Eu só queria viver um pouco

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Jão Romania, point of view,
São Paulo.

Sai do apartamento do moreno me concentrando em chegar em casa e chorar. Liguei para Renan e disse que não conseguiria ficar sozinho agora.

Eu entendi tudo, disse coisas com raiva só pra fazer ele ficar como eu fazia com Beatriz, mas ele não é ela, ele debateria de volta e eu odeio machucar os sentimentos dele.

Cheguei em casa e fui direto pro banho, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo, me vesti e deitei na cama, deixando meus gatos subirem em mim e logo comecei a chorar como uma criança. Não acredito, bem que a minha mãe me avisou que eu ia conhecer o amor e deixaria ele ir embora... Se ele me amar demais eu fico confuso, um amor fácil me apavora.

— Ei, Jota! Estamos aqui! — Disse Renan passando a mão por meus cabelos, respirei entre cortado, deixando as lágrimas continuarem rolando.

— Quando você quiser falar, estamos aqui, ok?! — Falou Gio, assenti e continuei chorando.

— Vou marcar a sua terapia e sem desculpas para não ir! — Afirmou Alana e então apenas me afundei um pouco mais.

Eu precisava disso há muito tempo, apenas não queria admitir que tudo me afetava além da conta, tudo era sempre demais. E agora era realmente um peso muito grande para carregar sozinho.

[...]

Eu fiz porque eu podia, por que ele me queria e eu queria saber... — Cantarolei entrando na sala.

— Olha só quem acordou inspirado! Finalmente depois de tanto tempo! Você realmente deveria investir em ser cantor, meu filho! — Disse Renan, mexendo no celular.

— Eu já vou fazer vinte e cinco anos, não dá mais tempo! — Falei suspirando, eu queria muito, mas já estava tarde.

— Você vai fazer vinte e quatro ano que vem, já lançou uma música autoral, tem várias composições, eu acho que você deveria tentar, tenho muitos contatos e pisos fazer essa média! — Respondeu Alana.

— Não sei não gente... Enfim, quero conversar sobre o que aconteceu, mas não sei como começar! — Tentei encerrar um assunto extremamente difícil para mim que é meu sonho de ser um cantor e ir para um mais difícil ainda, falar sobre meu amor por Pedro. Sim, eu amo ele.

— Bom, você pode começar pela forma como se sentiu quando ele te chamou para conversar, e podemos escrever suas músicas enquanto isso! — Brincou Giovana fazendo-me sorrir.

— Vocês sabem o quanto o álcool foi um refúgio ridículo para mim durante todos os meus anos, sejam de faculdade ou agora, me sinto só o tempo todo e isso não tem nada a ver com vocês, óbvio. — Tentei ser cauteloso.

— Óbvio que não, João! É só como você se sente, nunca nos ofenderia com isso! — Afirmou o outro homem, pondo uma mão em meu ombro em solidariedade, fazendo-me sorrir.

— E quanto mais eu bebo mais me sinto só! Sei de cor os problemas de todo mundo e eu não quero mais viver assim, indo de bar em bar pra terminar no mar, de ressaca. Eu quero ter paz, não gosto desse caos que minha cabeça faz, gosto do caos que o Pedro me faz sentir e mesmo assim afastei ele! — Exclamei de cabeça baixa.

— E porquê você se afastou se gosta?! — Perguntou minha prima baixinho.

— Porque eu sinto que não mereço ele, o ciúmes corroe todas as minhas certezas, me afasto por não ter aquela beleza, só que ele é tão bom pra todos, principalmente pra mim, e eu tô tão cansado de fugir das coisas que são boas pra mim! — Me joguei no sofá pondo as mãos no rosto.

— Ok, mas o que você falou pra ele que fez ele se afastar novamente?! — Alana tirou as minhas mãos do meu rosto e acariciou meus cabelos.

— Eu disse coisas com raiva, pensei que ele estava me culpando por todos os nossos problemas e então quando falei parecia que a culpa era dele, mas não é! Nós dois não sabemos nos comunicar direito e tínhamos que aprender juntos a não ferir um ao outro, eu acho... — As lágrimas já desciam pelo meu rosto mais uma vez.

Eu estava tão machucado e havia machucado ele de novo.

— No fundo, João, vocês dois são só duas crianças que ainda não aprenderam a amar. Magoados pela vida, você acha que manipular vai ser a solução e ele já foi muito manipulado para passar por isso de novo! — Falou o moreno apertando de leve meu braço.

— Tudo bem errar, pelo menos você não é do tipo que não admite que errou, e sim se culpa demais o tempo todo! Se dê um tempo e dê um tempo para ele pensar e refletir sobre a própria vida dele, ok?! Vocês dois se amam sim, mas precisam saber como dosar isso. Amor é uma escolha que se faz todos os dias e tem que ser corajoso, tem que ter coragem, pra amar coragem, pra devolver coragem! — Disse Gio, passando a mão pelos meus cabelos.

— Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter, meu lar e meu casulo... — Beijei as mãos de meus amigos num ato super gay, abracei a eles.

Eles seriam sempre meus grandes amores.

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Capítulo Revisado
Palavras: 858

ᴇᴜ ᴘᴏꜱꜱᴏ ꜱᴇʀ ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴄê, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora