Em dezembro, tivemos um recesso para as festividades de final de ano. Tia Pad convidou Lada para passar conosco em Valença, eu pedi que comemorássemos em sua casa, evitando meu encontro com Vovó.
Combinamos que passaria o Natal com a família de Lada, depois seguiríamos para Valença para passarmos a virada de ano juntas.
Earn passou a perseguir minha namorada com telefonemas, a encontrávamos em restaurantes, e sempre num tom provocativo nos cumprimentava. Em certa ocasião, quando estava no apartamento de Lada, a campainha tocou e era ela, fiquei curiosa e permiti sua entrada, Lada não estava em casa, aproveitei para acertar as contas com a mulher. Ela se surpreendeu ao me ver abrindo a porta, percebi seu sorriso se desfazendo ao me ver.
-Você?
- Eu mesma, essa é a casa de minha namorada, esqueceu?
- Você não tem casa? – adentrou como se tivesse autoridade pra isso.
- O que você quer aqui, Earn?
- Esperava encontrar a dona da casa e é com ela que tenho assunto, não com você.
- Se você não tem nada a me dizer eu tenho a dizer a você. Você está perdendo seu tempo nessa perseguição a Lada, não há mais espaço pra você na vida dela e fique sabendo que não vou permitir que você interfira no nosso relacionamento, acredite você não vai querer me enfrentar.
- Menininha você é ridícula. Acha mesmo que me intimida? Você não tem noção da ligação que existe entre mim e Lada, você a conhece há quanto tempo dois meses?
- Não te interessa, não vou dar satisfações a nosso respeito, só estou advertindo para que não me irrite, também sei ser grossa.
- Vai fazer o que? Você não percebe que não é páreo pra mim? Na primeira oportunidade Lada me beijou, imagina o que fizemos depois disso. Você é bonitinha mas não causa nela o efeito que uma mulher como eu causa, melhor você sair do nosso caminho antes de se machucar feio.
Nesse instante o telefone tocou, até me recompus e atendi.
- Oi Vô Elias, ela não chegou ainda, foi pegar o carro no lava jato, mas assim que voltar vamos praí... Beijos.
Notei a cara de interrogação na face irritante de Earn.
- Você conhece a família de Lada?
- Claro, mas isso não te interessa, já disse o que queria então, por favor, preciso terminar de me arrumar, passe bem Earn.
- Mas... Ela nunca me apresentou ninguém, conheci por acaso uma de suas irmãs, que estranho... Dizia que a família era sagrada demais para envolver em seus namoros... – parecia mais estar pensando alto do que falando comigo.
Earn ficou desconcertada, saiu as pressas, bufando insatisfação ao constatar que eu era mais do que um casinho para Lada.
O Natal com a família dela foi maravilhoso, nosso reveilon em Valença também, passamos no restaurante de tio César, não fui a fazenda de meus avós, mas Vovô passou o dia inteiro conosco no dia primeiro, manifestou todo tempo o descontentamento com a situação e me pediu que relevasse por causa da idade de Vovó, mas eu temia que ela destratasse Lada também, não podia permitir isso.
Voltamos para Campinas dois dias depois do feriado, saboreávamos de uma intimidade incrível, e o apoio de nossas famílias tornava tudo mais leve e consistente.
No final de janeiro, voltamos a Valença para a formatura de Anil, dessa vez não escapei de encontrar minha avó que tentou me ignorar, mas Vovô a arrastou pra perto de mim, ela notou que eu e Lada estávamos de mãos dadas, isso era muito natural para nós, nunca nos importamos para os olhares desaprovadores dos outros.
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Porque eu Sei que é Amor
Hayran KurguAs vezes os retratos da realidade podem ser mais cruéis e honestos do que estamos dispostos ou programados a suportar. Vivemos a história de muitas pessoas, com muitas pessoas, até acertamos o passo, melhorarmos como seres humanos, termos intermitê...