❀°• Água de Chuva no Marᴶᴼᴱᴸ •°❀

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Sᴜᴍᴍᴀʀʏ: Jᴏᴇʟ ᴛᴇᴍ ᴜᴍᴀ ᴄᴏɴᴠᴇʀsᴀ ᴘʀᴏғᴜɴᴅᴀ ᴄᴏᴍ ᴀ ᴇx ɴᴀᴍᴏʀᴀᴅᴀ.

Tᴀɢs: ᴀɴɢsᴛ ᴄᴏᴍ ғɪɴᴀʟ ғʟᴜғғ, ʜᴜʀᴛ/ᴄᴏᴍғᴏʀᴛ, ᴇʀᴀ ᴘʀᴀ sᴇʀ ᴏ ᴀɴɢsᴛ ᴍᴀɪs ᴅᴏʟᴏʀᴏsᴏ ᴅᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ ᴍᴀs ᴠᴏᴄᴇ̂s ɪᴀᴍ ᴍᴇ ᴄᴏᴍᴇʀ ᴠɪᴠᴀ, ϙᴜɪs ᴍᴇ ᴅᴇsᴀғɪᴀʀ ᴀ ᴇsᴄʀᴇᴠᴇʀ ᴀʟɢᴏ sᴇᴍ ᴍᴜɪᴛᴀ ᴍᴏᴠɪᴍᴇɴᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ, ᴄʜᴏʀᴏ, ᴇxᴇs ᴛᴏ ʟᴏᴠᴇʀs, ʙᴇʟʟ ʜᴏᴏᴋs ᴇᴜ ᴛᴇ ᴀᴍᴏ

Wᴏʀᴅ Cᴏᴜɴᴛ: 1.8ᴋ 

– Posso me sentar?

Olhei para cima, procurando o dono da voz. Soube que era ele pelo calor de sua voz; não sabia a quanto tempo estava sem ouvir aquele tom ou como a convivência em São Paulo havia mudado seu sotaque. Era Joel, com sua cabeça tombada para o lado, tampando o reflexo da luz de um dos postes. Afirmei com a cabeça.

Ele se abaixou para se sentar ao meu lado, em uma das cadeiras do lado de fora do salão – ainda organizadas da maneira em que o casamento havia sido realizado no final da tarde, com fileiras direcionadas ao altar em formato de tenda florida. Eu havia saído para pegar um ar alguns minutos antes e, provavelmente, ele também.

– Como estão seus pais? – perguntei.

– Bem. E sua mãe?

– Bem também.

Balançamos a cabeça em afirmativo, ainda olhando fixamente para o altar. Não sabíamos o que dizer ou como agir, não havíamos nos visto desde o término, anos atrás. Foi estressante, beirando o desespero; não podíamos nos encontrar em festas, jantares ou num simples andar no shopping. Nos escondíamos atrás de nossos amigos ou de colunas de gesso, optamos por ficar em casa se soubéssemos que o outro estaria comparecendo e nunca mais mais olhamos nossos álbuns de formatura.

Todas as fotos, de ambas as festas, eram de nós dois. Estávamos namorando tão forte, a tanto tempo, que não pensamos que poderíamos terminar e mal tiramos fotos sozinhos. Sempre acompanhados, seja com a família ou com os amigos... já éramos parte da família um do outro, na verdade. Então, pedra por pedra, nosso relacionamento desmoronou.

Joel ficou dias sendo visitado pelos amigos, tentando fazer com que ele saísse da cama. Eu voltei a morar com a minha mãe. Todavia, o tempo passou, como sempre passa, e nós dois fomos chamados para o casamento de Anita e Fabrício. Já tínhamos mais de 30 anos, conseguiríamos lidar com isso.

– Eu estava esperando te ver de novo – admitiu, ainda olhando para frente.

Virei o rosto para encará-lo. O volume de seus cachos havia diminuído, agora muito mais próximo do couro cabeludo, e uma barba tomava conta de seu rosto. Era bonita. Ao canto dos olhos, algumas rugas perioculares (conhecidas como "pé de galinha"), sinal que espremia muito o olhar quando ria. Devia estar rindo bastante. Mais maduro, continuava bonito – e parecia que o tempo entre nós não havia passado. Para mim, ele sempre seria o Joel de 19 anos que eu havia conhecido no primeiro ano da faculdade, quando ambos éramos calouros.

– Veio com acompanhante? – perguntei. Era um eufemismo para questionar se ele já estava casado, namorando com outra pessoa ou tendo ficadas importantes o suficiente para servir de acompanhante no casamento dos melhores amigos.

– Não – disse, sabendo exatamente o porquê eu havia perguntado. – Você?

– Não.

Não tínhamos nos adicionado em nenhuma rede social desde o término e éramos educados demais para pedir print do perfil de nossos amigos. Havíamos superado. Não havia o porque fazer isso. Mas o que significava o fato de ambos estarmos solteiros? Namoramos outras pessoas nesse meio tempo? Assumimos algum outro compromisso? Ou não chegamos a nos identificar seriamente com mais ninguém?

Dᴇ Vᴏʟᴛᴀ ᴀᴏs 15 ɪᴍᴀɢɪɴᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora