CAPÍTULO II
Estava tudo pronto. As malas, meus livros e tudo o que era permitido para uma viagem confortável, era o grande dia. Encarei o foguete pela janela e suspirei determinada.
- Sabe o que mais me apavora em Zyra? - Austin perguntou depois de segundos em silêncio.
Alec encarou o irmão como se fosse a criatura mais irritante da terra e fez uma careta, por ouvir a ladainha de sempre.
- Os alienígenas? - zombou Alec - Está com medo, bebezinho?
Austin virou o rosto devagar para o homem largado no outro lado do sofá e atirou a almofada no rosto, arrancando uma risada do irmão.
- Vai pro inferno Alec! - berrou Austin magoado e prosseguiu -espero que aquelas coisas sejam alérgicos a gays, sou bonito demais para morrer jovem e nem me casei ainda.
Alec revirou os olhos.
- Você sabe que os nativos não perguntam antes de matar, né ? - ele rebateu com uma pergunta óbvia - eles não falam nossa língua e são assustadores, mas confesso que seria divertido assistir aqueles brutamontes tentando uma interação amigável.
- Agradeça pelo idioma Ny'ran ser o único de Zyra - lembrei aos dois, me sentando na poltrona para encarar o relógio na parede -o que torna tudo mais fácil.
- Pra você é fácil falar, Lia - Austin cruzou os braços, indignado, mas continuou com um brilho sutil no olhar- você é o gênio da nossa geração, abençoada com memória fotográfica, é claro que tudo fica mais fácil pra você. É como um super poder.
- Mas devo lembrá-lo meu amigo, - disse com um sorriso de lado - que eu gostaria de esquecer muitas coisas.
Austin arregalou os olhos e ficou nervoso, ele sabia que sem querer, acabei descobrindo o local secreto onde ele costumava atrair aqueles que caiam em sua conversa irresistível, era a sala do zelador, um local minúsculo e isolado onde peguei Austin no flagra com um novato - e pela primeira vez na vida, tive vontade de arrancar meus olhos com os dedos.
- Calada sua fofoqueira - Advertiu Austin.
Alec olhou de um lado para o outro como se estivesse assistindo uma partida de tênis e perguntou:
- Aconteceu alguma coisa? E porque não estou sabendo?
- Não é nada demais - disse Austin se levantando para me arrastar para fora da sala - Lia vai me ajudar com a pronúncia correta, estou um pouco enferrujado.
- Eu vou? - perguntei arqueando uma sobrancelha.
- Sim, você vai - Austin disse entre dentes.
Foi arrastada para o corredor vazio, e Austin fechou a porta para esconder do irmão o assunto que iríamos conversar -e não era sobre pronúncia alienígena.
- Para uma pessoa inteligente você é bem lerda - resmungou Austin.
Fechei a cara em resposta.
- O que você aprontou desse vez? - perguntei curiosa, e Austin ruborizou as bochechas envergonhado.
- Dormi com o Damien de novo - ele respondeu baixinho.
- É o que?!!! - falei alto, alto até demais.
Austin voou para cima de mim e tapou minha boca, me encarando como uma fera raivosa.
- Cala a boca vadia! - rosnou Austin - você não sabe ser discreta mulher e se meu irmão souber eu te mato!
Arregalei os olhos e quis muito rir, mas contorci os lábios e consegui perguntar enquanto ele me soltava:
- E a conversa do, " Não volto mais atrás com aquele canalha " foi por água abaixo ?
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Planeta dos bárbaros -Vol1
FantascienzaCom o passar dos anos a terra veio se transformando em um lar inabitável para os humanos, no entanto, com a descoberta do planeta alienígena ZYRA, vive o primitivo povo Kal'el com o seu ambiente tóxico, se tornou a salvação para nossa espécie. Ameli...