vinte e seis

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Eu e Michael estamos em absoluto silencio, sem dizer uma palavra sequer, um silencio extremamente desconfortável, o único som que posso ouvir é de sua respiração pesada e um programa que não me dou ao trabalho de saber qual é que passa na televisão.

- Minha mãe quer que eu volte pra casa. - Michael apertou seus dedos que estavam na minha perna e eu prendi a respiração, tudo a minha volta pareceu congelar. Não quero ir embora, não só por Michael, mas eu tenho Frank, um emprego e uma faculdade pra começar e não posso jogar tudo fora.

- Por quê? - me encostei no sofá e tirei sua mão de minha perna.

- Parece que em praticamente um ano não me dei tão bem quanto meus dois irmãos mais velhos.

- Não ta ajudando. - Michael murmurou colocando sua mão de volta em minha perna.

- Tenho que ser mais especifico? - questionei - você nunca fala nada e eu tenho que falar? - no segundo seguinte em que fechei minha boca, notei o quão ridícula aquela frase soou, é um direito dele, ele não tem obrigação de me falar nada. - Desculpe. - me encostei em seu ombro esperando por qualquer tipo de reação vinda dele.

- Não é obrigado, fale se quiser. - não me demorei em decidir, não é mais segredo que confio em Michael mais do que deveria.

- Minha mãe ajudou Ben e Jack... Meus irmãos, com faculdade, apartamento e tudo que eles precisam, mas desde que... apareci com um garoto em casa, assumindo ou não ela me trata diferente, me mudei por conta própria e comecei do zero, com a ajuda de Frank, ela mal me liga ou manda mensagens ou qualquer coisa do tipo.

- E seu pai?

- Mal abre a boca, ele nunca se manifestou sobre nada disso.

- Você não vai. - Michael me garantiu.

- Eu passei horas gritando com ela pelo telefone, mas e se meus pais aparecerem aqui? Na minha porta? O que eu faço? Eles ainda são meus pais e eu ainda respeito e obedeço eles Michael. - me escondi contra seu braço e pude escutar sua respiração ainda mais próxima. Eu sei que estou agindo feito um adolescente completamente dependente dos pais, mas foi dessa forma que fui criado e é o único tipo de comportamento que eu conheço. Minha mãe é o ser mais monstruoso que já conheci, ela te manipula, suga todas suas energias e te apresenta domo o grande vilão da situação.

- Peça ajuda pra um de seus irmãos, conversa com Frank, vamos dar um jeito, se não quer ir embora, você não vai embora. - em segundos seus braços me envolveram em um abraço aconchegante e acolhedor e eu não pude deixar de retribuir.

Michael me puxou consigo, nos deitando no sofá, suas mãos entrando devagar por dentro do meu moletom, se enroscando em minha cintura me causando arrepios, encaixei minhas pernas entre as suas e enrolei meus dedos em seu cabelo.

- Vamos dormir aqui hoje. - Michael murmurou rente ao meu ouvido e eu sorri.

- Parece perfeito pra mim. - lhe beijei a bochecha e voltei a deitar em seu peito, agora sentindo sua respiração calma e escutando seu coração sutilmente acelerado.

Michael foi meu conforto no meio de todo esse caos e isso é terrivelmente assustador, mas eu sou agradecido por isso.

Cigarettes ** MUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora