A grande sala branca era silenciosa, somente era possível ver o homem sentado ao trono, todo seu corpo era coberto por um lodo espesso e negro, os longos cabelos negros do homem cobriam sua face tornando difícil o reconhecer, a grossa barba desgrenhada mostrava anos de desleixo, mas mesmo assim Nochto sentia um ímpeto dentro de seu amago o forçando a se prostrar em frente aquele homem.
- Tudo bem. - Ele faz um sinal com sua mão. - Não a necessidade de se ajoelhar em frente de um rei que permitiu seu reino cair em ruina.
Nochto está confuso, mesmo parecendo um mendigo algo dentro daquela forma decrépita exalava autoridade. O homem estala os dedos e todo o campo branco treme como se sentisse dor, então rapidamente o local se transforma, uma grande colina em frente a um império negro, forjado em obsidiana, ele brilhava com varias cores como um arco-íris de pura energia arcana, runas voavam pelas ruas, pessoas vestindo uma espécie de robe negra com detalhes dourados transitavam livremente, espécimes de carruagens arcanas que se moviam sem a ajuda de hipocampos e ainda sim extremamente velozes, algumas crianças andavam com uma espécie de tabuleta que brilhava e reproduzia imagens, jovens estudiosos andavam acompanhados de autômatos arcanos extremamente avançados.
- Mas o que é isso? - Era como se o garoto olhasse para uma outra realidade.
- Ebonny. - A voz rouca do homem surpreende o menino. - A joia negra de Faeria, a cidade arcana mais avançada que já existiu, aqui forjamos as linhas que teciam a arcana, buscávamos resposta para toda a existência, por mais que parecesse impossível, não existia algo que nossos pesquisadores não conseguissem explicar. Foi aqui que eu teci os primeiros sigilos.
Ao falar isso ele faz um pequeno gesto com sua mão, uma runa voa no espaço, trepida como uma fagulha e simples assim, um novo enigma se forja.
- Eu não entendo... - A cabeça do garoto doía.
- Tudo bem eu não lhe culpo. - A voz bruta do homem, mesmo sendo grave de certa forma carregava ternura. - É lindo não?
- Sim. - Nochto sentia uma certa familiaridade com o império, um sentimento de nostalgia e uma profunda melancolia, era possível sentir seus olhos marejarem.
- Nos forjamos esse bastião, pedra por pedra, e demos aos humanos a chance de tecer sua historia e duvidar da criação. Demos sangue, suor e lagrimas, inclusive nossa carne para alcançar os céus.
- Porém ele não queria isso. - Nochto estranhamente responde o estranho, mesmo não sabendo o porquê a cabeça dele latejava, como se algo forçadamente criasse memorias não familiares para ele.
- Veja. - O homem da espaço para Nochto. - Está quase começando.
Nos céus sobre os telhados das casas um estrondo é ouvido, as nuvens racham e se quebram, dando espaço para o vazio estrelado de outro plano, um homem sai de dentro do palácio, cabelos negros e ondulados, com uma trança lateral em uma de suas mechas, olhos completamente negros encaravam o céus, uma face limpa e sem marcas quase que angelical, ele vestia um grande sobretudo sobre uma armadura negra justa, andando para fora apressadamente ajeitando as manoplas em suas mãos, atrás dele uma grande estrutura de pedra negra possuía torres que cortavam o céu como espadas sombrias, adornadas em ouro puro, o metal trepidava como se carregasse Arcana em sua forja e realmente carregava.
- Então tu descende dos céus como carrasco. - O homem grita contra a figura que transpassa a fissura.
Um ser colossal apoia sua mão sobre a borda da quebra derrubando alguns fragmentos do que era um céu com nuvens sobre o reino, os grandes pedaços que parecem vidro esmagam as casas.
O imperador se preocupa com seu povo, levantando sua mão contra os escombros e fechando seu punho, com um som de gotejar toda a destruição é apagada como se nunca tivesse acontecido.
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Demônios na Tempestade (O Monarca)
FantasiUm dilúvio negro cai sobre todo o principado de Estória, o estranho fenômeno gera dúvida em todos os residentes do império, e antes que pudessem se quer indagar sobre a tempestade, criaturas demoníacas se levantam logo em seguida devastando tudo em...