- Amiga, tira nesse ângulo – Carmen me entregou o celular e eu tirei mais de quinhentas fotos. Era um sonho, tudo era um sonho. Estar ali diante da magnitude monumental da Casa Branca era dramaticamente espetacular! Creio que, de alguma forma, esse foi o lugar mais marcante que já fui.
A tarde Carmen foi se encontrar com um rapaz que conheceu durante o passeio. Sim, ela "deu pra cima dele" assim que o viu. Fiquei no quarto sozinha, o que sinceramente era muito entediante, pois, para constar, justamente naquele dia a internet não estava boa. Abri a porta do quarto e desci as escadinhas, me deparando com a imagem de Charles rodeado de flores, como se estivessem em uma floresta, e com uma expressão calma e tranquila estampada em seu rosto. Que imagem! Seus olhos esverdeados fitados nas páginas e seu cabelo bagunçado com um fio caído sobre a testa. Pelo visto, sua mente estava bem concentrada no caderno em que escrevia, porém, não me importo com isso e me arrisco a uma conversa em inglês timidamente:
- Fazendo o que? – digo me apoiando no balcão. Eu gostava de conversar com ele. Desde que nos conhecemos, o que fazia poucos dias, costumávamos conversar sobre tudo. Um dia ele me trouxe um cappuccino e Carmen "ciumou", o que foi bastante engraçado.
- Writting – me responde sem sequer olhar para mim.
- Ora, e o que é tão interessante para você escrever nessa concentração toda? – insisto.
Ele olha para mim. Seu olhar me fez arrepiar.
- Eu costumo escrever sobre o que vem na minha mente – diz, e eu saio do meu transe nos fios vermelhos do seu cabelo.
- Ah, entendi – respondo sínica.
Ficamos nos encarando em silencio.
- Eu gostava de escrever quando era mais nova – digo após coçar a garganta.
- E o que escrevia?
- Romances – dou uma risada sem graça. – Meus pais diziam que era meu dom... e as vezes eu acreditava que tinha nascido para contar histórias.
- Então parou porque? – perguntou interessado.
- Não sei ao certo. Acho que era um hobbie da época, e, quando essa época passou, esse gosto por escrever foi deixado de lado.
- E seus pais?!
- Eu...eu não gosto de lembrar do passado – respondo sem querer parecer grossa, - nunca me sinto satisfeita com ele, e saber que nada voltará a ser como era é duro!
- Bom, mas é animador lembrar de que tudo pode ser melhor como nunca foi – ele sorri com os lábios. – A vida é feita de rabiscos, alguns podemos apagar, outros ficarão marcados em nós eternamente.
- "E há flores que caem sobre o papel, transbordando o branco pálido em vida" – cito uma frase que vi em algum lugar.
- Gosta de flores?
- Yeah!
- Qual delas?
- As margaridas!
- Oh, também são minhas preferidas! – ele exclama, e logo percebo que, além de beleza, tem um sotaque americano fofo. – Toma – ele se levantou e me entregou um buque de margaridas. Fiquei encantada e ao mesmo tempo, lá no fundo, por mais ridículo que pareça, imaginei vendo Charles me esperando no altar. Ele era perfeito!
- Qual o motivo do gosto por margaridas? – pergunto interessada.
Seus olhos, que faziam um contraste com as plantas em nossa volta, se voltaram para o balcão. Havia uma foto de uma moça branca, loira e de olhos azuis como o céu. Nunca tinha visto tanta beleza em uma foto. Ela realmente fazia lembrar uma margarida.
- Quem é ela?
- Margaret, minha namorada – responde simplesmente. Meu queixo só faltava cair no chão de tão surpresa, mas, na verdade, como um jovem bonito não namora?! Admito que eu me precipitei...demais, afinal, eu não posso querer casar com um homem que acabei de conhecer!
- Ah...ela é bem bonita – digo e entro no quarto. Certamente ele percebeu minha frustação.
Meus olhos lagrimejaram, forcei para não cair em lágrimas. Eu sentia algo pesado dentro de mim. Uma dor corroía em mim. Não entendia o que era aquilo que causava tanta dor, mas compreendi que eu deveria ser forte e encontrar algo que aliviasse, ou melhor, curasse. Não era culpa do Charles, eu sabia, admito novamente que me excitei exageradamente, fui obsessiva e agi como uma maluca. Ele merecia uma boa companheira, digo isso de todo o coração, eu não seria a pessoa certa para ele, apesar de ele ser para mim, essa é a verdade. Fico pensando: será que não há uma forma de destruir esse sentimento tão amargo? Não desejo isso para ninguém, olhar aquela pessoa especial, aquela pessoa maravilhosa e amada por você amando outro alguém.
O amor é tão belo, encantador e adorável que as vezes esquecemos que amar também fere. Amar não é brincadeira, é profundo, é intimo e delicado. Eu não sei me amar. Porque o amor é a reação da ação da atração, se eu não vejo algo atraente em mim, como poderei me amar. Essa é a razão pela qual desejo tanto ter alguém para mim, que possa me estimular a viver. Charles não seria essa pessoa, mesmo que eu desejasse.
Tradução: escrevendo.
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Em que lugar serei amada assim?
Любовные романыQueria que a mamãe ainda estivesse comigo, queria que o papai não tivesse me abandonado, queria que minha vida fosse do jeito que eu queria. Por que o mundo me obriga a passar por tanta dor?! Uma vida vazia e sem sentido, essa era minha vida. Preci...