Válvula de escape, capítulo 10

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— Eu vou querer uma Brown Ale, por favor

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— Eu vou querer uma Brown Ale, por favor. 

O barman olha para o meu irmão com o rosto torcido, e diz, com desprezo: 

— Não temos isso aqui. 

— Uma Porter, então. 

O homem olha para o meu irmão como se ele estivesse tentando fazer uma piada sem graça. 

— Talvez uma Stout? — insiste o meu irmão. 

— Vamos querer duas Heineken, por favor — peço, tentando acalmar os ânimos. 

O barman, com cara de poucos amigos, abre duas cervejas e desliza as garrafas pelo balcão antes de nos dar as costas, deixando claro que não somos os seus clientes favoritos. 

Dominic pega a sua cerveja, bufando. 

— Eles têm bebida holandesa, mas nada que agrade o paladar dos ingleses. Quanta hipocrisia. — Ele dá um gole na cerveja holandesa de má vontade. 

— Você está em solo estadunidense, Dom, lembre-se disso — bebo um gole da minha cerveja. 

— Eu deveria voltar para Londres, de onde eu nunca deveria ter saído; lá é meu lugar — reclama. 

— Você pode fazer isso a qualquer momento, então, o que te impede? — questiono. — O que te fez sair de Londres, pra começo de conversa? 

— Você, é claro. 

— Eu? 

— Eu não podia deixar você sozinho nesse país desconhecido. 

Solto uma risada sarcástica. 

— Eu sei me cuidar muito bem sozinho, maninho. Não podemos dizer o mesmo sobre você — provoco. 

— O fato de eu viver a minha vida de uma forma menos monótona que a sua não quer dizer que sou irresponsável — argumenta. 

Lanço um olhar sarcástico para o meu irmão, que apenas dá de ombros. 

— Você não é feliz aqui? — pergunto. 

— Sou — sua resposta é mais do que convicta. — Gosto do meu trabalho, gosto dos amigos que tenho aqui e, principalmente, gosto das mulheres dessa cidade — ele diz maliciosamente, o que me faz revirar os olhos —, mas sinto falta de casa. Dos nossos pais. Não aguento mais ver futebol americano na ESPN local. 

Solto uma risadinha. 

— Também sinto falta da vida que eu tinha lá — admito. 

Ele me olha de canto de olho, o rosto mergulhado na baixa luminosidade do bar, enquanto uma música do Pink Floyd estoura nos alto-falantes, o que reforça a minha saudade de casa. 

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