.𖥔 ݁ ˖ 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐭𝐡𝐢𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧

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Nikova sabia que não deveria ter ficado surpresa. Não quando Rhysand gostava de tornar tudo um espetáculo. Mas ali estava ele. Rhysand, Grão-Senhor da Corte Noturna, agora estava parado no meio do caminho ao lado de uma Feyre petrificada, escuridão escorria dele como nanquim na água. Rhysand inclinou a cabeça, os cabelos preto-azulados oscilaram ao movimento. Aqueles olhos violeta brilharam à luz feérica dourada conforme se fixaram nela, conforme Rhysand estendia a mão para onde Nikova estava, onde Tamlin e Lucien e as sentinelas deles estavam sacando as espadas, avaliando como o derrotar.

Não... não, agora não. Seu estômago pareceu vazio. Seu sentinela se colocou a sua frente como um escudo apontando a exibindo os dentes para o Grão-Senhor, e Nikova estava tão chocada que não sabia dizer se considerava um ato nobre ou um burrice total. Ela viu Ianthe correr para longe com o rosto lívido.

— Que casamento bonitinho — disse Rhysand, enfiando uma das mãos nos bolsos enquanto aquelas muitas espadas permaneceram embainhadas. Ele a olhou de cima a baixo devagar e emitiu um estalo com a língua quando viu a tatuagem ali. —

— Dê o fora daqui. — grunhiu Tamlin, caminhando na direção. Garras dispararam dos nós de seus dedos. Rhysand emitiu outro estalo com a língua. —

— Ah, acho que não. Não quando preciso cobrar meu acordo com a querida Nikova. — deu mais um passo com a mão estendida para ela. Garrick rosnou para o Grão-Senhor, e a humana apertou o braço do sentinela como aviso. Pelos deuses não tinha se preparado para aquele momento, talvez nunca tivesse preparada para reencontrar Rhysand de novo. — Dei três meses de liberdade a você. Poderia ao menos parecer feliz em me ver.

Os olhos dela brilharam com desprezo. Por um breve segundo a expressão arrogante de Rhysand sumiu, mas voltou tão rápido que Nikova se perguntou se não tinha imaginado coisa.

— Vou levá-la agora. — ele olhou para Garrick que ainda mantinha-se na frente dela, a espada erguida como se o Grão-Senhor não pudesse transformá-lo em poiera com meio pensamento. Rhysand riu um pouco, então seus olhos encontraram os dela. — Se tentar quebrar o acordo vai haver consequências. — uma aviso ou uma ameaça, não soube dizer ao certo, mas definitivamente não testaria. Devagar ela deu a volta por seu sentinela e começou a caminhar até o Grão-Senhor com passos pesados, os olhos brilhando em fúria. Nikova desejou ter alguma faca naquele momento para levar consigo, desejou poder roubar um de algum sentinela, mas Rhysand certamente veria e tomaria. — Garota esperta.

— Vá para o inferno. — silibou, os poucos convidados que tinham sobrado assim como os sentinelas congelaram com ousadia da humana, provavelmente algo que apenas um tolo faria, mas ela não se importava. Rhysand abriu um sorriso. —

— Bom saber que continua com a língua afiada, amor.

Ela respirou fundo para não cair nas provocações, ao invés de respondê-lo olhou para seu sentinela e deu o melhor sorriso que pode.

— Aproveite sua semana de folga. — piscou, esperando que aquilo impedisse o pobre Garrick de comenter uma burrice. —

— Vou devolvê-la em uma semana. — avisou Rhysand, soltando sua mão apenas para a passar pela cintura dela, puxando-a contra a lateral do corpo conforme sussurrava ao seu ouvido: — Segure firme.

Então, a escuridão rugiu, um vento a empurrou para um lado e para o outro, o chão pareceu cair sob ela, e o mundo tinha sumido ao seu redor. Restava apenas Rhysand e ela enquanto se segurava nele... Então, a escuridão sumiu. Nikova sentiu o cheiro de jasmim primeiro; depois, viu estrelas. Um mar de estrelas brilhando além de pilares reluzentes de pedra da lua que emolduravam a ampla vista das infinitas montanhas cobertas de neve.

— Bem-vinda à Corte Noturna. — Foi tudo o que ele disse. —

Era o lugar mais lindo que Nikova já vira. Qualquer que fosse o prédio em que estavam, ele ficava no alto das montanhas de pedras cinzentas. O corredor ao redor ficava exposto à natureza, nenhuma janela à vista, apenas pilastras imensas e cortinas finas oscilando àquela brisa com cheiro de jasmim. Devia ser alguma magia, para manter o ar quente no meio do inverno. Sem falar da altitude, ou da neve que cobria as montanhas, ou dos ventos poderosos que sopravam véus de neve dos picos, como uma neblina errante. Pequenas áreas de estar, jantar e escritórios pontuavam o corredor, separado por aquelas cortinas ou plantas exuberantes ou tapeçarias espessas espalhadas pelo piso de pedra da lua. Algumas esferas de luz tremeluziam à brisa, junto a lanternas de vidro colorido que pendiam dos arcos do teto.

𝔚𝗮𝗿 𝗢𝗳 𝗛𝗲𝗮𝗿𝘁𝘀 | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora