Capítulo 12 Pg 10.

1 0 0
                                    

Capítulo 12 Pg 10.

— Eu deixei a porta aberta? Não, eu não deixei. Como ela entrou aqui? Pera aí, eu não ouvi nenhum barulho lá em baixo!!! — pensei, ainda com o rosto enfiado no computador

Senti o vento frio vindo da janela, e só assim percebi como essa pessoa entrou na minha casa tão sutilmente. O vento soprava calmamente e a cortina de cor clara sacudia sem barulho algum, revelando a paisagem dos prédios lá fora, então comecei a me questionar... como ela subiu ali?!

Ao me virar, vi a silhueta da mulher deitada em minha cama, o rosto apoiado em sua mão esquerda, e uma grande espada a sua frente, a lâmina refletia os reflexos de luz, iluminando ofuscamente o quarto escuro pela qual eu nem pensei em ascender as luzes.

Quando pôs a se levantar da cama, de forma angelical, a vi caminhar até mim em passos pequenos e silenciosos. Essa mulher fez meu coração palpitar, ela me lembra alguém, e esse lembrar vem de uma forma dolorosa, provando que eu nunca superei Seiko Liang.

Conforme chegava perto eu conseguia ver mais claramente um sorriso em seu rosto. Suas roupas são tradicionais, um kimono branco cobrindo todo seu corpo, mas também coberto por longos cabelos negros, era como uma réplica de Seiko, nada mais me vem a mente além dela...

— Você é bom no que faz, mas sabe, pessoas intrometidas acabam tendo um final bem trágico.  — disse a mulher

Minhas pupilas dilatadas por um trauma nunca superado observam os movimentos rápidos e desconhecidos que ela faz com a espada. Eu tive que acordar para a vida nesse momento, afinal, meu próximo passo antes de notá-la ali, era enviar a gravação de German para Devon, e felizmente eu tive tempo para isso.

Quando cliquei no botão para enviar, a espada veio de encontro comigo, ao me afastar, vi o computador ser partido no meio  junto ao móvel que o mantia em cima.

— Merda! Tomare que a Internet esteja boa, não paguei esse mês. — pensei enquanto via a cena perigosa

Minhas vantagens contra essa mulher num lugar fechado como esse é com certeza 0. Sua espada logo vem até mim novamente, não importa como eu me defenda ou fuja, sempre aparece rasgos na minha pele, assim como minhas roupas. Um desvio meu me levou a parede, é um estilo de luta que eu nunca vi, os movimentos dela causam um impulso avassalador...

Ela parece determinada a acabar comigo de forma rápida, não teve nem mesmo a dignidade de me deixar levantar e rapidamente avançou contra mim. Minha maior preocupação agora é aquela espada no meu pescoço, então tudo o que posso fazer é desviar para que não me acerte. Minha parede foi atravessada como se fosse um isopor.

Meus olhos até brilharam quando vi uma pequena oportunidade para atacá-la. São só dois anos que estive treinando, nesse tempo tive alguns pequenos confrontos, mas essa é a primeira vez que enfrento alguém forte, pensei que fosse sentir algo diferente, como aflição ou ficar ansioso, mas agora eu vejo que não consigo sentir nada...

Consegui enrolar minha perna sobre o braço dela e jogá-la no chão, ela girou apenas uma vez, eu esperava que fosse pelo menos três vezes, queria que se afastasse da espada, mas a desgraçada parece uma máquina. Conseguiu reverter meu ataque para mim, mesmo eu estando grudado em seu braço, achei que minhas costas fossem quebrar no meio quando ela me jogou contra o chão. Não tive outra escolha a não ser puxar seu outro braço e tentar imobilizá-la

As coisas estão acontecendo tão rápidas para ela que até mesmo conseguiu aparar a espada, mordendo-a pelo cabo. Aquilo parece tão pesado, mesmo assim ela conseguiu improvisar um mortal para trás, e ainda me jogou junto com ela.

— O que diabos é essa mulher?! — pensei, assustado com a flexibilidade da moça

Logo eu vi aquela lâmina novamente, ela manuseia tão bem que eu estou até mesmo confundindo sua boca com as mãos. Tive que soltá-la o mais depressa e me jogar para trás antes que aquilo me atingisse. Mas foi em vão, o corte foi limpo. Meu braço logo voou pelos ares...

O sangue começou a jorrar do meu mais novo cotoco, a minha reação foi vazia como esperado, e minha cara foi acertada por um pé fofo, vestido por uma meia branca e uma chinela bonitinha bem comum entre o povo japonês.

Estava crente que não sentiria nada, mas eu estou errado. Um sentimento de perda me dominou, é o peso do fracasso, de quem errou miseravelmente por toda a vida. Observo os pés rápidos dessa mulher dançarem sobre o chão do meu quarto, ela faz tudo tão rápido...tão rápido que eu nem mesmo senti minha cabeça cair...

Foram os 15 segundos mais longos de minha vida. Eu estava vendo meu próprio corpo lá de baixo, e a imagem dessa moça delicada mas ainda assim tão brusca.

— Espera aí, eu vou morrer?! Não...eu tô morrendo!!!! Mas eu não vi o chefe acordar, e a minha geladeira?! — Foram os meus últimos pensamentos, porque agora está tudo escuro, também tive a impressão de ter visto Seiko no lugar daquela mulher...

Bronken Bonds Onde histórias criam vida. Descubra agora