Palavras não Ditas

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A leitura continuava, mas agora o ambiente estava carregado de algo mais profundo, algo que palavras não poderiam facilmente descrever. **Valentina** sentia a presença de **Luíza** ao seu lado como um lembrete constante de que, apesar da perda de memória, havia ainda uma ligação invisível entre elas. A cada página virada, a respiração delas parecia sincronizar, criando um ritmo próprio, uma dança silenciosa de emoções contidas.

**Luíza** fez uma pausa na leitura, deixando o silêncio preencher o espaço entre elas. Não era um silêncio desconfortável, mas sim um momento de reflexão. Ela olhou para **Valentina**, estudando cada expressão, cada movimento sutil. Havia uma pergunta não dita em seus olhos, uma dúvida que ainda pairava no ar: "Será que o amor ainda está lá, mesmo que as lembranças não estejam?"

**Valentina**, por sua vez, percebeu a pausa e se virou para encarar **Luíza**. O olhar delas se encontrou, e por um instante, o mundo pareceu se tornar mais nítido. Era como se, sem dizer uma palavra, elas tivessem trocado promessas e desculpas, medo e esperança, tudo ao mesmo tempo.

Sem se desviar dos olhos de **Valentina**, **Luíza** falou, mas não com palavras. Sua mão se moveu lentamente para tocar o rosto de **Valentina**, um gesto que carregava anos de história, uma história que **Valentina** não podia lembrar, mas que, de alguma forma, sentia profundamente.

**Valentina** fechou os olhos por um momento, absorvendo o toque. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas naquele instante, decidiu que não importava. O que importava era o presente, o aqui e o agora, e a conexão que, mesmo sem memória, ela podia sentir.

Quando abriu os olhos novamente, **Luíza** estava sorrindo, um sorriso leve, quase imperceptível, mas cheio de significado. Elas não precisavam dizer nada. Algumas coisas eram compreendidas além das palavras, em gestos e olhares, no silêncio compartilhado.

**Valentina** respirou fundo e, sem hesitar, tomou a mão de **Luíza** na sua.

— Vamos continuar — ela disse, sua voz baixa, mas resoluta.

E assim, com o simples virar de uma página, elas seguiram em frente, não mais presas ao que foi, mas abertas ao que poderia ser, criando novas histórias, novos significados, e, talvez, um novo amor.

entre linhas e olhares -Valu Onde histórias criam vida. Descubra agora