Encontros no elevador, capítulo 3

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Ai, meu Deus, que desastre

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Ai, meu Deus, que desastre. 

Desastre

Essa palavra resume bem o quanto o meu dia deu errado. 

Estava tudo perfeito, sério. Os meus clientes pareciam felizes, ou eu achei que estavam. Trabalhamos na cerimônia de casamento por meses, e eu, como uma cerimonialista responsável, me certifiquei de que cada centavo investido nos nossos serviços valesse a pena. 

Preparamos uma cerimônia linda na igreja St. John Cantius Catholic Church, e depois dos votos, uma festa para seiscentos — isso mesmo que você leu, seiscentos — convidados estaria esperando pelos recém casados e sua lista interminável de amigos. Acho meio impossível alguém conhecer seiscentas pessoas, mas quem sou eu para questionar essa gente rica? O meu humilde trabalho é apenas usufruir do seu dinheiro e deixá-los satisfeitos. 

Foram gastos uma quantidade absurda de dinheiro com buffet, decoração e o bolo de cinco andares. Passei noites sem dormir, tentando encontrar um meio termo que agradasse aos noivos, já que o cara era escocês e a mulher, americana, e ambos queriam traços de suas culturas na decoração e recheio do bolo. Foi extremamente estressante, e eu quase joguei tudo para o alto, mas no fim deu tudo certo, e ambos ficaram satisfeitos com o resultado final. 

Tinha tudo para ser um casamento perfeito, com um final feliz perfeito, a não ser por aquele cara que invadiu a igreja bem na hora que o padre estava dizendo "se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre", e gritou em plenos pulmões um "PROTESTO!" que deixou a todos chocados. 

Fala sério, ele nem estava na lista de convidados! 

A partir daí, tudo começou a dar errado. Parece que o cara era amante da noiva, e ficou de joelhos perante a todos, amigos, convidados, familiares, padre e fotógrafos, e implorou para que ela não se casasse com o escocês ricaço. O noivo tentou tirar satisfações, e foi então que a sua futura esposa confessou tudo, revelando que amava o homem que invadiu a igreja. 

Um escândalo, claro. 

Mas eu não poderia julgar o escocês quando ele partiu para cima do amante da sua mulher e os dois saíram embolando pelo chão, sendo necessário que os padrinhos se intrometessem para separar os dois homens de ego ferido. 

Resumo da história: o noivo foi embora furioso, e a noiva, no fim, ficou com quem seu coração realmente desejava. Depois disso, ninguém teve ânimo para a festa de luxo, mas pelo menos consegui trazer um pedacinho de bolo para casa. 

Agora cá estou eu, com meu vestido azul bem acinturado, com decote de um ombro só e saia esvoaçante, entrando no saguão do prédio depois do táxi ter me deixado na porta. O casamento nem foi meu e eu me sinto desgastada emocionalmente. 

Casamento era pra ser uma coisa sagrada. É um ato de amor, que não deve ser banalizado desse jeito. Histórias como essas me fazem ter muito receio de confiar nas pessoas. Vale mesmo a pena entregar o seu coração a alguém que só vai te machucar? 

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