Eu fiz porque eu sentia, que senão eu sumiria

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Jão Romania, point of view,
São Paulo.

Acordei com o sol batendo em meu rosto, usava meu moletom que havia esquecido aqui, junto a calça moletom de Tófani, afinal, estava um frio do cacete em São Paulo. Não parecia nenhuma novidade acordar com ele, principalmente quando era isso que meu corpo queria.

Ontem conversamos muito e ele disse coisas sobre dar uma chance para nossa amizade pelo menos. O que já me deixou feliz, mas óbvio que não queria só isso, porém aí lembro que ainda não terminei com a vagabunda da Beatriz.

Ei, bom dia! Tudo bem?! — Perguntou o moreno com a voz rouca, o sol iluminava seu rosto de forma serena, parecia que era um deus. Sem blasfêmia, obviamente, sem militância aqui também.

— Estou melhor, obrigado por tudo! Já vou embora! — Falei me levantando, mas fui puxado pelo outro para ficar. Deitei-me de novo e então olhei para Pedro, que parecia confuso.

— É sábado, pra você ter dormido aqui não tem nada pra fazer pela manhã, assim como eu! Deita e dorme de novo, aproveita pra descansar o que não descansou esses meses. — Afirmou o mais novo, me deitei mais confortavelmente e então esperei o sono me atingir novamente.

Ah e novidade, quando acordei nessa vez, ele estava deitado no meu peito.

[...]

Cheguei em casa, deixando as chaves em cima do móvel da entrada. Tirei meus sapatos e coloquei o capacete também no móvel. Assim que chego na sala encontro meus amigos, vulgo desempregados, deitados no meu sofá bebendo vinho.

— Dormiu lá e demorou pra voltar. Avemaria, cuidado que homem não engravida, mas vai que vocês mudam a biologia! — Disse Alana assim que me viu, tirei minha jaqueta sem responder nada e então coloquei no guarda casaco.

— Porque será que eles são assim, esses gays, sinceramente! — Falou Renan, comendo um pouco de pipoca.

— Você é o que Renan?! Hétero por acaso?! — Giovana questionou. Sim, eles sabiam sobre Pedro, pois tive uma crise e então revelei tudo.

— Vou tomar banho. Depois quero conversar sobre algo, ok?! — A única coisa que saiu da minha boca durante todos esses minutos de tortura que passei nessa sala.

Subo rápido e então tomo um banho lento. Pensando em todas as coisas que quero falar, porém não sei como começar. Acho que no fim, falaria apenas o que sentia em relação a tudo isso. Sai do banho, passei meu hidratante e meu perfume de dormir, coloquei meu pijama e desci.

— Bom, senhor Romania, o que tem a nós dizer?! — Perguntou Renan, se ajeitando no sofá assim que me viu descer. Sentei-me ao lado de Giovana, que me puxou para um abraço de lado, fazendo minha cabeça descansar em seu ombro.

— Não é um assunto fácil de falar e vocês provavelmente já sabem, mas não queria piadas sobre isso agora. — Pedi e eles confirmaram com a cabeça. — Bom, eu tô em um conflito interno, sei que fiz merda com o Pedro, pedi desculpas e tudo que vocês já estão sabendo, mas eu nunca pensei que fosse gostar tanto de alguém, ainda mais esse alguém sendo um homem.

— Ok, prossiga! — Exclamou minha prima, segurando minha mão em solidariedade, após eu parar de falar por sentir um nó na minha garganta.

— Eu não me senti dessa forma nem por Beatriz. Não digo que não amei ela, amei sim, mas não é metade do que eu sinto agora! Beatriz era mais como uma necessidade de uma companhia depois de certo tempo, de dizer que tinha uma namorada, já o Pedro, eu não preciso dele, porém eu quero ele com todas as minhas forças e eu não faço a mínima ideia do que fazer em relação a tudo isso! — Minha voz tremeu ao sair, todos os monstros que me impediam de dormir por tantos anos voltaram como uma névoa. Lembrando-me de todos os meninos e meninas que gostei na escola.

— Você não precisa saber o que fazer agora na verdade, você é um menino que nunca teve o amor de verdade. Foi machucado e acabou machucando alguém, além do mais, nem sabe o que vai acontecer no futuro, se vai ficar com ele ou não! Sei que estou sendo dura agora, mas é a verdade! — Disse Alana, olhando-me com carinho.

Você gosta de meninos e meninas, todos eles cabem no seu coração, tudo que você precisa é viver agora. Viva esse sentimento, se o Pedro quiser ficar contigo, ótimo, se não, paciência, não podemos obrigar ninguém a ficar, mesmo que esse seja o nosso forte! Independente de que tu seja bi, pan, o caralho a quatro, vamos amar você e seus pais também! Todo mundo que te ama de verdade vai te aceitar! — Afirmou Renan sorrindo, as lágrimas desciam de meu rosto enquanto eu puxava a camisa de Giovana.

— Amamos você e queremos você feliz, beije na boca, se arrependa, beba demais e viva, com responsabilidade óbvio. O amor que sentimos por você não acaba assim que você se redescobre no mundo, ok?! Te amamos sempre! — Falou Gio, fazendo cafuné em meus cabelos.

Meu coração é grande e cabem todos os meninos e meninas que eu já amei?! Sim, com certeza, mas só queria amar Pedro.

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Capítulo Revisado
Palavras: 868

ᴇᴜ ᴘᴏꜱꜱᴏ ꜱᴇʀ ᴄᴏᴍᴏ ᴠᴏᴄê, au pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora