Eu não preciso te dizer

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Pedro Tófani, point of view,
São Paulo.

Depois de duas longas semanas escutando meus amigos e minha psicóloga, decidi dar uma chance pro João Vitor. Eu sei que era ridículo todo esse auê, mas eu não sei se realmente posso confiar nele dessa forma ainda, por isso, sei meu primeiro pedido, e esse vai ser o teste final.

— Ei, Jão, tudo bem?! Eu queria saber se tu quer ir num parque comigo nesse sábado, vamos fazer um piquenique e tals. — Mandei um áudio e então desliguei o celular. Jogando-me dramaticamente na cama, ouvi uma notificação.

Oi, Peu! Tô bem sim, e você?! Tô respondendo com áudio porque tô saindo de casa pro estúdio agora, então tô levemente apressado, não repare nos barulhos. Eu quero sim, me passe a lista do que eu posso levar pra não ficar pesado pra ti! Te adoro, beijos! — Respondeu o loiro através de um áudio, fazendo-me sentir um frio perigoso na barriga.

É cedo demais pra se apaixonar.

[...]

Cheguei no ponto de encontro onde marcamos de nos encontrar em um local para seguirmos ao parque. Batia o pé nervoso no chão, trouxe algumas frutas e sanduíches. João estava responsável pela água, os sucos, pelos meus doces favoritos e insistiu também em trazer uma caixinha de salgados, mesmo eu recusando, sei que ele vai trazer, então apenas desisti da argumentação e continuei minha vida.

— Oi, Peu! — Jão chegou, tirando-me dos meus pensamentos, me deu um beijo na bochecha e sorriu pra mim, fazendo os olhos ficarem pequenos. Não quero me apaixonar.

— Oi, Jota! Tudo bem?! Tá muito pesado?! Me dê que eu carrego! — Reparei nas diversas sacolas em suas mãos, mas logo meus olhos subiram para seus braços grandes e fortes, lembrando-me de coisas que não deveria lembrar.

— Não, eu tô mais forte, não precisa! — Respondeu piscando pra mim, que já estava vermelho. Ele usava uma regata branca lisa e uma calça jeans wide leg, brincos, colar e uma pulseira de pérolas junto a um anel dourado de estrela. Seus cabelos estavam baixos, e os cachinhos apareciam.

— Você está lindo! — Falei e percebi quanto tempo fiquei olhando para o loiro, que sorriu maliciosamente. Vitor iria me matar lentamente.

— Você está incrível! E cheiroso! — Afirmou chegando perto do meu pescoço e cheirando, se atrevendo a roçar os lábios no mesmo. Senti todos os pêlos do meu corpo se arrepiarem.

— Okk, vamos?! — Questionei já me afastando do Romania, que soltou uma leve risada e então me acompanhou.

Fomos para um lugar mais afastado, perto de uma árvore que fazia compra, onde via-se crianças andando, gritando, brincando, correndo, pais olhando para o celular ou brincando junto. Pessoas e seus animais de estimação, ou com seus amigos bebendo algo, conversando. Alguns dates. Tudo normal para um dia de sábado no parque.

— O que você trouxe?! — Perguntou o Balbino assim que nós nos sentamos, abrindo minha mochila como uma boa criança curiosa.

— Fiz aqueles sanduíches de frango que você gostou da última vez. Com frango desfiado e bem cremoso! — Ele me encarou e então olhou para os meus lábios como se quisesse me beijar naquele momento, mas não, isso não poderia acontecer.

— Você é um ser humano de luz, Tófani! De luz! — Brincou o outro, retirando suas frutas da bolsa.

Assim o tempo foi passando, o dia estava incrível e a companhia de João Vitor era simplesmente incrível. Não que eu não soubesse disso, mas eu preferia evitar recordar desse fato durante um tempo. Agora ele estava com a cabeça em meu colo, contando do dia em que pediu trinta pães no aplicativo, enquanto eu ria, ele ficava se fingindo de emburrado, fazendo um biquinho perfeito para a merda de um lindo selinho.

Quando ele terminou de contar eu já estava chorando de rir com tamanha lerdeza. Assim que me estabilizei olhei para seu rosto, lindo e perfeito, respirei profundamente. Sabia que precisava falar logo.

— Jão, eu preciso falar contigo sobre algo, não sei se tu vai curtir, mas preciso estabelecer certos limites! — Comecei e então ele se levantou rápido, ficando sentando frente a mim.

— Pode falar, Pepeu! — Falou de forma ansiosa, fazendo-me derreter levemente com o apelido.

— Bom, você tem todo o direito de negar ou sei lá, mas eu preciso que primeiro, você termine em definitivo com a Beatriz. Sei que tá praticamente terminado, mas você não precisa ir conversar com ela pessoalmente, aliás coisa completamente desnecessária... — Pausei sentindo um leve ciúmes subir em minha epiderme. Balancei a cabeça, tentando tirar esse sentimento de mim, e assim que olhei pro Romania, ele me olhava de forma surpresa e ansiosa por mais. — E também, se tu quer realmente estar comigo, eu vou querer exclusividade total, eu sou levemente possessivo, como você já percebeu... Mas pode ter seu tempo para pensar sobre isso se quiser e...

— Não, eu não preciso pensar tanto assim! Eu quero você, Tófani, só você! — Afirmou o loiro, fazendo-me olhar em seus olhos, que brilhavam e o sorriso gigante em seu rosto.

— Ok, mas nada de beijos até você terminar com aquela puta! — Disse, fazendo Jão fazer um biquinho.

— Ok! — Respondeu e então deitou no meu colo de novo, ficamos em silêncio até sentimos algo vindo em nossa direção. Era uma criança, com cabelos cacheados volumosos, um vestidinho de flores e pulseiras coloridas no braços, preta como a noite. A coisa mais linda.

— Oi tios, só vim dizer que minha mãe disse que vocês são um casal muito lindo e que minha outra mamãe concordou e eu também acho! — Exclamou a menina e saiu correndo em direção a suas mães, que abriram os braços quando ela tava chegando e abraçaram ela. Olhei para João, que agora sorria feito uma criança.

O dia não poderia estar mais perfeito.

[...]

Ele insistiu em me deixar em casa, cedi apenas porque estava muito cansado para esperar um Uber, então ele me deixou aqui. Abri a porta e me virei para ele.

— Quer entrar?! — Perguntei com a voz baixa, já que estava cansado.

— Ahh, você sabe eu que adoraria, mas amanhã vou sair com os meus amigos bem cedo, então não posso... Você é tão lindo! — Respondeu ele, colocando um elogio no meio. Sorri e então o abracei por cima dos ombros. Ele apertou minha cintura e respondeu ao aperto com força também.

— Fica bem, dirige com cuidado, por favor! E asism que chegar em casa me liga, ok?! — Sussurrei em seu ouvido durante o abraço. Ele me apertou mais forte, dando um beijo em meu pescoço.

— Eu vou, não se preocupe. — Decidi não responder que iria sempre me preocupar e segui. Jão me soltou levemente e me deu um beijo na testa. Largou minha cintura e então pegou seu capacete que estava no chão. — Vê se descansa, ok?! Assim que eu chegar em casa te aviso, boa noite, príncipe!

— Vou te esperar! Boa noite, querido! — Esperei a porta do elevador fechar para então fechar a minha. Suspirei sorrindo fraco e fui tomar meu banho.

Mais um dia, mais um amor. Quem sabe esse não fique pra vida.

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Capítulo Revisado
Palavras: 1177

ᴇᴜ ᴘᴏꜱꜱᴏ ꜱᴇʀ ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴄê, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora