- 𝕋𝕣𝕒𝕚çã𝕠 é 𝕦𝕞𝕒 𝕖𝕤𝕔𝕠𝕝𝕙𝕒 -

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Capítulo VII

Aquela manhã foi difícil levantar, passei os primeiros dez minutos encarando o teto do quarto e mais cinco minutos para trocar de roupa. Me encarei no espelho enquanto vestia o jaleco e notei as bolsas escuras embaixo dos olhos - que denunciava o noite mal dormida.

Meu cabelo estava volumoso naquela manhã, um pouco amassado e bagunçado e pra ser sincera, não estava muito disposta para me manter apresentável depois das descobertas de ontem, muito menos demonstrar um bom humor para qualquer alma viva que viesse falar comigo - mas ainda sim, me obriguei a isso.

Cheguei ao refeitório para tomar café e me despertar, ali tinha poucas pessoas, mas não foi fácil passar despercebida quando se tinha Austin como melhor amigo.

- Lia! - berrou ele com um sorriso animado. - senta aqui.

Engoli a seco e trinquei o maxilar com aquela cena, na mesa onde Austin estava, Alec sentava ao lado, Liz na ponta e os outros cientistas que nos acompanharam na viagem da terra até Zyra estavam presentes -era a única mesa lotada e a mais barulhenta.

Me sentei próxima a Liz e sorri pra ela, mas logo ela percebeu que eu não estava muito bem -gostava desse elo que tínhamos, não precisávamos falar que não estávamos bem para a outra perceber, um olhar já bastava, era um pedido de ajuda silencioso - e Liz era meu bote salva-vidas, e minha pessoa preferida.

- Quer conversar? - perguntou ela.
- Não agora - respondi.

Alec olhou com curiosidade e logo perguntou:

- O que aconteceu?
- É uma longa história - respondi, bebericando o café quente - você ficaria mais revoltado do que eu, então vou te poupar dos detalhes.

Alec arregalou os olhos ao ouvir aquilo, mas foi Austin que respondeu com a boca cheia de torrada:

- Isso não se aplica a mim, quero detalhes, início, meio e fim, então fale de uma vez.

Liz não se conteve e riu ao perceber que às vezes, pessoas nunca mundam.
- Você ainda ama uma fofoca.

- Óbvio - respondeu ele - e não é fofoca, é um serviço público, eu apenas descobro as coisas e espalho, a culpa não é minha se os outros recriam histórias diferentes.

- Isso é fofoca - corrigiu Alec - você é o maior fofoqueiro do grupo.

Austin se virou devagar para o irmão, o encarou com um olhar mortal, e respondeu indignado:
- Calúnia! Está acusando seu próprio irmão? Oh, anjinho da mamãe!

Rimos, não pude aguentar, esse era o apelido secreto de Alec na família, um apelido que ele odiava e Austin não media esforços para irritar o irmão sempre podia e esse parecia o momento perfeito.

Todos da mesa prestavam atenção na conversa, o que deixou Alec vermelho de raiva.

- Vou arrancar a sua língua - rosnou Alec.

Austin sorriu e soltou um beijinho no ar para o irmão irritado e riu ganhando aquela discussão.
- Nos dois sabemos que você não faria isso.

Alec suspirou e fechou os olhos procurando por paciência, e apontou o dedo como se Austin fosse um criança travessa.

- Tem sorte de ser meu irmão, se não fosse por isso, você já era.

- Você é que tem sorte de me ter como irmão - corrigiu Austin, orgulhoso de si - sou mais bonito e legal do que você, eu sei que doeria não me ter na sua vida.

Liz e eu gargalhamos alto com aquela cena.

- Eu sou a sua cara - lembrou Alec.
- Eu sei! - disse Austin secando uma lágrima invisível no rosto- tá vendo como é doloroso ter um clone ?

Planeta dos bárbaros -Vol1Onde histórias criam vida. Descubra agora