Aquele fevereiro

10. Seu sorriso precisa do meu

19/4/2019
21:56
Pedro Tófani's View

Decidiram dormir na minha casa hoje, então pegamos o colchão da minha cama e pusemos em frente ao sofá, então Malu e João estão sentados  no estofado no chão, e Renan e eu acima.

vamos assistir um filme, então a pipoca já está no microondas, enquanto decidimos o filme.

— não, sai! — Malu grita tentando pegar o controle de João, e eu rio. — eu vou escolher, João, sai!

o cacheado pirraça e não solta o controle, e Marilu tenta morder sua mão, e ele se rende.

— caralho, sua selvagem! — ele ironiza e a loira dá de ombros.

— então, o que vocês querem ver? — ela diz e tampa a boca de Vitor — menos você.

— sei lá, queria comédia. — Renan opina e eu dou de ombros.

— tá, pode ser Meu Malvado Favorito? — ela sugere e nós assentimos, e ela tira a mão da boca do garoto ao seu lado, e ele resmunga irritado.

ela pesquisa o filme na Netflix, e ouço o microondas apitar, levanto e vou até a cozinha, pego um pano e pego o pacote; pego uma tigela relativamente grande e despejo tudo no recipiente.

volto para sala e ofereço a todos, e quando ofereço a João ele usa as duas mãos e as enche de pipoca.

— eita, tem comida em casa não? — digo com a testa franzida e todos riem.

o filme é posto, e em menos de meia hora Renan e João estão roncando.

acabamos vendo os dois filmes, e no meio do segundo também adormeço.

☆

20/4/2019
9:53

desperto devagar, e abro os olhos e pisco algumas vezes, me acostumando com a claridade que a janela transmitia, já que a cortina estava aberta.

fico olhando pro teto até ter forças para levantar, me levantando devagar para ver se todos já foram embora, e não foram.

olho para trás e vejo todos na minha cozinha.

— bom dia. — murmuro alto o suficiente para que eles ouçam, e eles comprimentam de volta.

vou para o meu armário e pego um saco de torradinhas, e volto pro sofá, procurando por meu telefone.

o encontro no móvel da televisão, e o ligo, voltando a me sentar no sofá, comendo as torradas.

logo em seguida João e Malu voltam, sentando ao meu lado.

— pera, quem deu permissão de vocês usarem metade da minha cozinha? — questiono com a sombrancelha arqueada — meu Deus, vocês realmente não tem comida em casa, só não pegaram o mármore por que a faca não corta! — eles riem alto e eu mantenho minha expressão séria. — nem eu peguei tanta comida assim, e eu tô na minha casa!

— tudo que é seu é meu, Peu! — a loira diz e aperta minha bochecha.

— se é assim. — digo e me levanto do sofá, praticamente jogando o pacote de torradas em cima do balcão e me deito por cima dela, que protege seu prato. — calma mor, vou derrubar não. — digo e pego dois pães de seu prato, que tinham três.

ela reclama e pigarreia.

— ué, tudo que é seu é meu, né? — digo e faço o mesmo que ela fez, e ela dá um tapa na minha mão.

ela fica boquiaberta e me olha com os olhos semicerrados, e eu continuo comendo os pães que peguei de seu prato.

ela fecha os olhos e respira fundo três vezes.

— eu te odeio. — ela diz e pega seu celular que estava no colchão a sua frente com os pés.

sento de frente para ela no colchão, apoiando me no móvel, com o telefone em mãos.

logo Renan senta no colchão também, e por algum milagre ele não pegou tudo que tinha na minha cozinha como os outros.

João olha fixamente para um canto, e come devagar, pensativo.

João Vitor Romania Balbino's View
20/4/2019
10:04

estou sentado no sofá de Pedro, comendo e pensando em coisas fúteis que eu nem sei mais o que são.

ver que ele está com menos rancôr de mim me faz ficar muito melhor comigo mesmo, mas mesmo se todos me perdoarem, eu tenho que me perdoar.

mas eu ainda me sinto sujo, não importa o que eu faça; e um vazio possue meu peito, como se o nosso relacionamento tivesse pego uma parte dele, e quando acabou, essa parte saiu de mim.

mas saber que ele está normal, mesmo que como amigos, comigo denovo, me faz me sentir melhor.

percebo que estou totalmente fora do mundo e me ajeito no sofá, e volto a comer.

meu olhar cruza com o moreno e eu logo desvio.