Me desculpei quando não deveria

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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Acordei com um aperto no peito, sentindo tudo estranho ao meu redor e essa sensação eu já conhecia bem. Ansiedade. Acordar com ela já era mais comum do que parecia, mas eu nunca acordava assim ao lado do Jão e isso me dava medo. Muito medo.

— Puta que pariu... — Xinguei vendo o quão cedo acordei em um domingo. Li as conversas da madrugada de meus amigos, planejando se encontrar na casa de Marília e Zebu. Respirei fundo e fui fazer minhas coisas.

Tomei banho pensando que estava indo rápido demais. Escovei os dentes pensando que iria me machucar de novo. Tomei café da manhã relembrando o encontro. Assisti série pensando que ele não gostava de mim na mesma intensidade.

Ok, eu estava perdendo a cabeça. Me arrumei para ir a casa de Marília e Zebu, coloquei só um shorts Tactel e uma camisa da manga curta do hora de aventura. Peguei um Uber e fui até lá.

— Você parece acabado pra quem teve um encontro ontem! — Disse Malu assim que abriu a porta pra mim.

— Nossa, Pedro, que bom te ver, boa tarde, tudo bem?! Ai Malu eu tô me sentindo meio mal, mas tô bem, e você?! Se fuder, mulher! Eu hein! — Respondi entrando deixando a mesma atordoada, sentei-me no sofá e então me abracei tentando me proteger o máximo possível de mim mesmo.

Porque eu era assim?! Me torturar por algo que eu nem sei se vai acontecer?! Ser humano não se contenta mais com nada.

[...]

Meus amigos haviam feito o almoço, macarrão com almôndegas, algo simples mas muito gostoso. Eu não sentia tanta fome, mas comia para não fazer desfeita, os gatos de Zebu e Marília rodeavam a mim e a Malu, sempre pedindo carinho, um fofos.

— Ok, Pedro. Fala logo o que aconteceu! Tô ficando maluca já! — Pediu a morena, fazendo-me levantar os olhos do carinho que eu fazia no pantufa. Estávamos na mesa, então olhei para eles que estavam como se pedissem socorro.

— Malu, a gente combinou que isso seria depois do almoço! — Disse Zebu, dando uma bronca na mulher, que apenas deu de ombros e pôs o garfo de volta ao prato.

— Não dá pra ficar esperando a boa vontade dele. Da última vez que fizemos isso, ele se trancou em casa e só saiu quando fomos até ele, não tenho mais como ficar implorando por explicações! Amo ele e me importo com ele, se não quiser falar agora, beleza, mas precisamos saber se podemos ajudar de alguma forma, nem que seja assistindo o filme favorito juntos! — Respondeu Malu e logo soltou um suspiro e me olhou nos olhos. Nós nos conhecemos desde pequenos, crescemos e viemos pra cá juntos. Sabia o quanto ela estava mal com tudo isso que eu vinha passando agora.

— Ok, vou começar. Eu estou com medo! Olha a novidade. — Falei de forma sarcástica, fazendo eles me olharem com curiosidade.

— Do que exatamente?! — Questionou Marília de forma cuidadosa. Sorri pra ela.

— Como vocês sabem, ontem eu saí em um encontro com o João, e foi tudo perfeito, o piquenique, as conversas e enfim, até veio uma menina dizer que éramos um casal fofo... — Minha mão começou a tremer e então tentei baixar a mesma só que não consegui.

— Sim, continue, querido! — Pediu Zebu, segurando minha mão quando viu minha desmotivação em falar e meu tremor.

— Só que eu tive uma conversa com ele sobre meus limites, sobre eu querer que ele termine com aquela mulher e exclusividade total... — Soltei uma risada amarga enquanto falava. — Só que eu tô com medo, e dessa vez não é de não dar certo, é de dar certo.

— Você poderia explicar?! — Malu falou de forma sútil. Eu estava me sentindo um copo de vidro extremamente delicado.

— Se der certo, quando vai acabar?! Se der certo, como eu vou agir?! Entende?! Eu tô cansado de amar mais quem me trata mal, e aí eu tô gostando realmente dele agora e não sei o que fazer em relação a isso tudo. — Baixei os olhos e então as lágrimas rolaram do meu rosto. Porque eu tinha que ser tão quebrado?!

— Ei, Pepeu, olha pra mim. — Pediu a aloirada, olhei para ela que sorriu pra mim e levantou. Se agachou na minha frente e secou minhas lágrimas. — Ninguém é perfeito e não posso dizer que seu relacionamento vai ser eterno, pois nada é, além do meu óbvio.

— Aí como é besta! — Disse o Guilherme recebendo uma língua pra fora da mulher.

— Enfim, eu sei que pra você é muito difícil aceitar ser cuidado, mesmo que a gente tente, você se coloca como o único que não pode chorar, que não pode ser "fraco" e que tem que aguentar tudo, mas não é assim que funciona! — Exclamou ela, limpando meu rosto.

— Entrar em qualquer tipo de relacionamento pensando em como vai terminar é cilada, pois eu já fiz isso! Lucca, era pra estarmos juntos, mas não deu! Tudo tem um preço e meu medo fez eu perder ele. Eu tô bem com isso agora porque já aceitei e estou seguindo em frente, existiu um dia essa possibilidade, mas o universo me deu ele pra mostrar que em meu próximo relacionamento eu não posso fazer as mesmas coisas! Você precisa tentar! — Afirmou Malu, sorrindo pra mim, e então me pus a chorar.

— Se você cair, o que não acho que vá acontecer, estaremos aqui, sempre! Todos os dias em que você pensar merda, liga, a gente te ama e fazemos isso também! Estamos aqui pro que der e vier! — Falou Zebu logo vi eles, que estavam sentados se levantarem e me darem um abraço em grupo forte.

Eu tenho os melhores amigos do mundo e nada me provaria o contrário.

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Capítulo Revisado
Palavras: 966

ᴇᴜ ᴘᴏꜱꜱᴏ ꜱᴇʀ ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴄê, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora