doze

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Michael foi pontual, assim que o relógio marcou uma hora, ele entrou pela porta da lanchonete e foi falar direto com Frank, então os dois caminharam ameaçadoramente até mim, Frank com a minha jaqueta nas mãos. Céus em que momento ele pegou ela? Eu posso jurar que não vi.

Frank me puxou de trás do balcão e me encarou.

- Você vai?- seu tom de voz era gentil e aquilo me assustou mais do que se ele estivesse gritando comigo.

- Eu não quero ir. - disse o olhando, com meu olhar mais inocente, como quem implorava por ajuda.

- Mas você vai. - aquele velho rabugento literalmente enfiou a jaqueta mim, passou a mão pelo meu cabelo e me empurrou na direção de Michael fazendo eu bater contra seu peito, eu tentei me afastar, mas não tive tanto sucesso já que um de seus braços estava em volta da minha cintura, o que me deixa absurdamente constrangido.

- Eu pensei que você gostasse de mim. - choraminguei e Frank riu deixando um beijo em minha testa.

- Eu estou fazendo isso pelo bem dos dois, você é um ótimo garoto e pode colocar um pouco de juízo na cabeça de Michael, e ele pode fazer você parar de pensar tanto no futuro e fazer você aproveitar um pouco a vida. Agora vão logo que eu tenho que trabalhar. - Michael segurou minha mão e me puxou pra fora da lanchonete e eu agradeci por ter escapado do olhar de todas aquelas pessoas, mas o amaldiçoei por ter sido tão bruto comigo.

- Não seja grosso comigo! - o repreendi.

- Me desculpe docinho. - ele encaixou nossos dedos, eu tentei soltar minha mão mas ele a segurou firme.

Com a mão livre Michael ajeitou seu boné e um sorriso divertido brincava em seus lábios, ele parece bonito, mas eu o acho irritante demais para no momento achar qualquer coisa positiva sobre ele.

- Nem tente, eu não vou soltar sua mão. - ele disse ainda sem me olhar, nos guiando pela rua.

- Mas ela é minha! - eu estou me sentindo tão infantil que tenho vontade de acertar um soco na minha própria cara.

- Eu sei docinho, mas não é como se eu fosse tirar ela de você uh? Só tenta se acalmar. - me mantive calado o restante do caminho.

Em poucos minutos chegamos em uma enorme sorveteria, e foi inevitável o sorriso que se abriu no meu rosto assim que Michael abriu a porta, dando espaço para que eu passasse e então eu me deparar com aquele lugar colorido e com o cheiro delicioso de doce. Tantos sabores de sorvete.

Eu corri até o balcão puxando Michael pela mão e analisando todos os sabores.

- Olha esse, tem pedacinho de chocolate! Não! Esse parece uma salada de frutas, mas esse aqui é tão colorido. - Michael soltou minha mão e eu pude me inclinar sobre a bancada. - eu nunca vi um sorvete de morango tão vermelho! Meu deus como conseguem misturar álcool com o sorvete? - a risada de Michael me interrompeu e eu o olhei sentindo minhas bochechas esquentarem. - eu estou falando demais não estou? - eu endireitei meu corpo e suspirei, ele sorriu e pousou uma mão nas minhas costas.

- Pode continuar, é adorável. - desviei o olhar e voltei a encarar todo aquele sorvete. - e então qual vai querer?

- Aquele ali que parece o arco-iris. - apontei e ri. Como um sorvete pode ter tantas cores?

Michael pegou o meu sorvete, e pediu um de chocolate pra ele, eu o julguei, argumentando que em meio a tantos sabores diferentes ele pegou um sabor totalmente comum. Ele me guiou até uma das mesinhas coloridas, com poltronas fofinhas e sentou, eu sentei ao seu lado e acho que estou tão empolgado com meu sorvete, que nem me importei com seu braço, que repousava nos meus ombros.

Dei uma boa colherada em meu sorvete e arregalei os olhos. Cada cor desse sorvete tem um sabor diferente e isso é tão incrível.

- E então, se parece com o que? - ele me olhou comendo seu sorvete e eu sorri satisfeito.

- Cada cor tem um sabor diferente.

- E isso é possível? - eu enchi a colher com o sorvete e enfiei a colher em sua boca. De confuso, seu rosto foi até assustado, para no final um sorriso se abrir em seus lábios. - Isso é bom.

- É perfeito, mas continue ai com seu sorvete de chocolate comum.

- Hey, não fale assim dele, ele não é comum! Ele é de chocolate, com menta e alguns pedacinhos de chocolate no meio.

- Não deve ser tão bom assim. - desafiei. Michael levou a colher cheia de sorvete até minha boca e eu virei o rosto. - Não gosto de menta.

- Mas tenho certeza que vai gostar desse sorvete, abre a boca. - fiz o que ele pediu, ainda em duvida. Michael tinha razão. Eu nunca gostei tanto de menta em toda minha vida.

- E então?

- Você tinha razão. - ele sorriu vitorioso.

- Isso é pra você nunca mais chamar meu sorvete de comum.

Inclinei minha cabeça pra trás, a deitando em seu braço, enquanto comíamos sorvete em um silencio confortável.

- Quando terminarmos você vai comigo até a lanchonete?

- Frank te dispensou o restante do dia e como sou um ótimo garoto, vou te fazer companhia. - arregalei meus olhos e neguei com a cabeça.

- Passar a tarde inteira com você? Não mesmo.

- Frank me disse algumas coisas sobre você e pelo o que ele me disse você mal conhece a cidade mesmo ja morando a bastante tempo aqui, eu vou te mostrar os melhores lugares e não tente negar.

- Ridículo! - Michael riu e me olhou.

- Isso soa tão ofensivo docinho. - Michael disse irônico. Ele espera o que? Que eu fale um palavrão? Ele sabe que não gosto de palavrões.

...






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Dividido em duas partes se não ia ficar enorme, muito enorme MESMO.

Cigarettes ** MUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora