Quinn apresenta uma melhora significativa à medida que a semana vai chegando ao fim. Passo em seu apartamento diariamente, depois do expediente, até mesmo quando chego exausto do trabalho, apenas para garantir que ela está tomando os remédios corretamente e se alimentando direito. Da última vez que nos vimos, ela me pareceu ótima, radiante, com a língua mais afiada do que nunca.
Estamos um pouco mais próximos. Não planejamos nada disso, foi algo que aconteceu naturalmente, e tenho a leve sensação de que somos amigos agora, apesar de não termos tocado no assunto. Mas Quinn se tornou mais receptiva; ela sorri para mim nos nossos encontros repentinos no elevador e sempre está querendo saber sobre o quadro de Ann, o que, droga, mexe um pouco comigo. E também não perdemos a oportunidade de trocar farpas por mensagem de texto, o que está sendo uma ótima distração em momentos que têm se mostrado tão sombrios — às vezes, me pego verificando o celular de hora em hora, para ver se ela não me mandou algo novo, nem que saiba um insulto, e fico decepcionado quando não encontro nada.
É uma situação um pouco conflitante, porque tenho a impressão de que estou começando a me apegar ao que não pode sequer ser classificado como uma amizade, e que tem uma suposta data de validade. Depois do nosso último encontro, não sei se vamos continuar nos vendo com tanta frequência, e isso me faz, bem lá no fundo, querer adiar esse momento até quando for possível. Na verdade, eu estava ligando para Quinn, naquela noite em que a encontrei doente em seu apartamento, justamente para discutirmos o dia mais adequado para sairmos e acabarmos logo com toda essa encenação, mas agora já não estou tão ansioso quanto a isso.
No início, achei Quinn chata, rabugenta e problemática, mas à medida que fomos nos conhecendo, consegui enxergar uma mulher doce, bondosa e prestativa. Além do mais, é muito divertido estar na companhia dela. Quando estamos juntos, eu consigo me desvincular do trabalho, o que é um grande feito — fico o tempo todo preocupado com Ann, aflito, então é sempre bom ocupar a minha cabeça com algo que não tire a minha paz diária.
Ao mesmo tempo que me sinto mais tranquilo na presença de Quinn, também é um pouquinho perturbador. Preciso ser sincero: a minha vizinha é linda, extremamente desejável, e eu sou apenas um homem de carne e osso, falho. Não consigo evitar, algumas vezes, olhá-la com certa malícia e desejo, e não sou tão ingênuo a ponto de não ter percebido que já rolou um clima mais de uma vez. Às vezes tenho a sensação de que Quinn sente o mesmo desejo primitivo que eu, e por um momento, uma fração de segundo, ela parece se render, mas então despertamos do transe e vejo em seus olhos a mesma hesitação que habita em meu peito. Nós dois sabemos que isso é uma péssima ideia, mas quanto mais se parece absurda a ideia de colocá-la montada em meu colo e beijá-la contra a parede, mas tentado eu fico de fazê-lo.
Droga, eu devo ter enlouquecido. Talvez Dominic tenha razão: eu só preciso transar com alguém, sem compromisso, espairecer. Sua vizinha é uma candidata perfeita, não acha?, sussurra uma vozinha traiçoeira na parte mais obscura da minha mente, mas eu espanto esse pensamento como se fosse uma mosca irritante. Não vou usar Quinn para preencher nenhuma lacuna, ela não merece ser arrastada para minha bagunça interior.
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QUERIDO VIZINHO
RomanceQuinn Hart não é o tipo de pessoa que perde o controle, mas isso não se aplica quando o seu vizinho de porta enigmático, Weston Wade, está na jogada. Eles nunca se encontraram pessoalmente, mas as "atividades" barulhentas de Weston, principalmente...