...