Capítulo 22

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LUCAS

O sétimo dia do desaparecimento de Marcus chegou como uma sombra pesada que pairava sobre todos nós. A tensão era palpável, o cansaço e a preocupação estavam gravados nos rostos de todos os que estavam ao meu redor. Cada dia que passava sem notícias de Marcus era um golpe duro no meu coração, e a incerteza começava a corroer o pouco de esperança que ainda restava.

Minha mente era um turbilhão de pensamentos sombrios. Eu tentava imaginar onde ele poderia estar, quem estava por trás disso, o que estavam fazendo com ele. A impotência era um sentimento amargo, difícil de engolir. Eu estava acostumado a ter o controle, a resolver problemas com minhas próprias mãos, mas agora me via preso em uma rede de incertezas, sem poder fazer nada além de esperar e torcer para que ele estivesse bem.

A casa estava um caos. Gabriela mal conseguia dormir, seus olhos vermelhos e inchados eram testemunhas das noites em claro, nas quais ela se revirava, incapaz de encontrar paz. Fernando também estava inquieto, sempre à espreita, pronto para agir assim que tivéssemos qualquer pista concreta. A tensão entre nós era quase palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar.

Cláudio, por sua vez, estava se desdobrando para segurar a barra na polícia. Ele sabia que se a história do desaparecimento de Marcus se tornasse pública, isso desencadearia uma avalanche de perguntas, especulações, e pior ainda, poderia colocar em risco qualquer chance de encontrá-lo. Por isso, ele usou todos os contatos e favores que tinha, mantendo a investigação o mais discreta possível. Mas mesmo ele, que sempre foi a voz da razão, estava começando a sentir o peso da situação. As olheiras profundas em seu rosto, a maneira como ele evitava o contato visual por muito tempo, tudo denunciava o quanto ele também estava abalado.

Apesar de todos os esforços de Cláudio, a pressão estava aumentando. A cada dia que passava, o risco de alguém descobrir a verdade se tornava maior. Já começavam a surgir boatos nas ruas, murmúrios sobre o desaparecimento de Marcus. As pessoas falavam sobre isso nos becos, nas esquinas, nos botecos. E eu sabia que não demoraria muito até que esses rumores chegassem aos ouvidos da polícia, da mídia, ou pior, dos nossos inimigos.

Enquanto isso, eu tentava manter a calma, mas a verdade é que estava desmoronando por dentro. Não havia um minuto sequer em que eu não pensasse nele, em que eu não me culpasse por tudo isso. Como deixei isso acontecer? Como permiti que Marcus fosse levado, que caísse nas mãos de pessoas que não hesitariam em usá-lo contra mim? A culpa era uma sombra constante, uma dor que latejava em cada fibra do meu ser.

Eu não podia me dar ao luxo de mostrar fraqueza, não na frente dos outros. Mas quando a noite caía e eu estava sozinho, longe dos olhares de Gabriela, Fernando, e até de Cláudio, era quando a verdadeira dor se revelava. Eu me sentava no quarto escuro, olhando para o celular que não tocava, esperando por uma ligação, uma mensagem, qualquer coisa que me desse uma pista de onde Marcus poderia estar.

Cada segundo que passava sem notícias era um peso a mais no meu coração, uma confirmação silenciosa do que eu mais temia. A ideia de que Marcus estava sofrendo, de que poderia não voltar, era insuportável. Eu me pegava revivendo momentos nossos, pequenas lembranças que agora pareciam tão distantes, quase irreais. E a cada lembrança, a dor aumentava, junto com a raiva que eu sentia por não poder fazer nada para salvá-lo.

Enquanto Cláudio se desdobrava para manter as coisas sob controle na polícia, eu tentava reunir todas as informações possíveis, falando com todos os meus contatos, revirando cada pedra, cada esquina, em busca de uma pista. Os meus homens estavam exaustos, mas continuavam a procurar, movidos pela lealdade e pelo medo do que aconteceria se não encontrássemos Marcus.

Mas a verdade é que a cada dia que passava, a esperança diminuía. E eu sabia que, se não agíssemos rápido, poderia ser tarde demais. O sétimo dia estava terminando, e a sensação de impotência, de que o tempo estava contra nós, era sufocante. E enquanto a noite caía sobre o morro, trazendo com ela o frio e a escuridão, eu sabia que precisávamos de um milagre. Um milagre que trouxesse Marcus de volta para mim, antes que o pior acontecesse.

O Dono do Morro (romance gay) - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora