Jão Romania, point of view,
São Paulo.Olhava-me no espelho com uma coragem desconhecida até então. Sempre tentei ser bom para todos, o filho de ouro, o melhor irmão, o amigo sempre presente, o namorado bajulador e querido. Sempre simpático e nunca reclamando, fingindo que não sentia atração por outros seres humanos, me fazendo de surdo e mudo para todos os absurdos da faculdade só para me encaixar.
Não conseguia mais fingir que tava tudo bem, não depois do que Beatriz havia feito comigo. Me arrumei hoje, hidratei e finalizei o cabelo como ela achava, ou acha, que era coisa de mulher, coloquei meus brincos que a muito tempo não usava, os de coração. Uma regata branca simples, uma calça jeans pantalona com várias estrelas que Giovana havia me dado no meu aniversário do ano passado e uma jaqueta de couro que não usava há muito tempo.
— Se você não tivesse indo pro crime só por vingança eu te levaria lá e gritaria: "ele tá solteiro, menines!" — Falou Alana olhando para mim encostada no aro da porta.
— Menines?! — Perguntei fingindo não entender a colocação.
— Todo mundo menos você se aceita bissexual! — Disse Renan passando pelo corredor.
— Vocês não tem casa não?! Vivem aqui! — Respondi desviando do assunto, enquanto tirava o durinho do creme me encarando no espelho.
— Sua casa é mais confortável! — Gritou Gio da cozinha, fazendo-me revirar os olhos enquanto sorria. Meus amigos eram tudo pra mim.
— Odeio todos vocês! — Afirmei saindo do banheiro, Alana me dando espaço para passar, e subi correndo pro meu quarto para caçar um sapato bonito para combinar com o look.
— Você ama a gente! — Exclamou o mais novo, mas eu não fiz nada além de revirar os olhos mais uma vez, achando minha botinha que não usava fazia muito tempo. Calcei e então peguei minha bolsa pequena, pondo o celular, power bank, hidratante labial e o cartão, pois não sou louco de levar a carteira.
— Como estou?! — Desci a escada e encontrei todos no pé da mesma me esperando como se eu fosse uma donzela de filme da sessão da tarde.
— Meu Deus, tá todo aviadado! — Falou Giovana recebendo um tapa de Alana. Minhas bochechas esquentaram e então fiz de tudo para fingir que aquilo não me abalou. — Desculpa, primo! Foi o pensamento intrusivo, olha o Renan, é viado e é lindo!
— Me respeite sua sapatona, maconheira filha da puta! — Rebateu Renan jogando os cabelos imaginários para trás. — Você tá lindo, Jota! Vai arrasar!
— Nossa amigo, você arrasou muito nesse look! Doida pra quando você viver cantor e fazer esses looks ícones! — Afirmou a morena, me fazendo sorrir largamente e terminar de descer a escada.
— Obrigado pelo apoio, amigos e Giovana! Bom, vou indo nessa. Não sei se volto hoje, então cuidem dos meus filhos, fazendo favor! — Falei e então sai, sem dar brecha para eles falarem qualquer coisa, afinal, sabia o que aconteceria se eu o fizesse.
[...]
Desci de minha moto parando na frente do local, não havia ninguém para encontrar, só queria curtir um pouco a vida, beber e fazer coisas que me arrependeria no dia seguinte.
— Boa noite! Uma tequila com limão e sal, por favor. — Pedi para o barman assim que cheguei no bar.
— Boa noite! Não prefere algo mais tranquilo para começar a noite não?! — Perguntou de forma risonha. O cara era alto, forte, tinha bastante cabelo e uma barba meio aparada.
— Eu quero começar bem, seu... — Procurei uma brecha para descobrir seu nome, mas logo percebi o que havia no seu dedo.
— Guilherme, mas prefiro que me chamem de Zebu! — Piscou pra mim e se dirigiu a trazer meu pedido.
A música não estava tão agitada, mas a aglomeração de pessoas, se beijando, dançando, suando, bebendo, deixava o ambiente cada vez mais interessante. Zebu trouxe a dose e então, tomei como nos meus anos de faculdade, chupei o limão, pus um pouco de sal na boca e virei a dose de tequila. Fiz uma leve careta e então o moreno sorriu pra mim.
— Sabe, senhor... Tem um menino te encarando desde que você chegou, ele tá ali... Não sei se é psicopata, mas se quiser descobrir! — Apontou o barman, parecendo segurar o riso.
Olhei para a direção que o mesmo me deu, e então vi um homem, encostado em uma parede não tão longe do bar, encarando-me. Quando percebeu que eu havia visto desviou o olhar e saiu.
— Não sei se vou encontrar ele tão cedo.
— Não custa nada esperar! Se o universo quiser, ele vai juntar vocês essa noite! — Disse Zebu e saiu, me deixando sozinho com meus pensamentos, para ir atender outros clientes.
Eu encontraria esse homem, mas antes, aproveitaria essa noite.
[...]
Separei a boca da mulher da minha, dançávamos lento uma música sedutora em espanhol que tocava, quando a soltei e então voltei ao bar.
— Aproveitando, senhor?! — Questionou o homem, enquanto eu me sentava na banqueta do balcão.
— Pare de me chamar assim, meus amigos me chamam de Jão! E agora você é meu amigo honorário! — Respondi deixando-me levar pelos pensamentos descontrolados, ainda não havia bebido o suficiente, mas sabia que teria que pedir pra Alana buscar minha moto.
— Tudo bem, Jão! E então, vai querer algo mais, ou falar com aquele moço que está ali?! — Apontou Zebu para o moço sentado a três banquetas depois da minha, sorri para ele, que me olhava, fazendo o mesmo baixar a cabeça com um sorriso malicioso, e então olhar-me para mim novamente, com olhos que eu deixaria facilmente estragarem minha vida.
— Vou falar com ele! — Me levantei e então sentei do seu lado. Não sabia o que estava fazendo, mas sabia que queria experimentar algo que nunca me permiti fazer, queria beijar outro homem. Não só beijar.
— Boa noite! — Disse o moreno com a voz rouca, fazendo-me arrepiar de forma sublime, minha cabeça viajou levemente, pensando em tudo que eu faria com ele de pudesse.
— Boa noite... Vi que você me estava me observando! Qual seu nome?! — Perguntei fazendo o homem sorrir com minha audácia.
— Sim, eu estava, meu nome é Pedro, e o seu?! — Pedro passou a mão nos cabelos, que pareciam recém cortados fazendo tudo ficar em uma leve câmera lenta.
— João, mas pode me chamar de Jão! — Afirmei mexendo no meu anel de estrela que havia colocado hoje.
Ele vestia uma regata branca e uma calça boyfriend, que como um bom apreciador de moda eu reconheceria em qualquer lugar, seus braços eram fortes, usava brincos de argolinhas na orelha e o sorriso me deixava desnorteado.
— Tudo bem, Jão... — Disse em um sussurro que quase me fez ofegar.
Continuamos conversando durante um longo tempo... Toda vez que ele abria a boca eu queria subir em cima dele, beija-lo. O que só me deixou mais e mais confuso.
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O que os olhos não vêem o coração não sente.
Capítulo Revisado
Palavras: 1144
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ᴇᴜ ᴘᴏꜱꜱᴏ ꜱᴇʀ ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴄê, au pejão
FanficOnde Jão Romania precisa descobrir o que verdadeiramente é. Ou Onde Pedro Tófani parece ser um ótimo começo para isso. "- Você não percebeu que eu te amo?! Minhas veias clamam por você! - Gritou o loiro, enquanto as lágrimas inundavam seu rosto, en...