Hande Erçel.
De todas as surpresas que eu poderia ter na vida, aquela definitivamente era a pior. Meu sangue fervia, os punhos fechados coçavam para socar Kerem, aquele filho da puta ordinário, ladrão de cargos, repugnante... forte, com um abdômen irresistivelmente esculpido... O quê?
— Isso está ficando bizarro até para você, Erçel. — Kerem interrompeu meus pensamentos, percebendo que eu o observava. Seus olhos verdes estavam repletos de raiva, mas, para meu desgosto, poderia facilmente ser confundida com outra coisa. Por que ele tinha que estar sem camisa?
— Olha aqui, Bürsin, é melhor você sair. Não estou com paciência para brincadeiras. — Apertei o roupão ao redor do meu corpo, tentando manter a compostura.
— Você nunca está com paciência, Erçel. — Kerem respondeu, jogando-se na cama e apoiando os braços atrás da cabeça, exibindo um sorriso prepotente.
— Arg! — Com ódio, caminhei em direção à porta, pronta para sair, mas sua voz me deteve.
— Vai sair assim? — Seu sorriso sacana iluminava seus olhos, que me encaravam como um predador.
— Algum problema?
— Nenhum.
— Ótimo!
Desci até a recepção do hotel, descalça, usando apenas o roupão, furiosa com Kerem. Agora que penso, talvez eu pudesse ter resolvido tudo com uma simples ligação, mas a raiva me cegou. O recepcionista, que nos atendeu no check-in, arregalou os olhos ao me ver naquele estado.
— P-Pois não, senhorita? — Ele gaguejou, limpando a garganta.
— Tem um louco no meu quarto e eu gostaria que alguém resolvesse isso imediatamente, antes que eu faça algo de que me arrependa. — A ameaça fez o homem ficar pálido como papel.
— L-Louco? Mas ninguém pode ter passado pela segurança...
— Cadê o responsável daqui? Quero falar com ele.
— C-Claro! — Ele rapidamente pegou o telefone, e em poucos minutos, um homem alto apareceu, sorrindo e me cumprimentando com um aperto de mão seguido de um beijinho educado.
— Em que posso ajudá-la, senhorita...? — Ele perguntou, esperando que eu completasse a frase.
— Erçel. Hande Erçel.
— Lindo nome, assim como a dona. — Ele sorriu, e eu senti minhas bochechas queimarem. Lá estava eu, praticamente nua, no lobby do hotel, que por sorte estava vazio. Descrevi a situação, e ele ouviu com atenção, antes de ordenar ao recepcionista que verificasse algo no sistema.
— E então? — Perguntei, cruzando os braços.
— A reserva está no nome de Hande Erçel e Kerem Bürsin, para apenas um quarto.
— O QUÊ?
— Um quarto de casal, foi o solicitado.
— Nem pensar, eu não vou dividir quarto com o Bürsin! — Meus nervos já estavam à flor da pele.
— Senhorita Erçel, garanto que resolveremos isso amanhã. — O gerente colocou a mão em meu ombro em um gesto tranquilizador.
Antes que eu pudesse responder, um pigarro atrás de mim me fez girar. Kerem estava ali, seus olhos oscilando entre mim e o gerente, que agora tinha sua mão "despreocupadamente" repousada na base da minha coluna.
— Você demorou. Não que eu estivesse preocupado, só queria ter certeza de que algo bem ruim tivesse acontecido. Que pena ver você de volta. — Kerem disse com seu tom sarcástico de sempre.
Cruzei os braços sobre o peito, mas percebi tarde demais que o movimento destacava meu decote. Três pares de olhos pousaram imediatamente ali, e eu cerrei os dentes.
— Bürsin, que ótimo você aparecer. Isso significa que meu quarto está livre para eu finalmente descansar.
— Meu quarto, você quis dizer. Achei que estivesse pedindo outro pra você.
— Quem vai mudar de quarto é você.
— Infelizmente, não temos mais quartos disponíveis. — O recepcionista anunciou do balcão.
— O QUÊ? — Gritamos ao mesmo tempo.
— O hotel está lotado.
— Só pode ser brincadeira! — Resmunguei. — E agora?
— Vocês terão que dividir o quarto. — Ele respondeu sem pestanejar.
— NEM PENSAR! — Dissemos juntos, nos encarando como inimigos mortais.
— Senhorita Erçel, sinto muito, mas não posso fazer nada por você agora. Sugiro que compartilhe o quarto com seu colega, e amanhã lhe providenciaremos a melhor suíte. — O gerente sorriu, tentando amenizar a situação, segurando minha mão gentilmente.
— Amanhã sem falta? — Perguntei, ainda abalada.
— Eu prometo. — Ele sorriu, seus dedos ainda em contato com a minha mão, e Kerem revirou os olhos ao perceber o flerte.
— A propósito, sou Hakan Sabancı. — Ele disse, claramente interessado.
— Nos vemos amanhã... no meu quarto. — Deixei a frase propositalmente ambígua, e Hakan sorriu, enquanto Kerem bufava atrás de mim.
Subi para o elevador, com Kerem me seguindo.
— "Amanhã sem falta?" "Eu prometo" — Kerem imitou minha voz, agudo e irritante. — Você sabe que esse cara está doido para te comer, né?
— Assim espero.
— Estamos aqui a trabalho, Erçel.
— Fala isso para suas "belezas da França" — Retruquei, saindo do elevador. Kerem demorou alguns segundos para processar minha resposta antes de me seguir pelo corredor.
— Quer saber? — Ele disse quando abri a porta. — Tomara mesmo que você fique com esse mauricinho. Quem sabe um orgasmo te faça menos irritante. — Sua provocação estava no limite, e eu quase bati nele.
— Falta é minha mão na sua cara. — Respirei fundo, tentando não explodir. — Vou me vestir. E espero que esteja dormindo quando eu sair.
Vesti minha camisola no banheiro e voltei ao quarto, apenas para encontrar Kerem jogado na cama, de cueca.
— O que você está fazendo?
— Dormindo? — Ele respondeu sem sequer abrir os olhos. — Fale baixo e apague a luz.
— E onde eu vou dormir?
— A cama é enorme, Erçel.
— Eu não vou me deitar na mesma cama que você!
— Então durma no chão. — Ele respondeu displicentemente, me ignorando completamente.
— Você não pode ser cavalheiro uma vez na vida e me ceder a cama? — Tentei suavizar a voz, usando meu tom mais manipulador.
Ele finalmente abriu os olhos e me olhou, avaliando.
— Eu não vou te atacar. Na verdade, eu quem deveria estar com medo. A maluca aqui é você.
Kerem se virou para o outro lado, encerrando a conversa. Eu suspirei, derrotada.
— Arg!! — Soltei meu famoso resmungo, ciente de que Kerem sabia que eu havia cedido, mais uma vez.
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LUST
FanfictionSinopse: "- Lembra quando eu disse que um dia você iria implorar por isso? - Ele perguntou, fechando o sutiã dela com um sorriso nos lábios. Suas mãos subiram até os ombros dela, enquanto ele deixava um beijo no pescoço arrepiado. - Pois é, esse dia...