| Capítulo 21: Aquele Que Viu o Fim. |

2 1 0
                                    

Os quatro continuaram caminhando, seus passos ecoando pela cratera profunda que descia em espiral até as profundezas de Londres, Akuma, com seus olhos fixos no que estava à frente, liderava o grupo, o ar estava pesado, o silêncio entre eles denso, como se algo terrível estivesse prestes a ser revelado.

Quando chegaram a uma grande porta de metal, marcada pelo tempo, Akuma parou e olhou para os outros.

Akuma –Afastem-se.

Sem esperar resposta, ele avançou com um poderoso soco, que explodiu contra a porta, quebrando-a em pedaços, a poeira subiu rapidamente, obscurecendo a visão do que havia além, por alguns momentos, ninguém pôde ver o que estava do outro lado, até que, lentamente, a poeira começou a se dissipar.

Conforme a visão se clareava, uma figura se revelou, sentada em um trono, era um velho, vestindo um terno branco, em sua cabeça, uma coroa rosa, daquelas de brinquedo que as crianças usam, seus olhos estavam cobertos por uma faixa de tecido que parecia desgastada pelo tempo.

Akuma franziu a testa ao observar a figura, sua respiração ficou mais pesada, o peso da verdade que ele conhecia começava a apertar seu peito.

Akuma –Paradise...

Era inconfundível, o homem diante deles era Paradise, o responsável pelo 'fim de todas as coisas', aquele que, havia acabado com a ficção e reiniciado o mundo.

Sem hesitar, Akuma avançou com fúria, pronto para atacá-lo, mas Trevor se moveu rapidamente e o impediu, segurando-o pelo braço.

Trevor –Pare, Akuma.

Akuma tentou se soltar, a raiva brilhando em seus olhos.

Akuma –Por que você está me segurando? Esse é o homem que destruiu tudo!

Trevor o olhou com seriedade, seus olhos carregados com o peso do conhecimento.

Trevor –Você está com o Olhar da Verdade, Akuma, então você sabe o que está realmente acontecendo aqui.

Akuma parou, sua respiração ainda pesada, mas ele sabia que Trevor estava certo, ele sabia, no fundo, que Paradise não era o monstro que ele havia imaginado, seu olhar suavizou e, relutantemente, ele assentiu.

Akuma –Sim... Ele não fez nada de errado, Paradise... na verdade, foi o responsável por salvar a ficção.

As palavras de Akuma começaram a vacilar, e lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, a verdade o havia atingido de forma devastadora, na verdade que ele agora enxergava, ele via sua filha, Freya, se sacrificando, ele a via como parte do reinício da ficção, mas não era isso que o destruía por dentro, havia algo mais, algo que ele precisava saber.

Akuma caminhou lentamente até Paradise, que mal se movia, o velho parecia frágil, quase como se já não tivesse mais forças para existir, Akuma parou na frente dele, suas lágrimas ainda correndo livremente.

Akuma –Paradise... o que aconteceu com Freya?

O silêncio caiu sobre a sala, Paradise levantou a cabeça levemente, seu rosto enrugado parecia lutar para formar as palavras, sua voz saiu rouca, quase um sussurro, quebrada pela dor de séculos.

Paradise –Freya... não se sacrificou para recriar a ficção, ela se sacrificou... por mim.

Akuma ficou imóvel, suas lágrimas se intensificando, ele não conseguia acreditar no que ouvia.

Paradise –Ela se sacrificou para que eu me tornasse imortal... Para que eu pudesse ver o mundo que eu tentei libertar, e perceber que... o mundo não precisava dos meus atos.

A voz de Paradise falhou, e lágrimas começaram a escorrer de seus próprios olhos.

Paradise –Eu vi o fim da ficção, e vi a ficção renascer... Mas nada do que eu fiz era necessário, Freya... ela sabia disso, e mesmo assim, ela se sacrificou por mim.

O velho chorava agora, lembrando das últimas palavras de Freya, as palavras de uma jovem cheia de esperança que havia dado sua vida por um ideal que não pertencia a ela.

Akuma caiu de joelhos diante de Paradise, a dor da verdade que ele havia descoberto era esmagadora, ele finalmente soubera o que realmente havia acontecido com sua filha, e agora, diante do responsável por seu sacrifício, ele não sabia se sentia ódio ou compaixão.

Fim do Capítulo 21 de E se eu tivesse poder? VI: Alternativo

E se eu Tivesse Poder? VI: AlternativeOnde histórias criam vida. Descubra agora