Capítulo 2

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POV Narrador

— Então, Kerem, o que acha? — Hadise inclinou-se levemente para frente, apoiando as mãos na mesa, enquanto o decote em "V" realçava seus seios. Kerem não pôde evitar uma olhada rápida, mas logo voltou a atenção para o rosto dela. — Sei que você atua em outra área, mas tem total competência para o cargo.

— Editor-chefe? Não sei, nunca pensei nisso. Fotografar sempre foi minha paixão, não sei como isso me qualificaria para um cargo desses. — Ele estava surpreso, ou ao menos tentou parecer.

Trabalhar na Brightness era ótimo, e a revista contava com bons profissionais, mas ali estava a editora-chefe, sua chefe, oferecendo a ele o maior cargo da empresa. Claro, ele sabia que Hadise tinha um certo interesse nele — tinham saído uma vez, e ele nunca repetia —, mas parecia que ela ainda não havia entendido esse ponto. Talvez, por isso, a oferta não fosse tão surpreendente assim.

Hadise Açıkgöz, sua chefe, estava de aviso prévio, prestes a se mudar para a Itália para um novo desafio profissional. Parte de sua missão era escolher seu sucessor antes de partir.

— Bom, a proposta está feita. Se quiser um tempo para pensar... — Ela começou a dizer.

— Não. — A resposta de Kerem foi firme, quase instantânea, surpreendendo a editora.

— Não para a proposta ou para o tempo de pensar? — Hadise sorriu de forma divertida, e Kerem não resistiu a um sorriso também.

— Não para a proposta. Tenho certeza de que a Brightness tem colunistas mais indicados para o cargo.

— Sim, temos. — Hadise concordou, agora com um sorriso mais largo. — Uma, na verdade.

Ela ajeitou os óculos no rosto com calma e caminhou até Kerem, estendendo a mão.

— Era isso, senhor Bürsin. Acho que nossa reunião pode terminar por aqui.

Kerem apertou a mão dela com firmeza, inclinando-se levemente para beijar o canto da boca de Hadise antes de deixar a sala, com seu característico sorriso malicioso. Ele sabia que todos na redação o observavam sair, como sempre faziam quando alguém saía da sala da chefe. "Foi advertido? Promovido? Demitido?" A curiosidade na redação era quase palpável.

Seus pensamentos foram interrompidos quando uma pilha de pastas e papéis colidiu contra seu peito, caindo no chão logo em seguida.

— Arg! Tinha que ser você, Bürsin! Não olha por onde anda? — a voz irritada e estridente de Hande soou tão alta que Kerem instintivamente levou as mãos aos ouvidos.

— E você é surda? Pelo amor de Deus, atrapalha a revista inteira desse jeito!

— Olha, não tô com paciência pra discutir com você hoje — resmungou Hande, já se abaixando para pegar os papéis. Kerem, por sua vez, apenas observava, o sorriso que ela tanto odiava estampado no rosto.

— Tá procurando algo em mim?

— Você é chata pra caralho, mas até que é gostosinha. — Ele avaliou com uma sobrancelha arqueada. — Só tô aproveitando a visão de você assim... nessa posição. — Apontou para Hande, que estava de quatro no chão, recolhendo os papéis.

Hande revirou os olhos enquanto se levantava, ajeitando a saia com uma das mãos e segurando as pastas com a outra.

— Você é nojento.

— Já ouvi isso antes, Erçel. Muda o disco.

— Difícil encontrar outro adjetivo pra você — ela retrucou, estreitando os olhos enquanto dava um passo à frente, reduzindo a distância entre eles.

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