Foi difícil deixar Samanun naquela noite, meu coração apertava pela ânsia de saber que estava de fato tudo bem com ela. Lada estava exausta, tratei de cuidar dela, ela merecia, mais uma vez salvara a vida de Sam com seu brilhantismo.
Em casa preparei- lhe um banho, escolhi um pijama leve para ela usar, enquanto ela se lavava avisei a Kirk, Lourdes e Helena sobre o sucesso da cirurgia de Samanun, falando com orgulho do feito de minha noiva.
Preparei- lhe um lanche, o que a comoveu, uma vez que minhas habilidades culinárias consistiam em ligar pra qualquer delivery. Levei na bandeja pro quarto: suco, biscoitos e um sanduíche de ricota.
Comemos juntas na cama, sem qualquer pressão em dizer algo, não precisávamos de muitas palavras para demonstrar carinho, estava tudo no nosso olhar.
Deitamos juntas vendo qualquer programa na TV e assim Lada adormeceu nos meus braços. Na manha seguinte ela não trabalhava, pediu folga para acertar detalhes de seu projeto da tese do PhD, deixei-a em casa com a promessa de almoçarmos juntas, depois ela iria avaliar Samanun, que deveria manter-se em coma induzido.
No hospital o irmão e as amigas de Samanun já me aguardavam, providenciei para que um de cada vez entrasse na UTI para vê-la. Samanun evoluiu bem e assim no dia seguinte providenciamos o desmame do ventilador mecânico e diminuição dos sedativos. Em algumas horas ela despertava, a equipe intensivista avisou imediatamente a Lada que apressou-se em avaliar o quadro pós-operatório de sua paciente.
Para nossa satisfação, ela respondeu a todos os reflexos, falava com alguma dificuldade, mas isso podia ser por conta da desorientação. Mantivemos Sam na UTI, os exames laboratoriais apresentavam algumas alterações importantes, provavelmente por causa do Lupus, a debilidade do organismo por conta da cirurgia influenciou algumas taxas comprometendo especialmente os rins e fígado.
Sempre que podia a visitava na UTI, nas vezes que a encontrava desperta, incentivava Samanun a falar sempre perguntando sobre seu estado. Ela me respondia automaticamente, notava seu olhar triste, sem vida. Uma semana depois da cirurgia, depois de já estar sendo acompanhada por um reumatologista de renome especialista em Lupus, Samanun foi transferida para o quarto, e assim, não pude fugir de uma conversa com ela.
- Kornkamon, eu posso esperar alguma coisa de você?
- Samanun, você tem que se preocupar com sua saúde agora.
- Por favor, não desvie o assunto, eu continuo esperando uma razão pra seguir esse tratamento, que você sabe que não terminará nunca.
- Não vamos falar nisso agora, por favor.
Samanun em um ato quase que de desespero, arrancou do braço os acessos para medicação, levantou- se e segurou meu braço com força, tentei fugir de seus olhos mas eles me prenderam, sem mais demoras ela puxou meu pescoço e me beijou com toda paixão guardada por todo esse tempo.
Não tive outra opção que não fosse me render, sentia falta de sua boca, sentia falta do seu corpo, mas o beijo não me trazia as mesmas sensações que experimentava quando estávamos juntas. Existia desejo mas não aquele sentimento de plenitude que me tomava quando estava nos braços de Lada.
Naquele instante o que mais temia não pôde ser evitado, Lada entrou no quarto surpreendo-nos com nossas bocas coladas, nada falou, fechou a porta com a mesma mão que abrira, o olhar de Sam imediatamente brilhou, meu coração apertou, feri alguém que nunca me deu outra coisa que não fosse amor.
- Isso não podia ter acontecido! –vociferei com a voz embargada.
- Mon eu não queria que ela tivesse visto isso e...
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Porque eu Sei que é Amor
FanficAs vezes os retratos da realidade podem ser mais cruéis e honestos do que estamos dispostos ou programados a suportar. Vivemos a história de muitas pessoas, com muitas pessoas, até acertamos o passo, melhorarmos como seres humanos, termos intermitê...