Capítulo 30

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Eu estava sentada na cama despojadamente. O cabelo todo desfiado, porque tinha acabado de acordar, e os olhos fechando a cada instante. Não, não era de manhã, ao contrário, era exatamente meia-noite. As meninas me acordaram e eu levantei confusa. Disseram que iriam a uma festa na Crissy Field East Beach, uma praia, escondido, já que sabiam que não aprovariam a ideia de quatro moças em um carro indo para uma festa maluca com sabe-se lá que tipo de gente, enquanto o resto do mundo dormia. A probabilidade de algo terrível acontecer era 99% Naquele momento insistiam para que eu as acompanhasse.

- Estou com sono, me deixem dormir – murmurei, me preparando para me deitar novamente.

- É aí que voçe se engana! – exclamou Carmen, que, pelo visto, ainda guardava muito bem seu sotaque baiano original. – Não vamos te deixar. – As meninas concordaram. Reclamei, retruquei e resmunguei, não adiantou. Já estavam escolhendo minha roupa quando inventei um novo argumento.

- Acho que eu deveria falar com Vicent. Talvez não seja bom eu ir, é perigoso, sabe...paparazzis a todo canto...eu praticamente sou famosa.

Joy arquejou as sobrancelhas, balançando seu escuro cabelo curto sobre o ombro.

- Sério, Sarah?! Arranja uma desculpa melhor.

- Ela pode estar certa – Lauren admitiu, virando seu olhar para Carmen.

- E daí? – exclamou a mesma, seguido por um sibilar de Joy.

- Falem mais baixo, vão acordar os outros.

- Olha, Sarah, - continuou Carmen, sussurrando – não quero dizer que voçe não precise falar com Vicent, mas, entenda, eu acho que voçe deve lembrar de que é livre para fazer o que quiser e ficar atrás do consentimento dele só vai fazer com que voçe fique...

- Tipo escravizada – interrompeu Joy, complementando, afim de ajudar. – Daqui a pouco, se deixar que isso continue, ele que vai dizer sim ou não para tudo o que voçe for fazer. Voçe vai ter que perder sua liberdade e desejo próprio.

- Isso, Joy! – Carmen concordou. – Entende, amiga?

Revirei os olhos, estava sonolenta o bastante para tentar argumentar contra. Elas venceram. Num clique eu me vi com a calça pantalona de Joy, tênis branco, uma blusa da Levi's de Carmen e uma jaqueta de couro preta por cima, que Lauren me emprestou.

- Por que não pegaram minhas próprias roupas? Estão todas na mala – indago, pois, em meu look, meu tênis era a única coisa que não era emprestado, até mesmo na hora de arrumarem o meu cabelo usaram a prancha de Lauren. Elas dão risinhos, disseram que era para eu ficar mais descolada.

- Estamos todas prontas, vamos logo – determinou Carmen.

- Ah, mas estou com fome! – Lauren implicou.

- Vou lá na cozinha pegar alguns pães, queijo e presunto. No carro montamos o sanduiche – me ofereci.

- Tome cuidado, Sarah – alertou Joy. – Nossa família tem um sono sensível podem acordar com o menor barulho possível.

- E se alguém te ver, - completou Lauren, - não cite nada sobre nosso plano, finja naturalidade.

Desci as escadas com a cautela de um hobbit. Quando cheguei na cozinha, a luz já estava acesa. "Porcaria!", murmurei internamente. Entrei no cômodo de súbito, fingindo naturalidade, como Lauren ordenou, claro. Encontrei, com a cintura apoiada na ilha da cozinha, Ethan, lendo um livro grosso e grande e com uma xícara de café. Vestia uma calça escura e uma camisa branca.


Em que lugar serei amada assim?Onde histórias criam vida. Descubra agora