Capítulo 20

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Após nossa análise meticulosa no café, Cláudio e eu nos despedimos com um aperto de mão firme e promessas de manter contato. A tensão da manhã ainda estava presente, mas havia uma sensação renovada de propósito e determinação. Chamei um Uber para me levar de volta para casa, tentando não deixar a preocupação transparecer em minha expressão.

Enquanto o carro atravessava as ruas movimentadas do Rio, aproveitei para revisar mentalmente tudo o que tínhamos descoberto. A rede de corrupção era maior do que imaginávamos, e a qualquer momento, qualquer movimento em falso poderia nos colocar em perigo.

O motorista do Uber era amigável, conversando casualmente sobre o tempo e o trânsito. Eu respondia automaticamente, sem realmente prestar atenção. Quando entramos no túnel, a escuridão temporária trouxe um momento de reflexão silenciosa.

De repente, o carro desacelerou bruscamente e parou. Olhei para frente e vi um bloqueio, um grupo de homens com roupas escuras e armados. Meu coração disparou.

— O que está acontecendo? — perguntei ao motorista, tentando esconder o pânico na minha voz.

— Não sei, senhor. Isso nunca aconteceu antes — respondeu ele, igualmente confuso.

Antes que eu pudesse reagir, um dos homens abriu a porta do passageiro e me puxou para fora. Tentei resistir, mas fui rapidamente imobilizado e jogado em uma van preta estacionada próxima. O motorista do Uber ficou atônito, mas os homens não pareciam interessados nele.

Dentro da van, senti uma venda sendo colocada sobre meus olhos e minhas mãos sendo amarradas. O cheiro de suor e gasolina invadiu minhas narinas. O som da porta da van batendo foi seguido pelo ronco do motor enquanto o veículo arrancava.

— Onde estão me levando? — gritei, lutando contra a ansiedade crescente.

— Fique quieto e você não se machucará, — disse uma voz fria. — Você é apenas uma isca.

A van continuou sua jornada por ruas desconhecidas. Minhas tentativas de manter a calma eram inúteis, a preocupação com Lucas consumia meus pensamentos. Sabia que isso era uma armadilha, e Lucas viria atrás de mim sem hesitar.

Após o que pareceu uma eternidade, a van parou. Fui puxado para fora e levado a um local desconhecido. A venda foi removida e meus olhos levaram alguns segundos para se ajustar à luz fraca. Estava em um galpão abandonado, cercado por figuras sombrias.

— Lucas não vai demorar para aparecer, — disse um dos homens, um sorriso cruel em seu rosto. — E então, vamos terminar o que começamos.

Sentado em uma cadeira, com as mãos ainda amarradas, olhei ao redor, tentando encontrar uma forma de escapar. Cada segundo que passava, a angústia aumentava, mas sabia que precisava manter a cabeça fria. Lucas viria, e quando ele chegasse, estaríamos prontos para enfrentar qualquer coisa juntos.

~*~

LUCAS

Depois de uma noite intensa com Marcus, acordei sentindo a leveza de uma paz que não sentia há tempos. O sol iluminava nosso quarto, eu precisava me preparar para o dia, resolver alguns problemas no morro e garantir a segurança de todos.

Quando desci, encontrei um bilhete na mesa da cozinha. Marcus dizia que tinha saído para resolver algumas coisas e que voltaria logo. Fiquei preocupado, mas confiei que ele sabia o que estava fazendo. Ele sempre foi esperto.

Peguei meu celular e vi várias mensagens não lidas. Algumas eram dos meus homens, relatando a situação do morro. Outras, de fontes diversas, que agora não me interessavam tanto. Precisava me concentrar no que estava acontecendo ali e manter tudo sob controle.

O Dono do Morro (romance gay) - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora