Capítulo 26

256 21 2
                                    

Marcus

Era uma manhã cinza e pesada quando Lucas foi levado ao tribunal. O céu estava carregado de nuvens, como se refletisse o peso da situação que nos aguardava. A cada passo que eu dava em direção ao tribunal, sentia a tensão crescer, um nó apertado no meu estômago que não parecia ceder. O ambiente do tribunal era frio e impessoal, com o eco dos passos dos advogados e a movimentação dos funcionários do tribunal criando um som constante de fundo.

Lucas estava ao meu lado, seus movimentos um pouco hesitantes, o olhar fixo à frente, mas a dor e a exaustão eram visíveis em seu rosto. Ele havia passado quase duas semanas na cama do hospital após o confronto com Miguel, e a recuperação estava sendo lenta e dolorosa. No entanto, ele estava determinado a enfrentar o julgamento de cabeça erguida, mesmo que as evidências contra ele fossem esmagadoras.

O tribunal estava lotado, com uma mistura de repórteres, advogados, e curiosos que haviam vindo para assistir ao caso. Eu me sentei na primeira fileira, o lugar mais próximo de Lucas que eu poderia conseguir. A sensação de estar tão perto, mas ao mesmo tempo tão impotente, era esmagadora.

O juiz entrou e a sessão começou. As portas do tribunal se fecharam com um baque seco, e o ambiente tornou-se ainda mais solene. As acusações foram lidas, e eu observei Lucas se encolher ligeiramente a cada palavra. O promotor apresentou o caso com uma certeza fria, destacando o histórico de Lucas e os eventos que levaram à morte de Miguel. Cada detalhe era um golpe direto no meu coração.

A defesa tentou argumentar sobre as circunstâncias atenuantes, mencionando o estado psicológico de Lucas e os eventos traumáticos que levaram ao confronto. A dor de ver Lucas sendo apresentado como um criminoso impiedoso era quase insuportável. Eu sabia que ele havia cometido erros, mas também sabia que o homem que estava sentado à minha frente era mais complexo do que o retrato que estava sendo pintado.

O tribunal se desenrolava como um pesadelo. As testemunhas foram chamadas, e cada uma delas parecia intensificar a sensação de culpa e arrependimento que Lucas carregava. Eu via a dor em seus olhos, a maneira como ele tentava se manter firme, mas o peso das acusações e a sensação de estar encurralado eram evidentes.

Ao final do dia, Lucas foi levado de volta para a cela do tribunal, e eu o segui até lá, determinado a oferecer o máximo de apoio possível. A tristeza e a culpa se misturavam em minha mente, a sensação de ter falhado em proteger o homem que eu amava era esmagadora.

— Marcus... — Lucas começou, sua voz fraquejando. — Desculpe por tudo isso. Não queria que chegássemos a isso.

Sentei-me ao seu lado, pegando sua mão. O toque frio e trêmulo dele era um lembrete doloroso de como tudo havia mudado.

— Não é sua culpa — eu respondi, a voz cheia de firmeza. — Eu estou aqui para você, Lucas. Vamos enfrentar isso juntos. Tudo o que importa é que estamos lutando, e você tem uma chance de se redimir.

Ele me olhou com uma gratidão silenciosa, e nós permanecemos em silêncio por um momento, ambos imersos em nossos próprios pensamentos. O futuro era incerto, mas naquele momento, eu sabia que meu papel era estar ao lado dele, oferecendo a força que ele precisava para enfrentar o que estava por vir.

A noite caiu e o tribunal fechou suas portas, mas a luta de Lucas estava longe de terminar. Eu sabia que o verdadeiro desafio estava apenas começando, e que a luta pela justiça e pela redenção de Lucas seria uma jornada longa e difícil. Mas, pelo menos, eu estava determinado a estar ao lado dele a cada passo do caminho, não importa o que o futuro nos reservasse.

Depois do tribunal daquele dia, eu sabia que precisava fazer mais do que simplesmente sentar e esperar que o destino decidisse o futuro de Lucas. Ele havia contribuído de muitas maneiras para o Morro da Província, e era hora de mostrar ao mundo o lado positivo de sua liderança.

O Dono do Morro (romance gay) - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora