Capítulo 32 - Peso sobre os ombros.

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Era uma manhã úmida naquele dia, o pequeno Nochto ainda podia sentir sua cabeça doer como consequência do choque que levou do artefato preso a seu pescoço, como um cachorro na coleira. Ele sabia que foi infantil ao perder o controle daquele jeito, entretanto não conseguia não olhar para o general Biakko com seus olhos heterocromáticos irritados. 

Sayuri andava junto ao garoto com uma grande caixa presa a uma fivela, apoiada em seu ombro, o som das gotas da chuva faziam uma melodia irritante, o solo lamacento prendia nas botas do trio enquanto marchavam para a zona norte da vila de Vennas.

- Certo. - Nochto começou uma conversa. - Onde estamos indo exatamente?

- Achei que tinha te falado. - Biakko estala a língua, a vontade dele estar ali era tal qual a vontade de um prisioneiro caminhar para a sala de execução.

- Não você não falou. - O garoto se irrita.

Nochto estava ainda dormindo, por causa do choque que levou, sua cabeça latejava e sua visão estava turva era como se ele tivesse de ressaca após tomar do vinho  Kalti, tudo doía em seu corpo até falar era pesaroso. Mas isso não impediu o general de atravessar as portas do quarto do menino gritando e fazendo algazarra.

- Acorda pivete. - Ele falava puxando a perna do Nochto para fora da cama.

- Mas o que inferno é tudo isso? - O garoto resmungava.

- Treino.

- Agora você quer me treinar?

- Que inferno, levanta logo porra. - Biakko fala com um puxão fazendo o garoto cair de cara no chão.

- Velho desgra... - Biakko corta os resmungos do menino jogando uma espada curta em sua direção.

- Pega isso, se troca e me encontra lá fora, tá na hora de um exame pratico.

Nochto só podia ficar paralisado com a súbita vontade do Biakko em treina-lo.

O garoto encarava as costas do general beberrão com descrença, enquanto o seguia Sayuri olhava tudo aquilo com um pequeno sorriso em seus lábios.

- Certo é aqui. - Biakko da um sinal para que Sayuri e Nochto parassem.

Logo a frente deles uma grande casa se mostra, em completa ruina, a chuva atravessa por entre os buracos na fundação e o liquido negro e viscoso adentra a residência, paredes derrubadas e pilastras partidas, parecia que a casa tinha sido atacada por uma horda demoníaca, mas isso era apenas os efeitos da tempestade a longo prazo.

Adentrando os cômodos o som da madeira rangendo era estranhamente alto, o pequeno garoto só podia sentir calafrios  com toda a atmosfera.

- Certo moleque. - Biakko começa a falar, o frio do local faz com que pequenas nuvens de vapor se formem em suas palavras. - Tá na hora da aula.

- Certo. - Nochto falava olhando para os lados.

- Como você sabe, nesse mundo a três energias, essas que são Enigma, Arcana e Bruma. Ignorando a Bruma por ser um mistério que a humanidade ainda tem que desvendar, o Enigma e uma energia que provém da fé do usuário, diferente da Arcana que utiliza de parâmetros lógicos, ela subverte as palavras do invocador dando forma aos mais diversos "milagres". 

- Certo. - Para Nochto nada era novo ele já tinha uma certa ideia de como os círculos funcionam.

- Bem isso você já deve saber não é mesmo? - Biakko fala suspirando. - A pergunta que eu te faço é: como exatamente a conversão funciona?

- Bem... - Nochto fica pensativo por um momento.

- Ha. - Biakko ri. - Pelo visto nosso garoto gênio não é tão gênio assim.

Demônios na Tempestade (O Monarca)Onde histórias criam vida. Descubra agora