Quando me virei e dei de cara com a minha vizinha, que descobri recentemente se chamar Quinley Hart por causa do aplicativo, eu mal pude acreditar no que meus olhos estavam vendo. Meu primeiro pensamento foi de que alguém colocou alguma coisa na minha bebida, porque eu certamente estava em um estado de ilusão, mas ao ver a surpresa - e o choque - na sua expressão, me dei conta de que toda essa situação inusitada não passa da simples e crua realidade.
Acho que estou começando a acreditar em destino, porque não é possível que uma coincidência desse tamanho esteja acontecendo. Quer dizer... qual é a probabilidade de eu ter um encontro marcado às cegas justamente com a mulher que me olha como se eu fosse um verme que cresceu demais? E assim como eu, ela não fazia a mínima ideia de que poderia me encontrar aqui esta noite, caso contrário, não teria caprichado tanto no visual.
Valeu, Ann, você acaba de me meter em uma situação completamente embaraçosa.
Mas não posso negar: Quinley, ou como gosto de chamá-la, Regina, está incrível. Ela é bonita por natureza - tive a prova disso quando ela apareceu no meu apartamento da primeira vez, toda suada e desarrumada -, e da segunda vez que nos encontramos, no elevador, onde ela claramente estava voltando de uma festa. Estava simplesmente deslumbrante. E até então não decepciona.
Ela está vestida toda de preto, com direito a botas de salto e jaqueta de couro, e seu cabelo cacheado e longo cai sobre suas costas e emoldura o rosto bonito.
Parece que estamos nos encarando por tempo demais, pois a hostess pergunta, com um sorriso tenso:
- Espera... vocês já se conhecem?
Percebo que Quinley vai começar a negar, mas sou mais rápido:
- Somos velhos amigos.
A minha acompanhante me lança um olhar cheio de faíscas.
- Não somos, não - desmente ela, parecendo horrorizada com a ideia.
- Er... - a coitada da funcionária alterna um olhar entre nós dois, claramente sem saber o que fazer.
- Obrigado por acompanhar a minha convidada, senhorita. Pode deixar que eu assumo daqui.
- Como é que é? - Quinley olha para mim como se estivesse sendo confrontada.
Amala, a hostess, franze a testa e hesita antes de murmurar:
- Estou logo ali, se precisarem de mim. Tenham uma ótima noite.
Ah, com certeza será uma noite perfeita.
Quinley bufa, parecendo aborrecida com a nossa falta de sorte.
- Por que não se senta um pouco? - convido. - O que você gosta de beber?
Ela faz menção de se virar.
- Eu vou embora.
Fico de pé em um piscar de olhos e seguro o cotovelo dela. Quinley olha para mim com os olhos brilhando de ameaça e depois olha para o ponto onde minha mão e sua pele se une. Eu me afasto, temendo que ela voe no meu pescoço a qualquer momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
QUERIDO VIZINHO
RomanceQuinn Hart não é o tipo de pessoa que perde o controle, mas isso não se aplica quando o seu vizinho de porta enigmático, Weston Wade, está na jogada. Eles nunca se encontraram pessoalmente, mas as "atividades" barulhentas de Weston, principalmente...