Capítulo VIII
Jasper POV
O céu estava tingido de um cinza opressor, e as nuvens pesadas despejavam uma chuva constante sobre a floresta. A água escorria pela minha pele fria enquanto eu me aproximava da casa, hesitante. Havia dias que eu não via minha família, dias que passavam como um borrão de fúria, dor, e solidão. As horas intermináveis em que vaguei próximo às montanhas, buscando qualquer forma de alívio, tinham me deixado com os olhos vermelhos e com um gosto amargo na boca que não se dissipava.
Quando finalmente cruzei a porta, a casa estava quieta, quase silenciosa demais. O som dos meus passos ecoavam pelos corredores enquanto eu avançava, cada passo uma batalha interna para não virar as costas e fugir mais uma vez. Sabia o que me esperava: o julgamento, a culpa, e, pior de tudo, o confronto com a realidade da situação de Marie.
Rosalie foi a primeira a me encontrar. Seus olhos dourados fixaram-se nos meus, agora mais intensos, e sua expressão endureceu. O desprezo em seu olhar era claro, e suas palavras eram afiadas como uma lâmina.
— Você não poderia ter feito isso, Jasper — disse ela, a voz fria e cortante.
— Eu sei o quanto é difícil, mas isso… consumir sangue humano… nos coloca todos em risco. Coloca nossa família em risco.
Sua condenação era um peso adicional sobre meus ombros já sobrecarregados. Parte de mim queria gritar, queria justificar meus atos, mas no fundo, sabia que ela estava certa. Ainda assim, a raiva e a frustração que me consumiam não me permitiam admitir minha culpa, então me mantive em silêncio, apenas a encarando.
Edward apareceu logo em seguida, e embora seu julgamento fosse mais brando, não era menos doloroso. Ele passou por Rosalie, seus olhos fixos em mim, não com o desprezo que ela exibia, mas com uma tristeza profunda, uma decepção que me perfurou mais do que qualquer reprimenda.
— Jasper, não é só o que você fez, mas o que deixou de fazer. — Sua voz era grave, carregada de desapontamento.
— Marie precisava de você. Nós… precisamos de você aqui. E você simplesmente… desapareceu.
A culpa corroía meu ser como um veneno lento. Eu sabia que tinha falhado com Marie, com todos eles. A dor em meu peito se intensificava, e embora quisesse argumentar, justificar minhas ações, as palavras de Edward eram verdadeiras demais para serem refutadas.
Carlisle apareceu por trás de Edward, sua expressão calma e paternal escondendo a angústia que ele provavelmente sentia. Ele sempre foi a figura de sabedoria e paciência em nossa família, e mesmo agora, quando eu merecia todas as reprimendas, ele me olhou com compreensão.
— Jasper, se alguém deve ser culpado, esse alguém sou eu — disse Carlisle, sua voz suave, mas firme.
— Eu deveria ter percebido sua luta interna. Deveria ter feito algo. Se eu tivesse insistido, ou se tivesse permitido que Edward fosse atrás de você quando ele quis, talvez as coisas não estariam dessa forma. Eu falhei com você, filho.
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Primeiros dias ao seu lado
VampireMarie Delphine Giordano, uma jovem doce e cheia de vida, enfrenta um câncer terminal que ameaça roubar seus últimos dias. Quando se muda para Forks em busca de um tratamento com o Dr. Carlisle Cullen, ela não espera encontrar algo ainda mais poderos...