ELE
"Querido Deus,
Não sei como lhe pedir isso da forma correta. Não quero ser egoísta, nem ingrato, nem ansioso e nem obsessivo. O Senhor sabe mais do que eu de todos os meus desejos. Eu estou me sentindo...sozinho, sabe? Minha família não é cristã e te ignora, isso faz com que nós não tenhamos tanta conexão. Se eu pudesse ter pelo menos a garantia de que futuramente terei alguém ao meu lado para compartilhar o meu amor a Ti, fico grato. Gostaria que o Senhor me apresente a alguém, que sirva e engrandeça o Seu nome, para que juntos chegamos mais perto de Ti. Não faço ideia de como poderia ser a pessoa ideal para mim, mas isso fica por sua conta, o Senhor sabe o que é melhor. Ah, e, quando vier a pessoa certa, que não seja eu que reconheça, mas sim o Senhor, e eu a amarei até a morte. Me dê paz para que sua vontade se cumpra. De seu filho amado
Ethan."
Li o que acabei de escrever e fechei meu caderno de devocional, guardando-o na gaveta do guarda-roupa do tio Connor, que dividia o móvel comigo por um tempo.
. . .
Eu estava na sala, que a propósito era o cômodo mais confortável da casa (culpa da lareira), sentado no sofá, com meu moletom cinza, ouvindo distraidamente o podcast de um pastor. Meu avô ouvia seu antigo rádio. Era bom estar com os parentes novamente, apesar dos meus pais não virem, por causa do trabalho na empresa. Vovó Jane estava muito ansiosa pois minha irmã viria nos visitar depois de cinco anos. Confesso que depois da minha conversão não tive mais tanta vontade para encontrar minha irmã e minhas primas, porque as mesmas zombavam da minha fé, algo que me irrita bastante. Dessa vez, quando minha avó me pediu para visita-la, Deus me disse para ir. A princípio não entendi, mas ele sabe de todas as coisas e obedeci.
- Pessoal, elas chegaram! – O grito de tio Connor atravessou meu fone com ímpeto. Ele estava carregando duas malas de rodinhas quando a porta foi escancarada. Carmen sempre foi exagerada, não é de se esperar que ela tenha trazido duas malas. Descobri que meu pensamento estava erradíssimo ao ver Vovó Jane aparecer segurando duas moças pelo braço. Uma delas era Carmen, isso eu sabia, mas a outra nunca tinha visto. Vovó não tinha me contado desse detalhe. Era uma moça ruiva com óculos escuros sobre a cabeça, vestida com uma calça jeans e uma blusa branca com um casaco de lã esverdeado por cima. Joy e Lauren, minhas primas, que estavam fazendo alguma coisa na cozinha, saíram correndo esbaforidas ao encontro delas. Carmen abraçou as meninas calorosamente e apresentou a garota desconhecida a elas, que as abraçou com um sorriso tímido.
- Vamos, entrem! – vovó empurrou todas as jovens para a sala. Pausei o podcast e me levantei. Afinal também queria falar com minha "caçulinha irritante".
- Então voçe veio?! – Carmen sorriu ao me ver.
- Já faz cinco anos que não nos vemos, ora essa – retruquei. – How are you, brasileira? – Dou uma de americano.
- De boa, cara – ela riu. Olhei para a moça que estava ao seu lado, como uma forma de perguntar a Carmen quem era.
- Essa é minha amiga, Sarah – minha irmã nos apresentou.
- Oi – Sarah disse ao pegar em minha mão estendida.
- Prazer, sou Ethan – sorri amigavelmente.
Tradução: como está voçe?.
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Em que lugar serei amada assim?
RomansaQueria que a mamãe ainda estivesse comigo, queria que o papai não tivesse me abandonado, queria que minha vida fosse do jeito que eu queria. Por que o mundo me obriga a passar por tanta dor?! Uma vida vazia e sem sentido, essa era minha vida. Preci...