Capítulo 11

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Eu corria pelas escadas do  segundo andar, descendo até o quarto de Lucas. Algo estava acontecendo comigo! Minha garganta estava fechando, não conseguia respirar, precisava de ajuda... onde estaria Lucas? Me questionei. Não o encontrava. Me deitei sobe o chão da sala, tentando arrancar o que estava prendendo minha respiração. SOCORRO, eu tentava dizer, mas nada saia de minha garganta além de esboços de um fraco gritinho fino. Eu já estava sem forças para continuar a lutar, quando acordei com um espasmo. A cortina fazia um barulho estanho por conta da janela que estava aberta, eu havia pego no sono enquanto lia um livro que eu já estava enrolando a um tempo. Era uma madrugada chuvosa. Os galhos da árvore que ficava no quintal faziam um barulho que me assustava um pouco.

Brevemente, meus pensamentos vagaram a Lucas. Ver ele naquela tarde, despido em seu momento de intimidade, me causou um certo desentendimento interno em mim. Meu corpo havia se arrepiado. Lembro de paralisar ao vê-lo, meus olhos deslisarem pelo seu corpo, e meu coração a palpitar. Me questionava durante toda madrugada se o que eu vinha sentindo era um afeto caloroso por ter sua presença com frequência em casa, ou se algo estava mudando dentro de mim. Não fazia ideia de a quanto tempo eu não via outra pessoa como ele por perto. Afinal, meu antigo relacionamento finalizou a três anos, desde então, não havia se quer beijado outra pessoa.

Me levantei da cama em busca de tentar me acalmar do pesadelo, lentamente meus pensamentos tomavam novos rumos. Desci as escadas iluminando com a luz da lanterna do celular, indo a cozinha para beber um pouco de água.

A cozinha estava fria e silenciosa, um contraste com a agitação que sentia por dentro. Peguei um copo e enchi-o com água da geladeira, bebendo lentamente enquanto tentava acalmar meus pensamentos. O pesadelo ainda pairava em minha mente, um lembrete sombrio da minha vulnerabilidade.

Ao olhar pela janela da cozinha, vi a silhueta de Lucas no quintal, sentado sob o alpendre, protegido da chuva. Ele estava com um moletom e uma calça de pijama, olhando para o céu tempestuoso. Não pude deixar de me perguntar o que ele estava fazendo ali, acordado a essa hora.

Peguei um segundo copo de água e fui até a porta dos fundos, hesitando por um momento antes de abrir. A chuva caía forte, mas o som dela batendo no telhado do alpendre era reconfortante de certa forma.

- O que você está fazendo acordado a essa hora? _ perguntei, entregando o copo a ele.

Lucas olhou para mim, surpreso, mas pegou o copo com um sorriso agradecido. _ Não conseguia dormir. E você?

Suspirei, sentando-me ao lado dele. - Tive um pesadelo. Achei que um pouco de água pudesse ajudar.

Ele assentiu, olhando para o horizonte escuro. - Pesadelos podem ser complicados. Quer falar sobre isso?

Hesitei, mas algo na presença calma de Lucas me encorajou a continuar. - Sonhei que estava sufocando. Não conseguia respirar e não conseguia encontrar você. Foi assustador.

Lucas franziu a testa, a preocupação evidente em seu olhar. - Deve ter sido horrível. Mas estou aqui agora, e você está bem.

Assenti, sentindo-me um pouco melhor só por estar ali com ele. O silêncio que se seguiu foi confortável, e senti uma conexão crescente entre nós, algo que não podia mais ignorar.

- Lucas _ comecei, hesitante. - Eu queria falar sobre algo que aconteceu hoje.

Ele virou-se para mim, curioso. - O que foi?

Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas. - Quando te vi... você sabe, no banheiro... aquilo me fez sentir algo estranho. Não é só sobre te ver sem roupa. É mais profundo. Eu... acho que estou começando a sentir algo por você.

O Dono do Morro (romance gay) - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora