Como?

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MELISSA O'CONNELL

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MELISSA O'CONNELL

O ar frio da noite soprava forte quando a roda gigante parou no alto. As luzes da cidade piscavam como estrelas no chão, mas tudo o que eu conseguia sentir era a presença opressora de Hian ao meu lado. Quando a máquina finalmente começou a se mover de novo, eu mal esperei a cabine se aproximar do solo para saltar, sentindo meu coração bater como um tambor descontrolado.

Desci rapidamente, tentando me misturar na multidão do parque de diversões. O cheiro de pipoca e algodão doce contrastava violentamente com o medo que me consumia. Meus passos eram rápidos e descoordenados, a adrenalina pulsando em minhas veias.

—Qual é, Melissa, tá achando que agora fui eu que matei a imprestável da Ágatha? — A voz de Hian me alcançou, gelando meu sangue. Me virei e o vi sorrir, um sorriso que não tinha nada de humor. — Aquela ali não servia nem pra morrer.

—Você é maluco!! — Gritei, minha voz trêmula, ecoando entre as barracas de jogos e brinquedos.

—Não... eu não. Já a Billie, a mulher com quem você casou, com toda certeza é. — Ele avançou em minha direção, seus olhos brilhando com uma mistura de prazer e loucura. — Deveria ter cuidado com a pessoa que mora no mesmo teto que você, Melissa O'Connell!

—O que você sabe sobre ela? — Perguntei, minha voz quase um sussurro enquanto lágrimas ameaçavam cair. Meu peito subia e descia rapidamente, minha respiração um esforço doloroso.

Hian se aproximou ainda mais, seu rosto tão próximo que podia sentir seu hálito quente contra meu ouvido.

—Sei que... — Ele parou, prolongando o momento. — Com aquela, nem o diabo brinca porque ele sabe que vai perder. — Ele se afastou, observando minha expressão de puro terror. — Mas eu amo brincar com o perigo.

O parque parecia fechar-se ao nosso redor, as luzes agora pareciam menos festivas e mais sinistras, lançando sombras que dançavam em volta de nós. As risadas e gritos de alegria das crianças e famílias ao redor se tornaram distantes, como se estivéssemos em um mundo à parte, isolados pelo nosso confronto.

Eu podia sentir meu corpo tremendo, cada músculo em alerta. A brisa fria não ajudava, fazendo com que minha pele se arrepiasse ainda mais. As lágrimas finalmente caíram, escorrendo quentes pelo meu rosto.

—Por que está me dizendo isso? — Consegui perguntar, minha voz falhando.

—Porque, Melissa, é divertido ver você assim, apavorada, vulnerável. — Hian deu um passo atrás, o sorriso nunca desaparecendo de seu rosto. — E porque talvez eu goste de ver até onde você consegue aguentar antes de quebrar.

Sem pensar, me virei e corri, a escuridão e as luzes piscando criando um labirinto em minha mente. As palavras de Hian ecoavam em minha cabeça, e a imagem de Billie, a mulher com quem eu estava casada, se tornava cada vez mais confusa e aterrorizante. Ela era realmente tudo isso que Hian dizia? Ou ele estava apenas jogando um jogo doentio?

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