Reflexos do Passado

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Os dias de renovação eram também dias de reflexão. O passado, embora não mais uma âncora, ainda tinha suas sombras que se insinuavam de tempos em tempos. **Valentina** e **Luíza** sabiam que não poderiam simplesmente apagar o que havia ocorrido, mas aprendiam, pouco a pouco, a aceitar o que estava além de seu controle.

Certa manhã, enquanto organizava algumas caixas que estavam guardadas no sótão, **Valentina** encontrou um velho álbum de fotos. A capa gasta pelo tempo e as bordas amareladas traziam à tona memórias de uma época que parecia distante. Ela hesitou por um momento, sabendo que aquele objeto trazia consigo sentimentos complexos.

Quando **Luíza** entrou no quarto e viu o álbum nas mãos de **Valentina**, seus olhos suavizaram, embora uma pontada de melancolia fosse impossível de ignorar. **Valentina** olhou para ela com um misto de receio e curiosidade.

— Faz tanto tempo que não vejo isso — disse **Valentina**, virando a capa e observando a primeira foto. Era delas, muitos anos atrás, sorrindo em uma viagem à praia.

**Luíza** sentou-se ao lado dela, seus dedos roçando de leve a lateral do álbum.

— Não é fácil olhar para essas lembranças agora — **Luíza** admitiu. — Mas acho que é importante. Elas fazem parte de quem somos, do que passamos.

**Valentina** assentiu, passando as páginas devagar. À medida que percorriam as fotos, risos e silêncios se alternavam. Cada imagem trazia à tona um fragmento do que haviam sido, uma versão mais jovem, mais ingênua, mas que agora carregava uma sabedoria nova. O passado não era mais doloroso como antes, mas sim um reflexo de tudo que haviam superado.

— Lembro dessa noite — disse **Valentina**, apontando para uma foto delas em um jantar. — Estávamos nervosas porque era o nosso primeiro encontro com seus amigos.

**Luíza** sorriu, balançando a cabeça.

— E acabou sendo uma noite maravilhosa. Você me fez rir tanto que meus amigos ficaram encantados com você.

Ambas riram, mas havia uma suavidade no riso, uma aceitação silenciosa de que o tempo passa, e com ele, as dores e alegrias que moldam quem somos.

Depois de fechar o álbum, **Valentina** olhou profundamente nos olhos de **Luíza**.

— Estou pronta para deixar isso descansar agora. Pronta para olhar para o futuro sem medo.

**Luíza** segurou sua mão e apertou de leve.

— Eu também. Acho que nosso futuro será ainda mais bonito do que qualquer coisa que deixamos para trás.

Aquele momento, ao contrário de tantos outros em que o passado havia sido uma presença indesejada, foi um marco de reconciliação. Não havia mais necessidade de fugir ou de tentar apagar as cicatrizes. Elas eram parte da jornada e, mais do que isso, eram a prova de que ambas haviam resistido. Juntas, mais uma vez.

entre linhas e olhares -Valu Onde histórias criam vida. Descubra agora