Capítulo 7

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Hande Erçel

Era o terceiro vestido que eu provava, e ainda assim, nenhum parecia certo. Não hoje. Precisava estar impecável, deslumbrante naquela noite. A aposta com Kerem martelava na minha cabeça, suas palavras provocativas da manhã não saíam da minha mente. Ele tinha me tirado do eixo por alguns segundos com aquela proposta absurda, mas me recuperei rápido o suficiente para aceitá-la. Ir para a cama com Hakan e, de quebra, ganhar o cargo de editora-chefe.

Essa era a expectativa. Ou talvez, a esperança.

Me encarei no espelho mais uma vez, um espelho enorme que cobria quase uma parede inteira da suíte presidencial. O novo quarto havia sido providenciado assim que terminei o café da manhã. Hakan, sempre eficiente. A semana da moda ainda nem começara, tínhamos dois dias para aproveitar o luxo antes do trabalho começar.

O vestido preto que agora abraçava meu corpo era justo, marcando cada curva com precisão. Me virei de lado, satisfeita. Finalmente, estava decidida. Esse seria o escolhido. Maquiagem pronta, cabelo solto... só faltava fechar o zíper.

Suspirei impaciente enquanto tentava, sem sucesso, alcançá-lo. Quando finalmente me preparei para pedir ajuda ao concierge, a porta do quarto se abriu de repente. Dei um salto para trás, o coração disparando de susto, e me virei para encarar Kerem, que entrava sorridente como se estivesse em sua própria casa.

— E se eu estivesse sem roupa? — perguntei, os olhos ainda arregalados pela surpresa.

— Teria sido mais interessante — respondeu ele com seu tom usual de provocação, jogando-se preguiçosamente na cama como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Além de tarado, é sem educação. Nunca ouviu falar em bater na porta? — cruzei os braços, exasperada. — É só fazer assim, ó — bati com os nós dos dedos na porta imaginária, fazendo uma pequena encenação. — Tenho certeza de que consegue.

— Ah, Erçel, faço coisas muito melhores com as minhas mãos — ele respondeu, me lançando aquele sorriso que fazia meu estômago revirar de raiva e... algo mais que eu me recusava a admitir.

— Me poupe dos detalhes — resmunguei, voltando a me concentrar no maldito zíper.

— Você vai saber o quão bom eu sou com as mãos assim que perder a nossa aposta — ele provocou, sem perder uma oportunidade de mexer comigo.

— Que bom que eu não vou perder — retruquei, o encarando pelo reflexo no espelho, tentando manter a voz firme, embora minha paciência estivesse acabando.

— Veremos — ele piscou para mim, aquela maldita piscadela que sempre me tirava do sério. — Quer ajuda com isso aí? — perguntou, indicando o zíper.

— Não.

Ignorei-o, mas ele não me ignorou. Como de costume, Kerem fez o que quis. Levantou-se da cama e, com passos decididos, aproximou-se de mim. Antes que eu pudesse protestar, senti suas mãos firmes na minha cintura. Ele subiu as mãos pelo meu corpo até meus ombros, e eu prendi a respiração, consciente demais de sua presença. Seus olhos encontraram os meus através do espelho, e eu me forcei a sustentar o olhar, mesmo sentindo minha pele esquentar sob o toque dele.

Kerem fechou o zíper lentamente, cada movimento parecia deliberado. Quando terminou, ele sorriu, satisfeito. O ar que eu nem sabia que estava segurando escapou num suspiro tenso, mas antes que eu pudesse me afastar, ele me puxou para mais perto, colando meu corpo ao dele. Suas mãos rodearam minha cintura, enquanto a outra afastava meu cabelo para o lado, seus lábios se aproximando perigosamente do meu ouvido.

— Pronta para fazer tudo o que eu mandar? — sussurrou, sua voz grave e provocativa, enviando um arrepio pela minha espinha.

Fechei os olhos por um segundo, tentando manter o controle da situação. Mas era difícil com ele tão perto, com o calor do corpo dele pressionado contra o meu e seu hálito quente tocando minha pele.

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