26 - Decisões.

72 17 2
                                    

Para minha surpresa, Samanun estava cedo no hospital, não esperou que eu fosse buscá-la, não perguntei, levei-a ao meu consultório enquanto Lada avaliaria alguns pacientes operados no dia anterior.

Estava fria comigo, eu fingia não perceber.

- Como se sente, Samanun?

- Decepcionada.

Fiquei desconcertada com a resposta dela mas fingi ignorar, continuando a consulta.

- Tem sentido tontura?

- Não.

- Dor de cabeça?

- Não.

- Algum tipo de perda dos sentidos? Memória?

- Não.

- A fisioterapia está indo bem, vi com meus próprios olhos. Acho que teremos boas notícias para você hoje.

- Teremos? Vocês vão me dizer que romperam o namoro?

- Não, Samanun. Não falamos de nossa vida pessoal com pacientes.

- Não posso acreditar que sou apenas uma paciente para você Kornkamon.

- Não, você não é e sabe muito bem disso, e você tem que concordar comigo que não te tratei só como paciente, mas...

- Mas?

- Mas não vai acontecer mais nada entre nós Samanun, vou me casar com Lada.

- Casar? Mas... Vocês já estão morando juntas...

- Mas queremos uma cerimônia simbólica. Enfim...

- Mas Kornkamon... Existe algo entre nós, eu sinto quando te toco! Quando nos beijamos, eu sinto que ainda existe algo...

- Seja o que for Samanun, não vai acontecer. Eu amo Lada... Desculpe-me se te dei a entender outra coisa.

Nesse instante, Lada entra no consultório interrompendo nossa conversa.

- Olá Samanun, vamos fazer uns exames?

- Oi Dra. Fahlada, pois não.

Samanun não parava de me encarar, mesmo que eu desviasse o olhar, nem lembro quais perguntas Lada lhe fizera mas minha noiva percebeu o clima instalado e elegantemente manteve sua postura profissional.

- Bom, vamos fazer uma ressonância hoje Samanun, dependendo dos resultados podemos te liberar pra voltar pra casa e continuar seu tratamento de reabilitação no Rio.

- Rio?!

- Não é lá sua casa?

- Sim é...

- Então vamos para a radiologia?

Fiz menção de acompanhar Samanun para o exame, como era de praxe mas Lada interveio.

- Eu a levarei, Kornkamon.

Não disse nada, apenas balancei a cabeça positivamente, enquanto Lada ajudava Samanun a sentar-se na cadeira de rodas, conduzindo-a até a radiologia. Cerca de uma hora depois, minha noiva me procurou com um ar preocupado.

- Mon, acompanhei com o radiologista o exame de Samanun e temo não ter boas notícias.
- O que houve?

- Um novo aneurisma, e dessa vez numa localização rara.

- Não pode ser Lada, você clipou cinco aneurismas, isso já é raro demais, e a formação de outro dois meses depois?

- Esse está na bifurcação da artéria basilar, os vasos próximos estão dilatados, extremamente sensíveis, Mon, ela não resiste a outra cirurgia agora.

Porque eu Sei que é AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora