Nikova não viu Rhysand durante dias. As únicas pessoas que encontrou foram Nuala e Cerridwen, que traziam suas refeições, arrumavam sua cama e, ocasionalmente, perguntavam como estava. E a única evidência de que Rhysand estava naquela propriedade era um simples conjunto de instruções: escudo para cima, escudo para baixo; escudo para cima, escudo para baixo. Diversas e diversas vezes.Como ele sabia se ela obedecia ou não, Nikova não se importava, mas mergulhou nas lições de erguer e baixar e reforcar aqueles escudos mentais. Pelo menos porque era tudo que tinha para fazer. Mesmo que sua mente parecesse uma poça de lama no final de cada lição. E embora tudo indicasse que poderia perambular por todo lugar sem qualquer perigo eminente, ficava alerta ao ouvir cada som vindo da escada próxima sempre: passos baixos de criados ou das gêmeas, o farfalhar de lençóis sendo trocados, alguém murmurando uma melodia linda e envolvente. E, além disso, o canto dos pássaros que moravam no calor sobrenatural da montanha ou nas muitas árvores de frutas cítricas plantadas em vasos. Nenhum sinal
de seu tormento iminente.Mesmo exausta das lições no fim do dia, seus pesadelos ainda atormentava à noite, deixavam zonza, suada; no entanto o quarto era tão aberto, a luz das estrelas era tão forte que, quando acordava sobressaltada, não corria para o banheiro. Nenhuma parede a sufocava, nenhuma escuridão como nanquim. Nikova sabia onde estava. Mesmo que se ressentisse por estar ali. Durante toda aquela semana passou lembrando de cada palavra de Rhysand, imaginado o que Amarantha poderia ter feito e o que de tão importante carregava agora para ser caçada pelo rei de Hybern. Pensou no que faria. E tinha pego alguns livros na biblioteca que encontrou no palacete, qualquer coisa que ajudasse.
Nikova lia sobre criaturas parasitas enquanto fortalecia seus escudos quando alguém abriu a porta do quarto, ela teria mantido a cabeça baixa imaginado que era uma das gêmeas trazendo seu café da manhã, mas aquele cheiro... Rhysand colocou a bandeja na mesa e se encostou na mesma cruzando os braços.
— Ja que não parece como muita disposição para se juntar a mim nas refeições, resolvi vir até você. — deu um dos seus tradicionais sorrisos quando viu o olhar irritado. —
— Passou pela sua cabeça oca que não quero sua companhia?
— Claro que passou, mas temos assuntos inacabados. — Falou deslizando para uma das cadeira, pegando um dos cachos de uvas para levar a boca. — Ja li todos esses livros, e muitos outros que ficam nas minhas outras propriedades. Não acho que seja exatamente uma criatura, nada nesses meses indica que você está possuída.
— A quanto tempo você anda me espionado? — fechou os punhos, sentido aquela coisa embaixo da sua pele cantar em resposta a raiva que começava a ferver. Seus olhos poderiam muito bem ser chamas incandescentes pronta para queimar o Grão-Senhor que deu de ombros. —
— Você sente como se tivesse um outro ser vivendo dentro de você? Consciente e lutando para assumir o controle? — não, não era. Não parecia algo racional. Mas não disse uma palavra para o Grão-Senhor enquanto continuava olhando afiada, planejado a melhor maneira de sair daquela cama e pular na garganta dele. — Vou aceitar o silêncio e a expressão como um não, a mesma conclusão que a minha. Supus que possa ser um objeto talvez, uma artefato poderoso ou que de uma vantagem importante demais para que o rei de Hybern mantivesse a cadela em graça. Mas pensei uma coisa, você é humana.
— Jura? Se você não tivesse falando acharia que era uma tela de pintura com consciência — ironizou puxando mas os lençóis para cobrir o corpo, não estava esperando a visita do canalha no quarto então não havia se incomodado se tirar a camisola branca. — Me conte coisas que não sei, idiota.
— Seu carinho por mim é fascinante. — o maldito sorriso presunçoso parecia nunca sumir daqueles lábios. — Mas o que quero dizer é, quando pensei no que poderia está acontecendo sempre me vinha a cabeça que você é uma humana, seu corpo teoricamente não foi feito para suportar magia por muito tempo, ao menos que tivesse descendentes feéricos. O que não seria incomum, então ousei a buscar um pouco mais das suas linhagens.
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𝔚𝗮𝗿 𝗢𝗳 𝗛𝗲𝗮𝗿𝘁𝘀 | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ
Fantasía𝔊𝑢𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑜̃𝑒𝑠| "𝚊𝚜 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚎𝚕𝚊𝚜 𝚚𝚞𝚎 𝚘𝚞𝚟𝚎𝚖..." Nikova vê sua vida virar de cabeça para baixo quando Feyre Archeron, em uma mentira para livrar-se de um problema, entrega seu nome a um feérico. Arrastada para o out...