Capítulo 5

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Hande Erçel.

De todas as surpresas que eu poderia ter na vida, aquela definitivamente era a pior. Meu sangue fervia, os punhos fechados coçavam para socar Kerem, aquele filho da puta ordinário, ladrão de cargos, repugnante... forte, com um abdômen irresistivelmente esculpido... O quê?

— Isso está ficando bizarro até para você, Erçel. — Kerem interrompeu meus pensamentos, percebendo que eu o observava. Seus olhos verdes estavam repletos de raiva, mas, para meu desgosto, poderia facilmente ser confundida com outra coisa. Por que ele tinha que estar sem camisa?

— Olha aqui, Bürsin, é melhor você sair. Não estou com paciência para brincadeiras. — Apertei o roupão ao redor do meu corpo, tentando manter a compostura.

— Você nunca está com paciência, Erçel. — Kerem respondeu, jogando-se na cama e apoiando os braços atrás da cabeça, exibindo um sorriso prepotente.

— Arg! — Com ódio, caminhei em direção à porta, pronta para sair, mas sua voz me deteve.

— Vai sair assim? — Seu sorriso sacana iluminava seus olhos, que me encaravam como um predador.

— Algum problema?

— Nenhum.

— Ótimo!

Desci até a recepção do hotel, descalça, usando apenas o roupão, furiosa com Kerem. Agora que penso, talvez eu pudesse ter resolvido tudo com uma simples ligação, mas a raiva me cegou. O recepcionista, que nos atendeu no check-in, arregalou os olhos ao me ver naquele estado.

— P-Pois não, senhorita? — Ele gaguejou, limpando a garganta.

— Tem um louco no meu quarto e eu gostaria que alguém resolvesse isso imediatamente, antes que eu faça algo de que me arrependa. — A ameaça fez o homem ficar pálido como papel.

— L-Louco? Mas ninguém pode ter passado pela segurança...

— Cadê o responsável daqui? Quero falar com ele.

— C-Claro! — Ele rapidamente pegou o telefone, e em poucos minutos, um homem alto apareceu, sorrindo e me cumprimentando com um aperto de mão seguido de um beijinho educado.

— Em que posso ajudá-la, senhorita...? — Ele perguntou, esperando que eu completasse a frase.

— Erçel. Hande Erçel.

— Lindo nome, assim como a dona. — Ele sorriu, e eu senti minhas bochechas queimarem. Lá estava eu, praticamente nua, no lobby do hotel, que por sorte estava vazio. Descrevi a situação, e ele ouviu com atenção, antes de ordenar ao recepcionista que verificasse algo no sistema.

— E então? — Perguntei, cruzando os braços.

— A reserva está no nome de Hande Erçel e Kerem Bürsin, para apenas um quarto.

— O QUÊ?

— Um quarto de casal, foi o solicitado.

— Nem pensar, eu não vou dividir quarto com o Bürsin! — Meus nervos já estavam à flor da pele.

— Senhorita Erçel, garanto que resolveremos isso amanhã. — O gerente colocou a mão em meu ombro em um gesto tranquilizador.

Antes que eu pudesse responder, um pigarro atrás de mim me fez girar. Kerem estava ali, seus olhos oscilando entre mim e o gerente, que agora tinha sua mão "despreocupadamente" repousada na base da minha coluna.

— Você demorou. Não que eu estivesse preocupado, só queria ter certeza de que algo bem ruim tivesse acontecido. Que pena ver você de volta. — Kerem disse com seu tom sarcástico de sempre.

Cruzei os braços sobre o peito, mas percebi tarde demais que o movimento destacava meu decote. Três pares de olhos pousaram imediatamente ali, e eu cerrei os dentes.

— Bürsin, que ótimo você aparecer. Isso significa que meu quarto está livre para eu finalmente descansar.

— Meu quarto, você quis dizer. Achei que estivesse pedindo outro pra você.

— Quem vai mudar de quarto é você.

— Infelizmente, não temos mais quartos disponíveis. — O recepcionista anunciou do balcão.

— O QUÊ? — Gritamos ao mesmo tempo.

— O hotel está lotado.

— Só pode ser brincadeira! — Resmunguei. — E agora?

— Vocês terão que dividir o quarto. — Ele respondeu sem pestanejar.

— NEM PENSAR! — Dissemos juntos, nos encarando como inimigos mortais.

— Senhorita Erçel, sinto muito, mas não posso fazer nada por você agora. Sugiro que compartilhe o quarto com seu colega, e amanhã lhe providenciaremos a melhor suíte. — O gerente sorriu, tentando amenizar a situação, segurando minha mão gentilmente.

— Amanhã sem falta? — Perguntei, ainda abalada.

— Eu prometo. — Ele sorriu, seus dedos ainda em contato com a minha mão, e Kerem revirou os olhos ao perceber o flerte.

— A propósito, sou Hakan Sabancı. — Ele disse, claramente interessado.

— Nos vemos amanhã... no meu quarto. — Deixei a frase propositalmente ambígua, e Hakan sorriu, enquanto Kerem bufava atrás de mim.

Subi para o elevador, com Kerem me seguindo.

— "Amanhã sem falta?" "Eu prometo" — Kerem imitou minha voz, agudo e irritante. — Você sabe que esse cara está doido para te comer, né?

— Assim espero.

— Estamos aqui a trabalho, Erçel.

— Fala isso para suas "belezas da França" — Retruquei, saindo do elevador. Kerem demorou alguns segundos para processar minha resposta antes de me seguir pelo corredor.

— Quer saber? — Ele disse quando abri a porta. — Tomara mesmo que você fique com esse mauricinho. Quem sabe um orgasmo te faça menos irritante. — Sua provocação estava no limite, e eu quase bati nele.

— Falta é minha mão na sua cara. — Respirei fundo, tentando não explodir. — Vou me vestir. E espero que esteja dormindo quando eu sair.

Vesti minha camisola no banheiro e voltei ao quarto, apenas para encontrar Kerem jogado na cama, de cueca.

— O que você está fazendo?

— Dormindo? — Ele respondeu sem sequer abrir os olhos. — Fale baixo e apague a luz.

— E onde eu vou dormir?

— A cama é enorme, Erçel.

— Eu não vou me deitar na mesma cama que você!

— Então durma no chão. — Ele respondeu displicentemente, me ignorando completamente.

— Você não pode ser cavalheiro uma vez na vida e me ceder a cama? — Tentei suavizar a voz, usando meu tom mais manipulador.

Ele finalmente abriu os olhos e me olhou, avaliando.

— Eu não vou te atacar. Na verdade, eu quem deveria estar com medo. A maluca aqui é você.

Kerem se virou para o outro lado, encerrando a conversa. Eu suspirei, derrotada.

— Arg!! — Soltei meu famoso resmungo, ciente de que Kerem sabia que eu havia cedido, mais uma vez.

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