Capítulo 4

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POV Narrador.

Hande chegou cedo ao apartamento de Gamze. Era o dia da viagem para a França, e ela precisava deixar Azul, seu cachorro, sob os cuidados da irmã. Azul havia sido adotado dois anos atrás. Apesar de achar que era um animal pequeno, sua única preocupação era ter um colo aconchegante para dormir. Hande entrou em desespero ao saber que teria de ficar longe por alguns dias. Não suportava a ideia de deixá-lo em um pet shop, então pensou na única pessoa em quem confiava completamente para cuidar dele.

— Por favor, Gamze! — Hande implorou quando percebeu que a irmã pensava em recusar o pedido. — Só confio em você para cuidar do meu neném. — Disse, em tom infantil, enquanto acariciava Azul, que parecia feliz no colo dela.

— Kerem é alérgico. — Gamze tentou se justificar. — Se ele descobrir que deixei o Azul aqui, ele vai...

— Mas que droga! — Kerem apareceu na sala, espirrando repetidamente. — Gamze, eu não paro de espirrar e... — O fotógrafo finalmente ergueu o olhar, vendo Hande e Azul. — Mas que diabos é isso?

— Kerem, vocês vão viajar e Azul não tem onde ficar... — Gamze começou tentando suavizar a situação. — Então, a Hande me pediu para cuidar dele. — Terminou com um sorriso largo e olhos pidões. Se alguém poderia convencer Kerem, esse alguém era Gamze.

— Ele não vai ficar na minha casa! — Kerem decretou, afastando-se rapidamente do cachorro, que tentava pular em seu colo.

— A casa não é só sua, babaca. — Hande resmungou, impaciente.

— Exatamente. — Gamze complementou, apoiando a irmã. — E além do mais, você nem vai estar aqui.

— Essa coisa vai encher a casa de pelos. — Kerem fez uma careta, apontando para Azul. — E você sabe que sou alérgico. — Espirrou pela centésima vez.

— Quando você voltar, ele já não estará mais aqui. E prometo chamar alguém para limpar qualquer mínimo rastro de Azul. — Gamze pegou o cachorro no colo, acariciando-o. — Não é, bebê? — Azul respondeu com lambidas animadas no rosto de Gamze, que riu, enquanto Kerem observava a cena com uma expressão enojada.

— Nenhum rastro, entendeu? — Kerem finalmente cedeu, desaparecendo pelo corredor.

— Ainda não entendo como você divide apartamento com esse idiota. — Hande finalmente se pronunciou, tentando manter a calma. Estava cantando mentalmente músicas de orquestra para evitar socar a cara de Kerem.

— Eu já te disse o que significa essa implicância, né? — Gamze riu, vendo a irmã revirar os olhos. Hande sabia muito bem que Gamze falaria sobre "tesão reprimido".

— Pronto. — Kerem retornou, girando uma chave entre os dedos. — Meu santuário está isolado desse monstrinho. — Ele se referia ao quarto, que agora estava trancado. Embora sua alegação fosse a alergia ao cachorro, ele trancou o quarto principalmente para irritar Hande.

— Queria algo que me isolasse de você também. — Hande retrucou, virando as costas.

— Já estou indo, meu bem. — Kerem provocou, sorrindo com malícia.

Hande ignorou o comentário, beijou o topo da cabeça da irmã, despedindo-se antes de partir para o aeroporto.

— Que Deus me proteja. — Murmurou enquanto saía, preparando-se para a viagem.

***

— Será que dá para afastar um pouquinho pra lá? Você tá praticamente em cima de mim! — Hande reclamou, virando o rosto para o lado com uma expressão de descontentamento.

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