Para minha surpresa, Samanun estava cedo no hospital, não esperou que eu fosse buscá-la, não perguntei, levei-a ao meu consultório enquanto Lada avaliaria alguns pacientes operados no dia anterior.
Estava fria comigo, eu fingia não perceber.
- Como se sente, Samanun?
- Decepcionada.
Fiquei desconcertada com a resposta dela mas fingi ignorar, continuando a consulta.
- Tem sentido tontura?
- Não.
- Dor de cabeça?
- Não.
- Algum tipo de perda dos sentidos? Memória?
- Não.
- A fisioterapia está indo bem, vi com meus próprios olhos. Acho que teremos boas notícias para você hoje.
- Teremos? Vocês vão me dizer que romperam o namoro?
- Não, Samanun. Não falamos de nossa vida pessoal com pacientes.
- Não posso acreditar que sou apenas uma paciente para você Kornkamon.
- Não, você não é e sabe muito bem disso, e você tem que concordar comigo que não te tratei só como paciente, mas...
- Mas?
- Mas não vai acontecer mais nada entre nós Samanun, vou me casar com Lada.
- Casar? Mas... Vocês já estão morando juntas...
- Mas queremos uma cerimônia simbólica. Enfim...
- Mas Kornkamon... Existe algo entre nós, eu sinto quando te toco! Quando nos beijamos, eu sinto que ainda existe algo...
- Seja o que for Samanun, não vai acontecer. Eu amo Lada... Desculpe-me se te dei a entender outra coisa.
Nesse instante, Lada entra no consultório interrompendo nossa conversa.
- Olá Samanun, vamos fazer uns exames?
- Oi Dra. Fahlada, pois não.
Samanun não parava de me encarar, mesmo que eu desviasse o olhar, nem lembro quais perguntas Lada lhe fizera mas minha noiva percebeu o clima instalado e elegantemente manteve sua postura profissional.
- Bom, vamos fazer uma ressonância hoje Samanun, dependendo dos resultados podemos te liberar pra voltar pra casa e continuar seu tratamento de reabilitação no Rio.
- Rio?!
- Não é lá sua casa?
- Sim é...
- Então vamos para a radiologia?
Fiz menção de acompanhar Samanun para o exame, como era de praxe mas Lada interveio.
- Eu a levarei, Kornkamon.
Não disse nada, apenas balancei a cabeça positivamente, enquanto Lada ajudava Samanun a sentar-se na cadeira de rodas, conduzindo-a até a radiologia. Cerca de uma hora depois, minha noiva me procurou com um ar preocupado.
- Mon, acompanhei com o radiologista o exame de Samanun e temo não ter boas notícias.
- O que houve?- Um novo aneurisma, e dessa vez numa localização rara.
- Não pode ser Lada, você clipou cinco aneurismas, isso já é raro demais, e a formação de outro dois meses depois?
- Esse está na bifurcação da artéria basilar, os vasos próximos estão dilatados, extremamente sensíveis, Mon, ela não resiste a outra cirurgia agora.
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Porque eu Sei que é Amor
FanfictionAs vezes os retratos da realidade podem ser mais cruéis e honestos do que estamos dispostos ou programados a suportar. Vivemos a história de muitas pessoas, com muitas pessoas, até acertamos o passo, melhorarmos como seres humanos, termos intermitê...